
Cada ano na Catedral de Lisboa, dezasseis cais celebram juntos o seu casamento na véspera do dia de Santo António, 12 de Junho. São os casamentos de Santo António. Para poder inscrever-se é preciso fazer o seu pedido de janeiro a março, e pelo menos um dos noivos tem que ser residente em Lisboa.
Para um dia serão verdadeiras estrelas, com entrevista na televisão e nos jornais e desfile pela ruas da cidade. E recebem a lua de mel oferta pela cidade.
História
Este acontecimento, de grande relevo para Lisboa, comemorou em 2008 o seu Cinquentenário. Foi em 1958 que, pela primeira vez, 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. O objectivo da iniciativa, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras.
Depois de dezasseis anos de concorridas edições, a tradição foi interrompida no conturbado ano de 1974. Trinta anos depois, a Câmara Municipal de Lisboa recuperou os Casamentos de Santo António com o mesmo propósito de proporcionar a união a dezasseis casais num dia memorável para as suas famílias e para todos os lisboetas.
Hoje, os Casamentos de Santo António constituem uma marca incontornável na tradição popular de Lisboa, contribuindo, em cada ano, para afirmar a identidade cultural da Cidade.

A solenidade conhecida pelo nome de Corpus Christi (em Portugal designada Corpo de Deus) ou do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, só ganha lugar de relevo na Liturgia em 1246, quando o bispo de Liège (Bélgica) instituiu a festa, na sua diocese. O Papa Urbano IV (que antes fora bispo de Liège) estendeu a festa a toda a Igreja, como solenidade de adoração da Sagrada Eucaristia.
A solenidade do Corpus Christi já era celebrada em Portugal no século XIII, desde o reinado de D. Afonso III. Era, à época, uma festa de adoração, não envolvendo a procissão pelas ruas.
O rito da procissão foi instituído pelo Papa João XXII (1317). Na igreja dos Mártires, em Lisboa, manteve-se, no decurso dos séculos, o rito da festa com exposição do Santíssimo, Procissão, Vésperas solenes e Sermão.
A Procissão veio a tornar-se a mais vistosa e interessante de todas, merecendo o título de “Procissão das Procissões”.
Constituída por cortejo cívico e corporativo, com carros alegóricos, figuras pitorescas, danças, momices e cenas de autos sacramentais, a procissão demorava horas a caminhar, vindo a constituir tanto um evento religioso como um evento social.
As Câmaras, determinando instruções régias, publicaram Regimentos ou regulamentos da Procissão, indicando os usos e os costumes, os modos de vestir, as obrigações de cada Corporação, as danças (entre elas a judenga, ou dança dos judeus), as bandeiras e pendões, as coreografias (anjinhos, folias, figuras sacras…) e o lugar do Clero. Raras foram as sedes concelhias que não tiveram Regimento da Festa, mas as memórias mais expressivas acerca da Procissão ficaram em Coimbra, no Porto e em Lisboa.
Celebrada em Lisboa, a festa do Corpo de Deus incluiu a Procissão, pela primeira vez, em 1389. Eram os tempos da consolidação da autonomia face a Castela e do bom ambiente criado pelas vitórias bélicas de Nuno Álvares e da influência cultural britânica (a ponto de S. Jorge – devoção inglesa, vencedor do Mal, do Dragão – ser considerado Padroeiro de Portugal).
Por isso, à solenidade do Corpus Christi juntou-se a festa de S. Jorge. Desta junção, resultou a magnificência da Procissão da capital. A festa chegou a atingir surpreendente grandiosidade no tempo de D. João V, incorporando a Procissão incorporava, desde logo, as associações socioprofissionais e também as delegações das diversas Ordens Religiosas de Lisboa (Agostinhos, Beneditinos, Dominicanos, Franciscanos, Ordem de Cristo…) e militares. No cortejo, avultava a figura de S. Jorge a cavalo e a Serpe, ou dragão infernal (do tipo chinês, locomovido por figurantes), contra o qual S. Jorge lutava.
