No séc. XVI, vivia em Cinco Vilas um homem de nome Bartolomeu, mais conhecido por Fidalgo das Cinco Vilas. Um dia conheceu D. Guiomar, senhora de uma importante família de Pinhel e resolveram casar, tendo escolhido o dia 8 de Dezembro, data natalícia dos dois noivos. Um ano depois, nasceu-lhe um filho que baptizaram com o nome de Luís.
Quando o pequenino fazia 7 anos, o pai resolveu partir para a Índia, em busca de fama e riqueza, incorporando-se na armada de D. Afonso de Albuquerque. Na grandiosa campanha, que o Vice-Rei desenvolveu em terras do Oriente, o Fidalgo de Cinco Vilas distinguiu-se em heroicidade, ao ponto de se tornar num dos principais fidalgos da comitiva de D. Afonso de Albuquerque.
Entretanto, D. Guiomar esmerava-se na educação do filho, arranjando-lhe os melhores mestres que o instruíram na arte de esgrimir, cavalgar e nas letras. Quando o pequeno Luís dominava sem dificuldade os ensinamentos ministrados, a mãe armou-o em cavaleiro, mas sentia-se triste por o marido não estar presente nesta altura tão importante na vida do filho.
A notícia de que Luís tinha sido armado cavaleiro, reavivou em D. Bartolomeu as saudades da família que o começavam a atormentar. Feitos os preparativos necessários, resolveu regressar a Portugal. Porém, na viagem, foi atacado pela febre, vindo a falecer sem ter a felicidade de ver os entes queridos pela última vez. A viúva, inconsolável, vestiu-se de luto pesado para toda a vida, dedicando-se por inteiro ao filho.
Entretanto, em Espanha fora decretada a expulsão dos Judeus. Muitos procuraram em Portugal o refúgio de que careciam, sendo Castelo Rodrigo uma das cinco regiões destinadas pelo nosso rei para se instalarem. Entre os muitos refugiados que a esta região acorreram, vinha um de nome Zacuto, muito rico, que comprou o alto da serra, a Poente de Castelo Rodrigo, e toda a encosta até ao rio Côa.
No cimo da serra, o judeu mandou construir uma casa onde passou a morar e, um pouco mais abaixo, uma vacaria, dedicando-se à produção de bezerros. Numa zona um pouco mais afastada, dedicou parte do terreno para o cultivo de forragens, cereais e outros géneros agrícolas, mandando reparar as oliveiras, plantar vinhas e instalar um grande rebanho de ovelhas e cabras. Zacuto era viúvo e vivia acompanhado pela única filha, Ofa, que fez herdeira de todos os bens adquiridos na terra que os acolhera. Por essa razão, começaram a chamar àquelas terras, a Serra da Moura Ofa.
A boa administração que Zacuto dedicava às terras e rebanhos, depressa lhe aumentou a fortuna. Luís, que vivia a escassos quilómetros do local, soube do acontecimento, e sentiu desejo de conhecer a bela judia, herdeira de tão avultada fortuna.
Quando se encontraram, os dois jovens sentiram-se de imediato atraídos um pelo outro, nascendo entre eles um desejo ardente de unirem as suas vidas. Quando o novo Fidalgo de Cinco Vilas contou à mãe a paixão que lhe incendiava o coração, a senhora sentiu-se muito triste, pois era grande a barreira que se levantava à realização do sonho do filho amado, uma vez que os dois jovens tinham religião diferente.
Pouco tempo depois, o rei de Portugal, D. Manuel I, ordenou a expulsão do Reino de todos os judeus que se não convertessem ao cristianismo. Para grande alegria de Luís, o velho judeu e a filha acataram a decisão real. O fidalgo correu para junto da mãe a contar-lhe a grande novidade. A senhora, autorizou-o a ir junto de Zacuto e pedir-lhe a mão de Ofa em casamento.
Sempre que a mãe ou os amigos lhe perguntavam onde ia, o Fidalgo de Cinco Vilas, enchia o peito de alegria e respondia: “vou a amar Ofa“, ou ”Vou ver o meu amor Ofa“.
Algum tempo depois, a 8 de Dezembro, o enlace matrimonial teve lugar no Mosteiro de Santa Maria de Aguiar. Deste casamento nasceram muitos filhos que se tornaram herdeiros de muitas terras daquém e além Côa.
Diz a tradição que a serra passou a ser conhecida por serra da Marofa na inocente imitação da resposta do Luís, quando dizia que “ia amar Ofa“.
A Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo conserva, até aos nossos dias, várias referências que nos transportam à época medieval. Descobrem-se ainda vestígios que atestam a presença de uma importante comunidade de cristãos-novos (judeus obrigados a conversão)
Do topo de uma colina, a pequena aldeia de Castelo Rodrigo domina o planalto que se estende para Espanha, a leste, até ao vale profundo do Douro, a norte. Segundo a tradição, fundou-a Afonso IX de Leão, para doá-la ao conde Rodrigo Gonzalez de Girón, que a repovoou e lhe deu o nome. Com o Tratado de Alcanices, assinado em 1297 pelo rei D. Dinis, e que definiu as fronteiras entre Espanha e Portugal, passou para a coroa portuguesa.
Castelo Rodrigo conserva as marcas de alguns episódios de disputa territorial. O primeiro deu-se menos de cem anos após a sua integração em Portugal, durante a crise dinástica de 1383-1385. D. Beatriz, única filha de D. Fernando de Portugal estava casada com o rei de Castela. Por morte de seu pai, e com a sua subida ao trono, Portugal perderia a sua independência a favor de Castela. Castelo Rodrigo tomou partido por D. Beatriz, mas D. João, Mestre de Avis veio a vencer os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, em 1385 e por esse feito foi coroado rei de Portugal com o nome de D. João I. Como represália pelos senhores de Castelo Rodrigo terem tomado o partido por Castela, o novo rei ordenou que o escudo e as armas de Portugal fossem representados em posição invertida no seu brasão de armas.
Mais tarde, no s. XVI, quando Filipe II de Espanha anexou a Coroa Portuguesa, o Governador Cristóvão de Mora tornou-se defensor da causa de Castela, vindo a sofrer a vingança da população que lhe incendiou o enorme palácio em 10 de Dezembro de 1640 logo que lá chegou notícia da Restauração (ocorrida a 1 de Dezembro) , ficando desta história antiga as ruínas no alto do monte, junto ao castelo.
Lugar de passagem dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela, contam as lendas que o próprio S. Francisco de Assis aqui teria pernoitado na sua peregrinação ao túmulo do Santo.
Estando na rota de peregrinos a Compostela, aqui se ergueu a Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, fundada por uma confraria de frades hospitaleiros vindos de França no século 13. Dispõe de cachorrada românica e no seu interior destacam-se um púlpito renascentista em granito, imaginária dos séculos 14 e 17, o tecto em caixotões com pintura barroca e um retábulo rococó.
Nesta igreja está guardada uma imagem de Santiago Matamouro e uma de São Sebastião do século XIV que, segundo a tradição, as mulheres mais velhas e ainda solteiras rezam para ter sorte no amor.
Manuel I Rei de Portugal, conhecido como O Venturoso, o Bem-Aventurado ou O Afortunado. Nasceu em Alcochete, uma vila perto de Lisboa em 1469 e morreu em Lisboa no ano de 1521. Nono filho dos Infantes D. Fernando, 2º Duque de Viseu e de D. Beatriz, casou com D. Isabel, filha dos Reis Católicos.
Com a morte da Rainha por parto, casou em segundas núpcias com a Infanta D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel, com que teve dez filhos, além do primeiro filho com sua anterior esposa. De novo viúvo, casou com a Infanta D. Leonor, tendo mais dois filhos.
Com a morte de D. Afonso, sucessor legítimo ao trono do seu padre o Rei D. João II, D. Manuel I foi aclamado como seu legatário ao trono em 1495.
A política do Rei D. Manuel I foi uma linha de continuação dos anteriores governos. Prosseguiu com as campanhas de exploração ultramarina portuguesa, expedições determinantes para a expansão do império e que levou as descobertas do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, do caminho para a Índia por parte de Vasco da Gama em 1498 e das Molucas pelo almirante D. Afonso de Albuquerque em 1511.
Igualmente, recebeu do seu antecessor um governo poderoso e centralizado com uma forte tendência para o absolutismo. D. Manuel dedicou-se ás reformas de tipo tributário, legislativo e administrativo. Estas reformas foram fundamentais para configurar o Reino de Portugal como um estado moderno.
Mas da historia deste rei que tanto significou para a historia de Portugal, faz parte também uma parte digna das melhores telenovelas.
A princesa D. Leonor estava destinada para esposa do príncipe D. João, herdeiro da coroa de Portugal, e eram ambos ainda muito crianças. O rei D. Manuel, porém, que enviuvara pela segunda vez, vendo o retrato da jovem princesa, que apenas contava dezanove anos, e diz a tradição ser de rara formosura, tanto se agradou dos seus encantos que resolveu escolhê-la para sua esposa, preterindo as pretensões do príncipe seu filho, realizando-se assim as suas terceiras núpcias.
Carlos V fora aclamado como imperador da Alemanha, e viera de Flandres para Saragoça, onde se reunira a corte, e D. Manuel, com o pretexto de o felicitar por ter cingido a coroa imperial, mandou a Saragoça como embaixador o seu camareiro, e armador-mor Álvaro da Costa, mas o fim principal desta embaixada era tratar do casamento, muito em segredo, atendendo às circunstancias que se davam.
