Sintra foi o primeiro sítio Europeu inscrito pela UNESCO como Paisagem Cultural. O Valor Universal desta paisagem foi, então, reconhecido como paisagem romântico e percursora da interpretação desta nova forma de pensar noutros locais da Europa.
Em Sintra é possível percorrer 7.000 anos de história. Desde as comunidades do Neolítico, que se fixaram nas encostas mais abrigadas da serra, aqui se conta também a história da civilização romana, cuja memória se encontra preservada na antiga designação da serra – Mons lunae, ou Monte da Lua; a do domínio muçulmano do território, de que o castelo é o mais ilustre representante; a da reconquista cristã, presente na história daquele que viria a ser o Paço Real da Coroa Portuguesa e que teve como origem o antigo palácio mouro.
Sintra, que sobreviveu ao Terramoto de 1755, tem o seu período áureo situado entre o final do séc. XVIII e todo o séc. XIX.
Nesta altura teve início a redescoberta da magia de Sintra, cuja mais antiga forma medieval conhecida “Suntria” apontará para o indo-europeu astro luminoso ou sol. Já foi chamada de Monte Sagrado e de Serra da Lua.
Conta-se também aqui a história de como esta serra sempre despertou no Homem o desejo de contemplação, que tem a sua materialização mais pura no Convento de Santa Cruz da Serra onde, durante quase 300 anos, frades Franciscanos adoraram a natureza como expressão máxima da obra do Criador. E foi a atmosfera especial deste lugar que trouxe a esta serra, no séc. XIX, D. Fernando II da dinastia de Saxe-Coburgo-Gotha (1836-1885). Muito ligado a Sintra e à sua paisagem, este rei-artista implantaria aqui o Romantismo de uma forma esplêndida e única. O rei adquiriu o Convento da Pena situado sobre uma montanha escarpada e transformou-o num palácio fabuloso e mágico, dando-lhe a dimensão máxima que apenas um romântico de uma grande visão artística e de uma grande sensibilidade estética podia sonhar. Além disso, D. Fernando II rodeou o palácio de um vasto parque romântico plantado com árvores raras e exóticas, decorado com fontes, de cursos de água e de cadeias de lagos, de chalets, capelas, falsas ruínas, e percorrido de caminhos mágicos. O rei tomou também o cuidado de restaurar as florestas da Serra onde milhares de árvores foram plantadas, principalmente carvalhos e pinheiros mansos indígenas, ciprestes mexicanos, acácias da Austrália, e tantas outras espécies que contribuem perfeitamente para o carácter romântico da Serra.
É no terceiro quartel do séc. XVIII que o espírito romântico dos viajantes estrangeiros e da aristocracia portuguesa exultam a magia de Sintra e dos seus lugares, ao que se junta o exotismo da sua paisagem e do seu clima.