Havia paragens para representação das famas ou glórias de S. Jorge; e também para uma série de danças. Representavam-se ainda as tradicionais “estações” do Santíssimo, como hoje ainda se faz na procissão de Sevilha.
No final do cortejo, vinha o pálio, a cujas varas pegavam os mais altos dignitários da Corte e da Câmara, sempre representada por toda a Vereação. Sob o palio, deslocava-se o Bispo de Lisboa, ostentando a custódia com o Santíssimo Sacramento. Era ladeado pelo Rei, ou Chefe de Estado, ou dignitário similar.
Dado curioso a salientar é o da tentação de realização de atentados contra as figuras régias, durante a procissão do “Corpus Christi”. Um deles, contra a pessoa de D. João IV. Sobrevivendo o monarca ao acto, a sua esposa (D. Luísa de Gusmão) promoveu a construção do Convento dos Carmelitas, na Baixa Lisboeta. Edificado no exacto lugar do falhado crime, foi chamado do “Corpus Christi”. Outro atentado famoso deu-se contra D. Manuel II, perto da Igreja da Vitória, quando a procissão passava na rua do Ouro.
Mas a legislação de 1910, proibindo os dias santos da Igreja (excepto o Natal e o dia 1 de Janeiro), interrompeu o culto público, embora, nas igrejas, continuassem a ser celebradas missas solenes. Em 2003, a Procissão do Corpo de Deus voltou a percorrer as ruas da Baixa, onde outrora se cumpria. A solenidade, presidida pelo Cardeal-Patriarca, teve começo com a celebração da Missa no Largo da Igreja de São Domingos. O término da procissão deu-se na Rua Garrett, diante da Basílica dos Mártires, com a Bênção do Santíssimo Sacramento. Estiveram presentes, na Missa e procissão, mais de cinco mil fiéis – entre os quais autoridades civis e militares.
Hoje-em-dia a celebração começa na Sé antes de continuar nas ruas da Baixa

Na quadra que celebra a ressurreição de Cristo, há um elemento comum a todas mesas em Portugal, o folar de Páscoa, um bolo delicioso na sua simplicidade cuja história e tradições importa conhecer. Com um ou mais ovos cozidos no topo, o folar mais popular é feito de uma massa seca com um ligeiro travo a canela e faz a delícia de todos, do mais pequeno ao mais graúdo. Sabe, com certeza, que este é tradicionalmente oferecido aos afilhados no Domingo de Páscoa. A razão? Uma lenda que associa o folar à amizade e à reconciliação, importantes valores a transmitir em qualquer altura do ano.
A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.
Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.
Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.
No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.
Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

Jà faltam poucos dias à Páscoa. E Portugal é um pais com muitas tradições ligadas a esse momento do ano litúrgico.
Em todas as regiões do país ocorrem diversos eventos religiosos ao longo da semana santa, que começa no Domingo de Ramos e termina no Domingo de Páscoa. Em algumas cidades, certos rituais são destaque, mas esses mesmos rituais podem ocorrer em várias localidades ao mesmo tempo.
Um dos rituais mais valorizados da Páscoa em Portugal é o Compasso Pascal, realizado há mais de 500 anos. As ruas são tomadas por pequenos grupos religiosos que saem das igrejas com uma cruz e vão passando pelas casas para abençoá-las.
Os fiéis que desejam receber a bênção, deixam a porta da casa aberta, com pétalas de flores na entrada e, se quiserem, com ofertas de petiscos. O padre fica tocando um sino pelo caminho para avisar sobre a aproximação da procissão. Conforme ele vai passando, vai parando nas portas das casas com a cruz para que ela seja beijada pelos moradores, e faz a bênção da casa com água benta.
Em Braga, na região Norte, a imagem de Nossa Senhora é transportada por uma burrinha, na Procissão da Burrinha. A cidade fica toda enfeitada com flores, luzes, incensos, motivos alusivos à quadra e faixas roxas.
Na sexta-feira Santa é feita a Procissão do Enterro do Senhor, cujos protagonistas são irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades. Todos ficam de cabeça coberta em sinal de luto. Essa é a procissão mais solene, pois carrega o pequeno barco do Senhor morto.