Álvaro da Costa desempenhou-se da sua missão com muita diligência e diplomacia, a proposta foi bem aceita pela corte de Castela, e as negociações depressa se concluíram.
Os desposórios efectuaram-se na mesma cidade de Saragoça em 16 de Julho de 1518, sendo nomeados procuradores, para tratar com o embaixador Álvaro da Costa, o cardeal Florent, bispo de Tortosa, que depois foi o papa Adriano VI, Guilherme de Croy, duque de Sora; e João le Sauvage, senhor de Strambeque.
Este casamento de D. Manuel causou um certo espanto em Portugal, porque o monarca mostrara-se inconsolável pela morte de sua segunda mulher, dizendo que abdicava a coroa em seu filho, e se recolhia ao convento de Penha Longa.
O príncipe sentiu grande desgosto, porque se apaixonara também pelo retrato da sua prometida, que se tornara agora em madrasta.
Concluídos os contratos matrimoniais, a nova rainha D. Leonor partiu de Saragoça, e entrou em Portugal por Castelo de Vide com o acompanhamento de fidalgos.
O monarca esperava-a no Crato, e em 24 de Novembro ali se celebraram pomposas festas . Como em Lisboa havia peste, partiram os régios esposos com toda a corte para Almeirim, onde se demoraram até ao Verão seguinte, passando em seguida a Évora, voltando para Lisboa só quando a epidemia estava completamente extinta
D. Manuel I faleceu em dezembro de 1521, deixando mais dois filhos com o seu terceiro casamento. Segundo se diz, após enviuvar, D. Leonor recuperou o destino. A mulher de 23 anos viveu uma relação secreta com o seu enteado, D. João III. O amor secreto pelo seu ex-noivo foi uma forma de recuperar as linhas do destino que lhe tinham sido desfeitas por D. Manuel I.
D. Afonso VI é um dos representantes portugueses dos escândalos que envolvem a monarquia.
D. Afonso VI ficou consagrado como “O Vitorioso” na História da Monarquia portuguesa, porque foi no seu reinado que aconteceram as batalhas decisivas durante a guerra de restauração que acabou em 1668 com a independência de Portugal do reino espanhol.
Mas se por um lado ele manejava bem a espada no campo de batalha, com as mulheres não tinha o mesmo talento.
Mas vamos com ordem.
D Afonso era filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. Atacado na infância por doença não identificada, fica mental e fisicamente diminuído. Com a morte de seu irmão D. Teodósio e de seu pai, sobe ao trono com treze anos, pelo que a regência ficou entregue a sua mãe. O rei foi crescendo, rebelde a toda a acção educadora, levando uma vida desregrada e manifestando-se perfeitamente incapaz para assumir as responsabilidades do governo.
Um dos seus companheiros, na vida de arruaceiro que levava, António Conti, insinuou-se-lhe de tal maneira que em breve passou a viver no Paço, a convite de D. Afonso VI e a ter influência nos negócios do governo do reino. O escândalo aumentou a um ponto que D. Luísa de Gusmão fez jurar herdeiro do trono o infante D. Pedro, irmão mais novo de D Afonso, e António Conti foi preso.
Entretanto, o conde de Castelo Melhor, conselheiro do rei e primeiro-ministro, executou um golpe de Estado, compelindo D. Luísa, a entregar o governo a D. Afonso VI e forçando-a a retirar-se para um convento.
Nas boas graças do rei,, lança-se na sua curta a brilhante carreira política, terminando vitoriosamente com a guerra da Restauração e conseguindo casar D. Afonso com Maria Francisca Isabel de Saboia que muito rapidamente entrou em conflito con o conde, e ajudou o cunhado D Pedro a afastar do governo o seu proprio marido.
Para consegui-lo, pediu de anular o casamento, acusando o rei de impotencia. Durante o processo, bem 14 mulheres participaram como testemunhas.
D. Afonso VI viveu então a humilhação de ter essas catorze mulheres a testemunharem a sua incapacidade na cama!
No espaço temporal balizado entre 9 de janeiro e 23 de fevereiro do ano de 1668, ocorreram audiências públicas que visaram avaliar uma possível incapacidade sexual do Rei D. Afonso VI. O momento histórico ocorreu no paço do arcebispo de Lisboa. Foram chamadas para depor 55 testemunhas, distribuídas por segundas, quartas e sábados, sempre à tarde.
A rainha refugiou-se no Convento da Esperança, tendo designado como procurador no processo, o duque de Cadaval.
Não faltaram detalhes primorosos que estão presentes num manuscrito na Torre do Tombo que foi publicado por António Baião, no ano de 1925. Intitulado Causa de nulidade de matrimónio entre a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya e o Rei D. Afonso VI, este documento revelou os depoimentos das suas 14 parceiras.
