By : Janeiro 14th, 2021 Historias e lendas 0 Comments

 

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno. 

Brites de Almeida teria nascido em Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna.

A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos.Teria seis  dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente.

Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito. Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.

Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos.

Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saído para ajudar nas escaramuças que ocorriam. Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os.

Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituído uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.

By : Outubro 29th, 2020 Historias e lendas 0 Comments

Em 1514, Afonso de Albuquerque, fundador do Império Português no Oriente e governador das Índias Portuguesas, quis construir uma fortaleza em Diu, cidade situada no reino de Cambaia, governado pelo rei Modofar. Afonso de Albuquerque foi autorizado pelo rei D. Manuel I, a enviar uma embaixada ao rei de Cambaia, solicitando autorização para construir a fortaleza. O rei Modofar não cedeu ao pedido mas, apreciando as oferendas recebidas, deu a Afonso de Albuquerque um rinoceronte. Como era impossível mantê-lo em Goa, Afonso de Albuquerque decidiu enviar o rinoceronte ao rei D. Manuel I, como presente.

A chegada do animal a Lisboa causou muita curiosidade, não só em Portugal como no resto da Europa sobretudo pelo seu aspeto – o rinoceronte pesava mais de duas toneladas e tinha uma pele espessa e rugosa formando três grandes pregas que lhe davam a estranha aparência de uma armadura. Era o primeiro rinoceronte vivo em solo europeu desde o séc. III.

O rinoceronte, que foi chamado Ganda, ficou instalado no parque do Palácio da Ribeira. Lembrando ao rei as histórias romanas sobre o ódio mortal entre elefantes e rinocerontes, D. Manuel I, que tinha como animal de estimação um pequeno elefante, decidiu verificar se tal historia era verdade. Assim, foi organizado um combate entre os dois animais, a que assistiram o rei, a rainha e as suas damas de companhia, bem como muitos outros convidados importantes. O evento foi organizado no terreiro do paço, hoje-em-dia praça do commercio e foram montados palcos para assistir a este espectáculo. 

Quando os dois animais se encontraram frente a frente, o elefante, que parecia ser o mais nervoso, entrou em pânico e fugiu mal o rinoceronte se começou a aproximar, destruindo os palcos e difundindo o panico entre as pessoas. 

Em 1515, o rei D. Manuel I decidiu organizar uma nova embaixada extraordinária a Roma, para garantir o apoio do Papa, na sequência dos crescentes sucessos dos navegadores portugueses no Oriente, e com vista a consolidar o prestígio internacional do reino. Entre as ofertas decidiu enviar o rinoceronte, que usava uma coleira em veludo verde com rosas e cravos dourados. A nau partiu de Lisboa em Dezembro de 1515.

Ao largo de Génova surgiu uma violenta tempestade, tendo o navio afundado, perecendo toda a tripulação. O rinoceronte, embora soubesse nadar, acabou por se afogar, por causa das amarras. No entanto, foi possível recuperar o seu corpo. Ao saber da notícia, D. Manuel I ordenou que o rinoceronte fosse empalhado e enviado ao Papa, como se nada tivesse acontecido. Mas este animal não fez tanto sucesso junto do Papa como anteriormente tinha feito o elefante!

Em Portugal o rinoceronte foi imortalizado, encontrando-se representado no Mosteiro de Alcobaça, onde existe uma representação naturalista do animal de corpo inteiro, com função de gárgula, no Claustro do Silêncio. Foi também desenhado pelo grande mestre impressor Albrecht Dürer, baseando-se numa carta  de um mercador português que continha um desenho do rinoceronte.

E um pequeno rinoceronte está também imortalizado na torre de Belém. Onde? Vens comigo visitá-la e iremos descobrir-lo.