Procissão das Flores no Algarve
Em São Brás de Alportel, no Algarve, o domingo de Páscoa em Portugal é marcado pela Procissão de Aleluia, em honra à ressurreição de Cristo. Os homens e meninos fazem duas filas paralelas nas laterais do tapete decorado ao centro da rua, e carregam tochas de flores coloridas nas mãos.
Bênção dos borregos (ovelhas) no Alentejo
Em Castelo de Vide, no Alentejo, além das procissões da Páscoa em Portugal, a população acompanha a Benção dos Borregos, que ocorre no Sábado de Aleluia. Essa bênção era realizada antigamente para proteger a fartura dos criadores de gado, e hoje ainda simboliza o espírito de convivência entre os diferentes povos e culturas.
Antes desse evento no sábado de aleluia, acontecem a Bênção dos Ramos e a Procissão dos Passos do Senhor, no domingo de ramos. Já na quinta-feira santa é feita a Missada Ceia do Senhor. Na sexta-feira santa celebra-se a missa da Paixão do Senhor, e ao fim da tarde é feita a Procissão do Enterro do Senhor, como em Braga.
Depois, outro rito tradicional é a Chocalhada, que ocorre à noite, quando as pessoas de reúnem no Lageado com chocalhos para emitir um ruído característico que serve de oração durante o Cortejo de Aleluia.
Jantar do Mordomo da Cruz no Minho
Em algumas freguesias (municípios) da região do Minho, como em Viana do Castelo e Ponte de Lima, além dos eventos tradicionais mencionados acima, é comum fazer o Jantar do Mordomo da Cruz. Trata-se de um banquete para todo o povo daquela freguesia ou de um bairro, onde se elege um mordomo que vai transportar a cruz e pagar o almoço de todos.
Enterro do Bacalhau em Beiras
O Enterro do Bacalhau é um cortejo fúnebre cheio de significado na Páscoa em Portugal e de muito valor cultural. A primeira vez que aconteceu foi em 1938, mas as autoridades religiosas não eram a favor, pois significava um protesto.
Essa tradição remonta o século 16, quando a igreja proibia totalmente o consumo de carne durante a Quaresma, exceto para os mais abastados. Sendo assim, os pobres só tinham a opção de comer peixe, e o bacalhau era o mais acessível de todos.
Então foi criada essa festividade pagã – que tem um tom de comédia, como uma revolta dos mais pobres pela sua impotência perante a autoridade da igreja. O cortejo conta com três sermões: Vida e Morte do Bacalhau, Testamento do Bacalhau e as Exéquias do Bacalhau, que ocorrem ao som da macha fúnebre de Chopin.
Comida típica da Páscoa em Portugal
O folar de Páscoa que pode ser doce ou salgada. Esse é um dos pratos mais tradicionais que representa a comida típica da Páscoa em Portugal.
No Minho
Assim como em praticamente todo o Norte, no Minho é comum finalizar o jejum da Quaresma com carne. Então, além do cabrito, se consome bolas de carne e folar de carne, ambos feitos com uma massa recheada com diferentes carnes.
No Douro
Um dos pratos principais mais apreciados nessa região é o lombo de boi, chamado de lombo da Páscoa, nessa época do ano. Além dessa carne, aprecia-se muito o cabrito assado.
Nas Beiras
Nessa região, os dois pratos de carne mais consumidos no Domingo de Páscoa são o leitão assado e o bacalhau, que ocorre após o cortejo do Enterro do Bacalhau.

O Carnaval é uma festa divertida e com muitas tradições em vários países. Mas como festeja-se o carnaval em Portugal?
A diferencias de outros lugares do mundo, o Carnaval em Portugal celebra-se sobretudo em pequenas aldeias. Vamos là descobrir uns exemplos:
Corrida do Entrudo – O Carnaval das Aldeias de Xisto
A chanfana é prato para o almoço farto de Terça-Feira Gorda, mas nem assim se deixa de fazer a Corrida do Entrudo nas Aldeias do Xisto, em plena Serra da Lousã. Pegando em roupas e objetos antigos dos quais já não se faz uso, dá-se a partida para a Corrida do Entrudo até às aldeias do concelho de Góis, onde tudo é permitido. Desde quadras e versos, cujas temáticas estão intimamente ligadas ao quotidiano dos habitantes das Aldeias do Xisto, até às partidas pregadas aos mais velhos, e ao chocalhar das mulheres e dos homens mais novos, todos os que nela participam devem envergar máscaras feitas de cortiça e elementos naturais, que figurem expressões horripilantes e diabólicas.