Nenhuma das mulheres defendeu D. Afonso VI.
Aliás, ninguém compareceu nas audiências para defender D. Afonso que, posteriormente, foi deposto por decisão do Conselho de Estado.
Com uma nova conspiração no paço, resultou a abdicação de D. Afonso VI. D. Pedro toma as rédeas do poder, casou com a cunhada, depois da anulação do casamento desta com D. Afonso e este último foi desterrado para Angra do Heroísmo em 1669, donde regressou em 1674, sendo então encerrado no Palácio de Sintra, onde ainda podem visitar o seu quarto-prisão, até à sua morte.
D.Pedro II foi coroado Rei, e cumpriu bem com o seu papel com D. Maria Francisca. 9 meses depois nasceu uma princesa, Isabel Luísa.
Filho de Dona Maria II e D Fernando II, D. Pedro V teve uma educação moral e intelectual esmerada, estudando entre outras disciplinas, ciências naturais, filosofia, escrita e línguas. Desde cedo demonstrou ter notável inteligência, aos dois anos falava alemão e francês e aos doze anos dominava o grego e o latim sabendo também falar inglês.
Viajou para diversos países e tentou trazer para Portugal a modernidade e evolução que encontrava nestas viagens, era liberal e inovador mas também caridoso e preocupado com o seu povo. Inaugurou o primeiro telégrafo em Portugal e também o caminho de ferro entre Lisboa e Carregado e foi chamado “O rei Santo” porque se recusou a sair de Lisboa durante as epidemias de cólera e febre amarela de 1853 a 1857 onde prestou auxilio direto às vitimas e criou o asilo D. Pedro V para acolher os seus órfãos , dando-lhes instrução primária e ensinando-lhes um oficio.
D. Pedro V não tinha grandes interesses matrimoniais, recusando a sua primeira prometida esposa mas aceitando por fim a segunda, Estefânia de hohenzollern-Sigmaringen.
Em Abril de 1858, o rei D. Pedro V e a rainha D. Estefânia casaram-se por Procuração, mas só se conheceram um mês depois.
O casamento foi a 18 de maio de 1858, na Igreja de São Domingos, em Lisboa. Toda a cidade estava pronta para receber o evento.
Para agradar a sua futura esposa D. Pedro V manda fazer uma das jóias mais caras da Coroa Portuguesa em seu nome e propositadamente para o seu casamento. Um diadema com mais de 4.000 diamantes e é aqui, que segundo o povo, o infortúnio desta historia de amor começa.
Na época os diamantes não deveriam ser utilizados por mulheres virgens no casamento e como se isso não fosse já um presságio, a jóia era de tal maneira pesada que fez uma ferida aberta na testa da Rainha. Ao sair do seu casamento com sangue a escorrer o povo ditou a sua sentença: “Ai coitadinha…vai morrer!
No entanto, para D Pedro V, depois de conhecer D. Estefânia, tudo mudou: o casal parecia apaixonado, passeavam de mãos dadas pelos jardins de Sintra e Benfica.
Mas faltava a rainha engravidar. Um ano depois do casamento, a rainha sentiu-se mal e foi internada. Com apenas 22 anos de idade a rainha faleceu de difteria que terá sido contraída numa inauguração de caminhos de ferro no Alentejo.
O marido ficou à cabeceira da sua cama, sem dormir, durante dois dias inteiros. Os médicos da casa real fizeram uma autópsia, mas o seu resultado só foi tornado público 50 anos mais tarde num artigo do famoso médico Ricardo Jorge: a rainha morreu virgem!
No dia do enterro D. Estefânia levava consigo a tão preciosa jóia que à chegada ao local foi trocada por uma coroa de flores de laranjeira… a jóia, no valor de 86.953,645 reis nunca mais foi vista.
D. Pedro não conformado com a perda do seu grande amor acabou por morrer a 11 de novembro de 1861, aos 24 anos. Morreu de febre-tifóide que contraiu por beber água contaminada durante uma caçada.
A Igreja de São Domingos, uma igreja barroca situada no centro histórico de Lisboa, junto à Praça do Rossio, data do século XIII e, além de ter sido uma igreja importante pois aqui celebravam-se os casamentos reais, é também protagonista de uma historia que ainda hoje nos faz arrepiar.
A primeira pedra da Igreja de São Domingos foi lançada no ano de 1241 sendo que, desde então, esta tem sofrido sucessivas campanhas de restauro e ampliação.
O estilo arquitetónico da Igreja de São Domingos é uma mescla dos diferentes períodos e influências que a moldaram, entre as quais em 1748, com a reforma implementada por Frederico Ludovice à capela-mor, assim como a posterior obra de reconstrução de Manuel Caetano Sousa e as obras de reconstrução que se deram após o grande incêndio de 1959. Dos vários elementos que a constituem sobressaem os Maneiristas e Barrocos.
Esta igreja barroca encontra-se classificada como Monumento Nacional. Contém traços maneiristas, de nave única em cruz latina, transepto saliente, capela-mor rectangular, cripta circular, claustro e sacristia. O exterior caracteriza-se pela simplicidade de linhas e o interior é rico e eclético, destacando-se as suas colunas de grandes dimensões, os mármores e azulejos.
Mas é uma historia que aqui aconteceu a mais de 500 anos que marcou a história desta igreja para sempre.
Foi na Igreja de São Domingos que começou um dos episódios mais negros da história de Lisboa: o massacre dos judeus da cidade, em 1506.
O dia 19 de Abril de 1506 os fiéis enchiam a igreja, pedindo o fim da seca e da peste, quando uma luz entrou na igreja e alguém disse ter visto o rosto de Cristo iluminado. Logo todos começaram a gritar que era um milagre. Houve, no meio disto, uma voz discordante: um cristão-novo, ou seja, um judeu que fora obrigado a converter-se, tentou argumentar que se tratava apenas de um fenómeno físico, provocado pelo reflexo da luz. Enfurecida, a multidão voltou-se contra ele e espancou-o até à morte.
Foi o início de três dias de matança pela cidade de Lisboa. Reza a história que os frades dominicanos clamavam contra os judeus e incitavam o povo a matar os “hereges”. Muita gente tinha já saído da cidade por causa da peste, mas os que ficaram, aos quais se juntaram muitos marinheiros de passagem – “de naus vindas da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens”, escreveu Damião de Góis -, não pouparam os judeus que se lhes atravessaram pelo caminho. Homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados e queimados em fogueiras, muitas delas ali mesmo junto à Igreja de São Domingos. Terão morrido entre 2 mil e 4 mil judeus.
Conta Damião de Góis: “E, por já nas ruas não acharem cristãos-novos, foram assaltar as casas onde viviam e arrastavam-nos para as ruas, com os filhos, mulheres e filhas, e lançavam-nos de mistura, vivos e mortos, nas fogueiras, sem piedade.”
25 anos depois, em 1531, um terrível terremoto danificou a igreja que foi restaurada. Em 1755 o grande terremoto de Lisboa danificou a igreja mais uma vez e duramente. E não foi a ultima tragédia. Um incendio ocorreu a 13 de Agosto de 1959.
Quando a igreja foi reconstruída (reabriu em 1994), decidiu-se deixar as marcas do que tinha acontecido. Hoje as paredes queimadas nos fazem lembrar é a história do massacre de 1506 – como se ainda ecoassem as palavras de ódio dos frades dominicanos e o som da multidão enfurecida, e os gritos dos judeus.
Durante o reinado de D. João V, depois da assinatura de um tratado de paz entre vários países europeus (1713), seguiu-se uma política de aproximação entre Portugal e Espanha.
Foi então negociado um duplo casamento entre os príncipes herdeiros dos dois reinos: a princesa portuguesa Maria Bárbara (filha de D. João V) casaria com o herdeiro ao trono espanhol, príncipe Fernando; o futuro rei D. José I casaria com a princesa D. Mariana Vitória (filha de D. Filipe V, 1.º rei da dinastia de Bourbon, em Espanha).
Era também uma forma de procurar garantir a paz entre os dois reinos.
Os documentos para este contrato foram assinados em Lisboa e Madrid, em 1727, tendo-se iniciado os preparativos para a cerimónia dos casamentos, que ficou conhecida como a “troca das princesas”.
No dia 10 de janeiro de 1723 se assinaram no paço da Ribeira, de Lisboa, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias D. Fernando, filho de Felipe V, de Espanha, o primeiro da dinastia dos Bourbon, e de sua primeira mulher, D. Maria Luísa Gabriela de Sabóia. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram e se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, em Lisboa, por procuração na igreja Patriarcal.
A troca das princesas devia ocorrer num terreno neutro. Por esse motivo, foi construída uma ponte com um palácio em madeira sobre o rio Caia, rio que assinala a fronteira entre Portugal e Espanha na região de Elvas/Badajoz. O palácio, muito bem decorado, acolheria as famílias reais e os principais convidados.
O cortejo real saiu de Lisboa a 8 de Janeiro, seguido dos séquitos da rainha D. Maria Ana Josefa e do patriarca, D. Tomás de Almeida.