Canas de Senhorim – Uma rivalidade Carnavalesca
Uma rivalidade com mais de 400 anos dita que dois bairros de Canas de Senhorim, o Paço e o Rossio, desfilem em despique. As duas marchas carnavalescas saem primeiro às ruas entoando canções de marchas antigas e envergando fatos alusivos ao passado de Canas de Senhorim. No grande desfile carnavalesco de Terça-Feira de Carnaval, ganha aquela que celebrar com mais alegria toda a devoção pelo seu bairro.
A 2ª Feira de Carnaval divide-se entre a Farinhada, em que as raparigas que saírem de casa até ao meio-dia correm o risco de ficarem “enfarinhadas”, e a Segunda-Feira das Velhas, durante o período da tarde.
O Carnaval termina na 4ª Feira de Cinzas, com a Queima do Entrudo. Depois da Batatada, o jantar comunitário cujo prato principal é o bacalhau com batatas, ovos, hortaliça, pão e vinho, o palhaço do Entrudo é levado pelas ruas fazendo-se assim a despedida do Carnaval.
Torres Vedras –
A primeira referência ao Carnaval de Torres surge no reinado de D. Sebastião, num documento datado de 1574, no qual um morador da Vila de Torres Vedras apresenta uma queixa “contra uns moços folgando com um galo dia de Entrudo trazendo rodelas, espadas, paus como costumam o tal dia”.
Os Reis do Carnaval e as “Matrafonas”, tão caraterísticos do Corso Carnavalesco, aparecem pela primeira vez na década de 20, marcando decisivamente a história do Carnaval de Torres Vedras, e assumindo um carisma eminentemente popular, ao rejeitar figurinos externos.
Um tema diferente cada ano, com a construção de uma verdadeira aldeia de carnaval, e carros alegóricos.
Para muitos, este é o Carnaval mais “Português de Portugal”.
Loulé – O Carnaval Algarvio
O Carnaval mais antigo do Algarve tem mais de 100 anos
A animação começa logo pela manhã reservada para o desfile das crianças, e a Grand Première de Carnaval marcada para a noite de 2ª Feira, no Salão de Festas de Loulé.
O Corso Carnavalesco enche as ruas desta cidade algarvia no Domingo Gordo e na Terça-Feira de Carnaval, com o desfile de carros alegóricos e figurantes que espalham doses de alegria contagiante, e confettis e serpentinas misturadas pelo ar.

A Festa dos Tabuleiros realiza-se de 4 em 4 anos no princípio de julho. A sua origem remonta ao Culto do Espirito Santo, instituído no Séc. XIV, mas nela se vislumbram as origens remotas das antigas festas das colheitas, seja pela profusão de flores, seja pela presença do pão e das espigas de trigo nos tabuleiros.
A Festa inicia-se no Domingo de Páscoa, com a Saída das Coroas e Pendões de todas as freguesias em procissão animado por gaiteiros, tamborileiros, fogueteiros e bandas de música.
A partir daí, repetir-se-á sete vezes tal Procissão, apresentando apenas as Coroas e Pendão da Cidade e algumas das freguesias. Vedada a participação das crianças no Grande Cortejo, o Cortejo dos Rapazes é a solução encontrada para que às crianças seja dada a possibilidade de viverem intensamente a sua Festa. O Cortejo dos Rapazes é um cortejo à imagem da Grande Cortejo, que ocorre na domingo anterior a este, nele participando os alunos dos Jardins de Infância e Escolas Básicas.
Na sexta-feira anterior ao Cortejo dos Tabuleiros tem lugar o Cortejo do Mordomo, o qual simboliza a entrada na cidade dos bois do sacrifício que, no passado, viriam a ser abatidos para distribuição da carne.
Antigamente chamava-se Cortejo dos Bois do Espírito Santo; hoje é um importante cortejo de carruagens e cavaleiros, com as parelhas de bois à cabeça.
As ruas do Centro Histórico são ornamentadas com milhões de flores de papel confeccionadas durante muitos meses de labor apaixonado.
No sábado anterior ao do Grande Cortejo, de manhã, chegam das freguesias, nos Cortejas Parciais, as centenas de Tabuleiros que no dia seguinte irão desfilar. À tarde têm lugar os jogos Populares Tradicionais (corrida de bilhas e pipas, tração de cordas, subida do pau ensebada, chinquilho,…).
O Cortejo é um caudal imenso e serpenteante de cor e música. Centenas de pares fazem o cortejo: o traje feminino compõe-se de vestido comprido, com uma fita colorida a cruzar o peito, levando no alto os Tabuleiros; o traje masculino é uma simples camisa branca e mangas arregaçadas, calças escuras, barrete ao ombro e gravata na cor da fita da rapariga.
A fechar o Cortejo vão os carros triunfais do pão, da carne e do vinho puxados pelos bois do sacrifício simbólico.
O Tabuleiro é o Símbolo e principal alfaia da Festa dos Tabuleiros. Deve ter a altura da rapariga que o carrega. Ornamenta-se com flores de papel, verdura e espigas de trigo. É constituído por 30 pães de formato especial e 400 gramas cada, enfiados equitativamente em 5 ou 6 canas.
Na base, um lençol branco símbolo de pureza, os 30 pães representam as 30 moedas de Judas
Os Flores representam fertilidade e colheita (agora são realizados em papel)
Estas saem de um cesto de vime envolvido em pano bordado e são rematadas, no topo, por uma coroa encimada pela Cruz de Cristo ou Pomba do Espírito Santo.
Só as mulheres podem trazer o tabuleiro sobre à cabeça. Se o rapaz quiser ajudá-la, pode levar o tabuleiro mas tem que ser no ombro.

O Natal é uma oportunidade de se encontrar com a família e o momento mais importante é mesmo o jantar do dia 24 onde a família se reúne para jantar e depois assistir a Missa du Galo que é a Missa que celebra o nascimento de Jesus.
Durante o jantar várias tradições são respeitadas e o bacalhau não pode faltar. Dependendo da região, também existem alternativas gourmet ao bacalhau
No Algarve: galo com cabidela (preparado com adição de sangue de galo e vinagre)
Na Beira litoral: o polvo é muito apreciado
Lisboa e Vale do Tejo: também comem peru assado
Tràs-os-montes e Alto Douro: também preparam polvo, pescada e peixe frito
Nos Açores existe canja
Na ilha da Madeira tradicionais espetadas de carne
A tradição da noite de Natal é servir bacalhau cozido acompanhado de couve, batata e legumes no vapor
No dia 25 comem o cordeiro ou o peru no forno e a “roupa velha” que é a mistura de bacalhau, batata e couve da noite anterior, com alho e bastante azeite e e passado na frigideira
Na mesa de Natal não pode faltar os bolos … muitos bolos!
Claro o Bolo Rei de que falamos no artigo anterior, mas também os bolos fritos.
Os fritos são talvez as mais tradicionais do Natal e em cada região existem variações e as receitas têm sido passadas de geração em geração.
Normalmente são preparados em grandes quantidades e com antecedência. Além disso, dizem que quando “cheira a frito, cheira a Natal”
Segundo a tradição, no final do jantar não se deve tirar a mesa e nem lavar a louça. E as sobras do jantar também não devem ser retiradas da mesa. Ele deve ficar como durante o jantar para respeitar os membros mortos da família.
E qual é a sua tradição de Natal?

O famoso Bolo Rei é uma das tradições de Natal mais conhecidas de Portugal. Não há praticamente nenhuma família portuguesa que não respeite essa tradição. Redondo, com um buraco no meio e recheado de frutas cristalizadas e frutos secos fazem as delícias de toda a família.