D. João V chegou a Évora no dia 10, acompanhado por D. José, e logo tratou de ordenar uma “recepção solene e festiva” para a sua esposa, que viajava na companhia da filha, Maria Bárbara de Bragança, e do infante D. Pedro. A recebê-los estavam as autoridades da cidade, incluindo a nobreza e clero, dois batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria, além do povo que acorreu às portas da Lagoa, “da parte de fora dos muros”.
A cerimónia da troca das princesas, casadas com os herdeiros de duas coroas, efectuou-se com a maior pompa, fazendo-se a viagem com toda a magnificência.
O enxoval da princesa D. Maria Bárbara foi grandioso e deslumbrante. D. João V, para dar mais assombroso realce à cerimónia, mandou construir o palácio de Vendas Novas, que ainda hoje existe, com o único fim de dar pousada durante duas noites, uma à ida e outra à volta, à comitiva portuguesa e espanhola. Em 1746 faleceu Filipe V, e o príncipe das Astúrias subiu ao trono com o nome de Fernando VI, cingindo assim a princesa D. Maria Bárbara a coroa de rainha de Espanha.
A comitiva da princesa D. Maria Bárbara era composta por vários coches encomendados de propósito para a cerimónia. Seguiam ainda 185 carroças e 6 mil soldados.
Muita gente acorreu às margens do rio para assistir, na medida do possível, aos acontecimentos públicos das cerimónias.
Os casamentos tiveram lugar a 19 de janeiro de 1729.
Há 291 anos.
É o Rei conhecido pela epoca de esplendor, do barroco, pela construção do maravilhoso palácio e convento de Mafra, mas também pelas suas relações extraconjugais. E o que há de estranho num rei que tem amantes? Na aparência nada, aparte o facto que D João V tinha uma preferencia pela freiras…
E de todas as amantes, a mais famosa terá sido a madre Paula Silva, uma jovem morena, freira do Convento de Odivelas, para quem D. João V mandou construir aposentos sumptuosos, com tectos em talha dourada, onde era servida por nove criadas. Segundo o livro “Amantes dos Reis de Portugal”, as camas eram de dossel, forradas com lâmina de prata e rodeadas de veludos vermelhos e dourados, e os jarros onde urinava eram de prata.
Ao longo dos 10 anos que durou esta relação, o Rei deu-lhe um rendimento anual de 1708$000 réis, mas apenas podia ir para Odivelas ter relações com a freira quando o médico do paço o autorizava.
Em 1720, quando a madre Paula tinha 19 anos, deu à luz José, que era já o quarto filho bastardo do Monarca.
O primeiro tinha nascido já após o casamento com D. Maria Ana de Áustria e era filho da sua primeira namorada, D. Filipa de Noronha, irmã do marquês de Cascais, seduzida quando D. João tinha apenas 15 anos e ela 22. Era dama da rainha Maria Sofia de Neuburgo, mãe do fogoso príncipe. Para a conquistar, D. João(zinho) serviu-se de meios loucamente insensatos, incluindo uma promessa de casamento. Galanteios e oferta de jóias fortaleceram o amor da dama, que acalentou a desculpável ilusão de vir a ser rainha de Portugal. Compreende-se a sua frustração ao saber das negociações com vista à união com a princesa Maria Ana de Áustria.
Seguiram-se os três bastardos que ficaram conhecidos como os Meninos de Palhavã (por terem vivido num palácio nessa zona de Lisboa). Antes da madre Paula, nas suas primeiras visitas ao Convento de Odivelas, o Rei foi íntimo de uma freira francesa, que deu à luz D. António, e de outra religiosa portuguesa, mãe de D. Gaspar, que chegou a ser arcebispo de Braga. O Rei reconheceu estes seus três filhos ilegítimos numa declaração assinada em 1742.
Quando se cansou das visitas a Paula, D. João V passou a frequentar um palacete do século XVII que ainda existe em Lisboa, na esquina das ruas do Poço dos Negros e de São Bento. Morava ali D. Jorge de Menezes, senhor de propriedades no Algarve, mas o rei escolhia para lá ir os dias (ou as noites) em que sabia que ele não estava. Com quem ia avistar-se – furtivamente – era com D. Luísa Clara de Portugal, a mulher de D. Jorge.
Mas, enquanto visitava Luísa Clara, D. João V galanteava também uma criada dela. E chegou até a nomear diplomata junto da Santa Sé, em Roma, um irmão da rapariga, sapateiro de ofício, o que foi uma grande loucura.
E o previsível aconteceu: Luísa Clara engravidou durante uma das ausências do marido. Abatido, D. Jorge retirou-se para uma quinta de Sintra, onde viria a morrer. Quanto à rainha, ficou a ferver e tentou impedir – em vão – a entrada da rival nas festas do Paço. O fruto destes amores foi uma menina, mandada para o Convento de Santos.