Até alguns anos atrás, este bolo típico trazia um brinde – objeto de metal que foi, entretanto, proibido por questões de segurança en 1999 – e ainda uma fava (que também saiu da sua composição). Segundo a tradição portuguesa, a pessoa a quem calhava a fatia de bolo com a fava era a pessoa responsável por, no ano a seguir, comprar o Bolo Rei.
Com o passar do tempo, também esta tradição foi adaptada, existindo agora várias variantes deste doce tradicional de natal, como é o caso do Bolo Rainha para quem não gosta de fruta cristalizada, Bolo de Rei de Chocolate para os mais gulosos e ainda o Bolo de Rei de Gila ou com maçã.
Conta a história que o filho de Baltasar Castanheiro, dono da Confeitaria Nacional na Praça de Figueira, durante uma viagem na Loire, na França, provou pela primeira vez a galette des rois e, apaixonado pelo bolo e pela tradição da fava, que decidia quem comprava o bolo o ano seguinte, importou a tradição em Lisboa. Hoje em dia, podemos experimentar este bolo mais ou menos entre novembro e fevereiro na Confeitaria Nacional onde, no dia 23 de dezembro, a fila de espera é uma prova da importância desta tradição.
No Porto, a receita é introduzida pela Confeitaria Cascais que importou a tradição direitamente de Paris.
Com a proclamação da república o bolo correu o risco de desaparecer por causa do nome “rei”
Outros nomes foram propostos: bolo nacional segundo a Confeitaria Nacional ou ex-bolo rei. Os republicanos propuseram Bolo Presidente, Bolo Republicano ou mesmo Bolo Arriaga em relação ao primeiro presidente da República
Mas a tradição deste bolo de Natal, alem de ser portuguesa, encontra-se en formas diferentes em muitos outros países:
– Galette des rois na França em versão brioche ou versão frangipane avec creme de amêndoas
– Dreikönigkuchen (o bolo dos três reis) na Suíça
– Roscón de reyes (galette des rois) em Maiorca, muito parecido a versão portuguesa
– Brioche des rois nos Alpes provençais
– Rosca de Reyes no México
– Bolo Rei em Nova Orleans, bolo oficial do Mardi Gras (Carnaval) com açúcar colorido.
– Tortell de reis na Catalunha que pode ser simples ou recheado
E qual será o vosso bolo de Natal?

Nossa Senhora da Nazaré é uma imagem esculpida em madeira, com cerca de 25 cm de altura, representando a Virgem Maria sentada num banco baixo a amamentar o Menino Jesus, com as caras e as mãos pintadas de cor “morena”. Conforme a tradição oral terá sido esculpida por São José carpinteiro quando Jesus era ainda um bébé, sendo as caras e as mãos pintadas, décadas mais tarde, por São Lucas. É venerada no Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio da Nazaré, em Portugal.
A história da imagem foi publicada, em 1609, pela primeira vez, por Frei Bernardo de Brito, na Monarquia Lusitana. Este monge de Alcobaça, cronista mór de Portugal, relata ter encontrado no cartório do seu mosteiro uma doação territorial, de 1182, na qual constava a história da imagem, a qual terá sido venerada nos primeiros tempos do cristianismo em Nazaré na Galileia, cidade natal de Maria. Daí a invocação de Nossa Senhora – da Nazaré. Da Galileia terá sido trazida, no século quinto, para um convento perto de Mérida, em Espanha, e dali, em 711 para o Sítio (de nossa Senhora) da Nazaré, onde continua a ser venerada.
A história desta imagem é indissociável do milagre que salvou D. Fuas Roupinho, em 1182, episódio a que se convencionou chamar de “a Lenda da Nazaré”.
Durante a Idade Média apareceram centenas de imagens de Virgens Negras por toda a Europa a maioria das quais, tal como esta, esculpidas em madeira, de pequenas dimensões e ligadas a uma lenda miraculosa. Hoje, existem cerca de quatrocentas destas imagens, antigas ou as suas réplicas, em igrejas por toda a Europa, bem como algumas mais recentes no resto do mundo.
A verdadeira e sagrada imagem de Nossa Senhora da Nazaré ainda não foi sujeita a uma perícia laboratorial para a datar cientificamente e paralelamente obter a confirmação de se estar perante uma imagem bi-milenar, ou de uma réplica produzida posteriormente.
Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. De imediato, miraculosamente o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.
D. Fuas desmontou e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. De seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construírem uma capela sobre a gruta, em memória do milagre, a Ermida da Memória, para aí ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. Antes de entaipar a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente e entre as pedras, inesperadamente, encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de São Brás e São Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem representando a Santíssima Virgem Maria. Em 1377, o rei D. Fernando (1367-1383), devido à significativa afluência de peregrinos, mandou construir, perto da capela, uma igreja para a qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a aldeia de Nazaré na Galileia.
A popularidade desta devoção na época dos Descobrimentos era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, vieram em peregrinação ao Sítio da Nazaré. Entre os muitos peregrinos da família Real destacamos, a rainha D. Leonor de Áustria, terceira mulher do rei D. Manuel I, irmã do imperador Carlos V, futura rainha de França, que permaneceu no Sítio alguns dias, em 1519, num alojamento de madeira construído especialmente para esta ocasião. Também S. Francisco Xavier, padre jesuíta, o Apóstolo do Oriente, veio em peregrinação à Nazaré antes de partir para Goa. Foram aliás os Jesuítas portugueses os grandes propagadores deste culto em todos os continentes.
Nos séculos dezassete e dezoito ocorreu a grande divulgação do culto de Nossa Senhora da Nazaré em Portugal e no Império Português. Ainda hoje se veneram algumas réplicas da verdadeira imagem e existem várias igrejas e capelas dedicadas a esta invocação espalhadas pelo Mundo. É de destacar a imagem de Nossa Senhora da Nazaré que se venera em Belém do Pará, no Brasil, cuja festa anual recebeu o nome de Círio de Nazaré e é uma das maiores romarias do mundo atingindo os dois milhões de peregrinos em um só dia.

Em Portugal, existem dois santos casamenteiros. Um com o seu trono em Lisboa que é Santo António, e outro situado a norte, S. Gonçalo de Amarante. Para não haver concorrência desleal entre os dois, Santo António encarrega-se das mais novas, enquanto S. Gonçalo trata das “velhas”. É esta a crença popular, mas não é só por esse motivo que a igreja de São Gonçalo é local de paragem obrigatória.
S. Gonçalo tem honras de Padroeiro de Amarante e a sua memória é festejada em duas ocasiões no ano: a 10 de janeiro data do seu falecimento e no primeiro fim de semana de junho, com as grandiosas festas da cidade.
Oriundo da nobre família dos Pereira, Gonçalo nasceu no Paço de Arriconha, por volta de 1187 e herda de seus pais a nobreza no sangue e a grandeza na Fé.
É educado nos bons princípios cristãos e, quando atinge a mocidade, opta pela vida eclesiástica, estudando as primeiras letras, crê-se, no mosteiro beneditino de Santa Maria de Pombeiro de Ribavizela, prosseguido estudos no Paço Arcebispal de Braga, onde viria a ser ordenado sacerdote. Não satisfeito com a vida paroquial e ardendo no desejo de conhecer os lugares mais Santos do Cristianismo, decide encetar uma longa peregrinação a Roma, para estar junto dos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, seguindo, depois, para a Palestina.
Após catorze anos, Gonçalo regressa à sua paróquia de S. Paio de Vizela que, durante a sua ausência, fora dirigida por um sobrinho que, o não reconhecendo, o expulsa de casa. Desiludido com a vida opulenta e faustosa do seu substituto e deparando-se com o desrespeito aos ensinamentos e à humildade cristã, decide abandonar a vida paroquial e opta por um modus vivendi mais contemplativo, eremítico e evangelizador. Toma o hábito da Ordem de S. Domingos.
Foi através desta nova forma de vida que chegou ao vale do Tâmega. Deparando-se com uma ermida arruinada dedicada a Nossa Senhora da Assunção, localizada num local ermo, junto ao rio e nas imediações de uma ponte devoluta, aí se instala e recupera o velho templo.