Livre dos filhos e do marido, Luísa Clara ficou com tempo para tudo, inclusive para ser amante de um meio-irmão do rei, filho bastardo de Pedro II. Furioso, D. João V pensou em mandar castrar o atrevido parente, e só o confessor conseguiu aplacar-lhe a ira, evocando-lhe as penas do inferno.
D. João V envolveu-se ainda com uma cigana, Margarida do Monte, mas enviou-a para um convento, de forma a que deixasse de receber outros amantes.
A última amante de D. João V, quando este dobrara o cabo dos 50, seria a cantora de ópera italiana Petronilla Basilli. Para se manter à altura do desempenho lírico requerido, o rei começou a tomar afrodisíacos. E quando, dois anos depois, virou costas à Basilli, começou a murmurar-se que estava acabado. A verdade é que, na década final da vida, o Magnânimo se dedicou sobretudo aos gestos de beneficente que lhe justificaram o epíteto.
Após o golpe militar de 1926, foi estabelecida uma ditadura no país. Em 1932, Antônio de Oliveira Salazar tornou-se o ministro das finanças e ditador e instaurou um regime inspirado no fascismo italiano.
Vivia-se num País onde tudo era censurado e proibido: as professoras primárias e enfermeiras não podiam casar; o biquíni era perseguido nas praias; as senhoras na missa não podiam levar os braços descobertos; para usar um isqueiro era preciso uma licença; os jornais, livros, filmes, peças de teatro, canções e músicas tinham de passar pela censura, eram cortados e proibidos.
Não havia liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, de manifestação, à greve, sindical, de partidos políticos e era muito reduzido e controlado o direito de associação. Não existia o direito à Saúde, à protecção social, ao Ensino ou à Habitação e, por isso, um elevado número de portugueses vivia sem água canalizada, eletricidade ou esgotos.
A polícia política (PIDE) vigiava, controlava e registava a vida dos cidadãos. Interceptava correio, telefones, vigiava contactos, viagens, participação em actividades de lazer, culturais, desportivas e especialmente sociais e políticas. Desde a chegada dos fascistas ao poder, em 28 de Maio de 1926, os que se opuserem e lutaram pela liberdade e a democracia, sofreram a maior repressão.
O aparelho de Estado foi adaptado como instrumento repressivo do regime fascista.
A emigração clandestina foi o escape, nos anos sessenta, para mais de um milhão de portugueses procurarem o emprego e condições de vida que não tinham em Portugal. No ano de 1968 o ditador sofreu um derrame cerebral, que resultou em sua substituição por seu ex-ministro Marcelo Caetano, que deu continuidade à sua política. No entanto, a decadência econômica que o país sofreu, em conjunto com o desgaste de 13 anos de guerra colonial, provocou descontentamento na população e nas forças armadas, o que resultou na aparição de um movimento contra a ditadura.
É nesta conjuntura efervescente que os militares do Movimento das Forças Armadas (MFA), que se vinham organizando e conspirando desde 1973, concretizam em 25 de Abril de 1974, um golpe militar que derruba o regime, que cai sem oferecer resistência significativa e quase sem tiros e vítimas.
Mas porque esta revolução ficou na historia como revolução dos cravos?
Celeste Caeiro era empregada de mesa no restaurante Franjinhas.
Naquele dia era o aniversário de inauguração do restaurante Franjinhas com um serviço inovador de self-service, o primeiro de Lisboa. Uma festa onde não podiam faltar flores. Quando chegou ao trabalho, Celeste encontrou a porta fechada e foi informada pelo patrão de que não iria abrir porque estava em marcha uma revolução. Mas que não se desperdiçassem as flores.
Levou os cravos consigo até ao Rossio, onde os tanques militares aguardavam novas ordens de Salgueiro Maia. Um soldado pediu um cigarro a Celeste, mas esta não era fumadora e tudo o que tinha para lhe dar era um dos cravos que tinha trazido do restaurante. O soldado aceitou a flor e colocou-a no cano da espingarda, sinal de uma revolução sem armas, e logo os companheiros lhe seguiram os passos, levando Celeste a distribuir todos os cravos que tinha nos braços.
Um gesto insólito, uma imagem que deu a volta ao mundo e instalou-se no imaginário dos sonhadores. Horas mais tarde, várias floristas se esforçavam para que ninguém ficasse sem cravos, contribuindo para os imortalizar como um símbolo de liberdade.
No século XIII, no reino de Aragão nasceu uma princesa que viria a ficar na História de Portugal para sempre.
Isabel, nome também da sua tia, santa Isabel de Hungria, irmã da avó paterna, nasceu muito provavelmente em Saragoça no Reino de Aragão a 11 de Fevereiro de 1270. Era filha de D. Pedro, o Grande e de Dona Constança de Sicília. Pelo lado paterno corria-lhe nas veias sangue da Hungria, enquanto pelo lado materno descendia de Manfredo de Nápoles e Sicília e de Dona Brites de Sabóia, seus avós. A menina, primogénita, entre vários irmãos, era delicada e muito bonita e desde logo na infância, vivida boa parte em Barcelona, demonstrou o gosto pela oração, o poder cândido de gerar afectos e reconciliações, a bondade ingénua e a inteligência promissora. Estas virtudes desencadearam em diversas Casas Reais da Europa o desejo forte de a ter como rainha.
Em 1279 subiu ao trono de Portugal D. Dinis, monarca culto, poeta, trovador, neto de Afonso X, o Sábio. O jovem rei tinha dezanove anos e considerando, entre diversas outras, razões de Estado, optou por escolher para sua rainha, Isabel, a filha do rei de Aragão. Isabel tinha três pretendentes, todavia é D. Dinis quem a vai ter a seu lado no trono português. As bases do contrato nupcial ficaram assinadas a 24 de abril de 1281.
O casamento realizou-se, por procuração na cidade de Barcelona, após copioso intercâmbio epistolar. Apenas dois meses depois os noivos encontraram-se pela primeira vez em terras portuguesas.
A rainha recebeu do marido uma significativa doação: Óbidos, que amou muito, Porto de Mós, Abrantes e mais 12 castelos.
Foi na cidade de Coimbra que a rainha Dona Isabel iniciou uma vida repleta de magnanimidade e santidade com a sua corte. Mãe de Constança e Afonso, futuro rei Afonso IV, piedosa, de suprema caridade e devota, a vida da rainha permaneceu ligada aos actos de complacência, de benesse através de esmolas, oferendas, cuidados, com que se dedicava aos mais pobres.
Paralelamente, as suas rogativas e diplomacia difundiam a concórdia e a paz entre reinos, parentes bem como entre o marido e filho.
O casamento com o rei D. Dinis durou cerca de 44 anos e só a morte do monarca em 1325 separou os cônjuges reais. Viúva, D. Isabel vestiu a partir dessa data o hábito humilde das religiosas de Santa Clara, e fixou a sua residência em Coimbra no Paço que tinha junto ao Mosteiro das Clarissas.
Sobreviveu ao marido pouco mais de dez anos, e em Dezembro de 1327 fez o seu segundo testamento no qual destinou o seu corpo a um túmulo na Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Entre o Paço e o Convento, a rainha aliava os deveres da Coroa à devoção e piedade, sucediam-se dias de orações, obras de caridade, jejuns e fadiga que o tempo não apazigua.
Em Junho de 1336, a rainha foi informada que o seu filho iria bater-se em combate com o seu neto D. Afonso IV de Castela. O rei D. Afonso IV e a sua corte já se encontravam em Estremoz, D. Isabel, mãe e avó, com 66 anos, empreendeu numa longa e penosa jornada de dezenas de léguas entre Coimbra e Estremoz. A viagem foi cansativa e desgastante, a Rainha chegou muito doente e faleceu no dia 4 de Julho de 1336.
No dia seguinte el-rei dando cumprimento às últimas determinações da mãe, ordenou a transladação do corpo para Coimbra.
A rainha Dona Isabel foi estimada pelo povo pelas suas obras de caridade, na morte o mesmo povo começou a venerar os seus restos mortais, prestando-lhe culto acreditando em milagres e na sua santidade. O Rei D. Manuel solicitou à Santa Sé a beatificação da rainha D. Isabel, concedida pelo Papa Leão X em 1516. No século XVII procedeu-se à abertura do túmulo tendo declarado quem viu que o corpo da rainha encontrava-se incorrupto e com um aroma de flores. A rainha era santa. Em Maio de 1625 o Papa Urbano VIII canonizou solenemente a rainha Dona Isabel, passando a designar-se Rainha Santa Isabel. Quando o caixão foi transportado do Mosteiro de Santa Clara Velha para Mosteiro de Santa Clara a Nova, depois de as águas do Mondego terem inundado por completo o antigo convento, o túmulo voltou a ser aberto e, perante a estupefação de todos, verificou-se que o corpo se mantinha incorrupto e que o cheiro continuava a ser o aroma de flores.
O milagre das rosas
Conta a lenda que o rei, já irritado por ela andar sempre misturada com mendigos, a proibiu de dar mais esmolas. Mas, certo dia, vendo-a sair furtivamente do palácio, foi atrás dela e perguntou o que levava escondido por baixo do manto.
Era pão. Mas ela, aflita por ter desobedecido ao rei, exclamou:
– São rosas, Senhor!
– Rosas, em Janeiro?- duvidou ele.
De olhos baixos, a rainha Santa Isabel abriu o manto – e o pão tinha-se transformado em rosas, tão lindas como jamais se viu.