Calcorreando as povoações do vale do Tâmega e da Serra do Marão, Frei Gonçalo, evangeliza e abençoa uniões matrimoniais, apoia e protege os mais desfavorecidos e realiza alguns prodígios, que lhe vão conferindo aura de santidade. No decorrer destas ações pastorais, depara-se com as dificuldades e com o perigo que os seus fiéis corriam ao aventurarem-se a atravessar o rio, principalmente nas alturas em que este se apresentava mais caudaloso e, na falta de alternativas, decide empreender, ele próprio, o restauro ou a reedificação da velha ponte romana, nos idos de 1250.
Para a sua reconstrução terá contado com a participação de todos, desde os mais abastados que contribuíram com alguns numerários e matéria-prima e os mais pobres que, com o seu esforço, executaram a obra. Consta que o arquiteto fora o próprio santo. A ponte medieval haveria de perdurar até ao dia 10 de fevereiro de 1763, altura em que sucumbe face à turbulência das águas do Tâmega, durante uma cheia, desmoronando-se por completo, tendo apenas sobrevivido o cruzeiro biface de Nossa Senhora da Ponte.
Após a construção da ponte e do restabelecimento do tráfego, o frade dominicano continuou com a sua vida de pregador até ao dia da sua morte, ocorrida a 10 de janeiro de 1259.
A partir de então, muitos foram aqueles que acorreram ao seu túmulo, instalado na mesma ermida onde residiu para, junto aos seus restos mortais, pedirem ou agradecerem a sua intercessão.
Em 1540, D. João III manda construir, no lugar da velha ermida medieval, um convento que entrega aos frades pregadores de S. Domingos, Ordem à qual o Santo estava vinculado.
No dia 16 de setembro de 1561, Gonçalo de Amarante é beatificado pelo papa Pio IV e, algum tempo depois, já no reinado de D. Filipe I de Portugal (II de Espanha), inicia-se o seu processo de canonização, que acaba por ficar sem efeito.
O Papa Clemente X, em 1671, estende o ofício da sua festa litúrgica a toda a Ordem Dominicana, que é celebrada no dia do seu falecimento, a 10 de Janeiro.
Daí para cá o seu culto jamais parou de se difundir e propagar em Portugal e nos países lusófonos, destacando-se o Brasil, onde várias localidades o têm por padroeiro.
São Gonçalo então não é santo. Para a Igreja Católica é considerado beato, Beato Gonçalo de Amarante. Mas para a população é santo e a devoção por ele não é menor, seja qual for a denominação utilizada. O seu túmulo, onde se acredita estar o seu corpo sepultado, pode ser visitado na capela-mor do mosteiro.
São Gonçalo é considerado o “casamenteiro das velhas”, o que parece não agradar às mais jovens que não querem esperar, e terá sido por isso que nasceu a famosa quadra popular de Amarante:
S. Gonçalo de Amarante,
Casamenteiro das velhas,
Porque não casas as novas?
Que mal te fizeram elas?
Na igreja, ainda existe a estátua de São Gonçalo, do século XVI, em que existe a famosa corda de São Gonçalo. A corda rodeia a cintura da estátua e, segundo crença popular, “as encalhadas” deveriam puxar a corda três vezes, para pedir um casamento ao santo.
Em conclusão se ja passaste a idade para pedir a ajuda a Santo Antonio, aqui tens a oração de casamento para São Gonçalo:
“São Gonçalo do Amarante, Casamenteiro que sois, Primeiro casais a mim; As outras casais depois.
São Gonçalo ajudai-me, De joelhos lhe imploro, Fazei com que eu case logo, Com aquele que adoro.”
Uma curiosidade:
São Gonçalo de Amarante está enraizado na cultura da Princesa do Tâmega, com doces peculiares com formas fálicas, com quadras picantes que e com uma história rica de conquistas e actos heróicos importantes na construção da história de Portugal. Segundo a lenda popular, São Gonçalo é casamenteiro e é, por isso, que durante as festas são vendidos e apreciados “os doces fálicos” de S. Gonçalo, de todos os tamanhos e feitios.