By : Maio 3rd, 2021 Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Palácio Nacional de Queluz encanta pela sua imponência e pela exuberância dos seus detalhes arquitectónicos. Intimamente ligado às vivências de três gerações da Família Real portuguesa, e palco de intensas emoções, o palácio reflete a evolução dos gostos e estilos da época, passando pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo.

Em seu redor, cenográficos jardins convidam a “passear” pela época em que a corte ali organizava sumptuosas festas e guardam as memórias dos passeios de gôndola no canal, do teatro, das caçadas, dos serões musicais e literários, dos bailes de máscaras, dos jogos e das récitas ao ar livre.
Em 1747, o Infante D. Pedro, terceiro Senhor da Casa do Infantado e futuro rei D. Pedro III (por casamento com D. Maria I) encarrega o arquiteto Mateus de Vicente de Oliveira de ampliar o chamado “Paço Velho”. Anos mais tarde, em 1760, o anúncio do casamento de D. Pedro com a herdeira do trono, a princesa D. Maria, motiva obras mais profundas.
Nesta fase, os trabalhos ficam a cargo do arquiteto e ourives Jean-Baptiste Robillion. D Pedro III dedica a sua atenção a este local, transformando-o num espaço de lazer e entretenimento da Família Real e recheando-o de salas de aparato, como a Sala do Trono ou a Sala dos Embaixadores. Nos jardins, a decoração é marcada por diversos grupos escultóricos que evocam a mitologia clássica, de que se destacam as estátuas em chumbo do atelier londrino de John Cheere.

Após o incêndio da Real Barraca da Ajuda, em 1794, onde a Família Real vivia em permanência desde o terramoto de 1755, o Palácio de Queluz torna-se residência oficial da rainha D. Maria I e, posteriormente, dos príncipes regentes D. João VI e D. Carlota Joaquina
O palácio é habitado em permanência até à partida da Família Real para o Brasil

Em 1821, D. João VI regressa a Portugal, mas o palácio só volta a ser habitado, em regime de semi-exílio, pela rainha D. Carlota Joaquina, acusada de conspirar contra o marido. A geração seguinte, marcada pela Guerra Civil que opôs os irmãos D. Miguel e D. Pedro IV de Portugal e primeiro Imperador do Brasil, encerrou a vivência real do Palácio de Queluz. É no Palácio de Queluz, no quarto D. Quixote, onde nasceu, que D. Pedro IV acaba por morrer.

By : Abril 8th, 2021 Historia, Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado erguer por D. José I (1714-1777) no alto da colina da Ajuda. Este edifício, construído em madeira para melhor resistir a abalos sísmicos, ficou conhecido por Paço de Madeira ou Real Barraca. Substituía o sumptuoso Paço da Ribeira que fora destruído no Terramoto que arrasou Lisboa em Novembro de 1755.

O novo Paço, habitável desde 1761, veio a ser a residência da Corte durante cerca de três décadas. Em 1794, no reinado de D. Maria I (1734-1816), um incêndio destruiu por completo esta habitação real e grande parte do seu valioso recheio.

 O projeto de construção dum novo palácio de pedra e cal, iniciou em 1796 sob a regência do príncipe real D. João, mas foi suspenso decorridos cinco anos de construção, quando, em 1802, Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, arquitectos formados em Itália, foram encarregues de o adaptar à nova corrente neoclássica. 

A partida da Corte para o Brasil, em 1807, na sequência das invasões napoleónicas, e a falta periódica de recursos financeiros não permitiram ao projeto de continuar de maniera regular. 

Os confrontos entre liberais e absolutistas mergulharam o país numa frágil estabilidade e, em 1833, a construção paralisou por completo. Após a vitória liberal, D. Pedro assumiu o Governo como regente, na menoridade da filha, D. Maria da Glória, e jurou a Carta Constitucional na Sala do Trono do Paço da Ajuda, em 1834. 

Foi com a subida ao trono de D. Luís I (1838-1889), que uma nova etapa se iniciou, adquirindo finalmente a verdadeira dimensão de paço real ao ser escolhido para residência oficial da corte. As verdadeiras alterações na decoração dos interiores começaram em 1862, ano do casamento do rei com a princesa de Sabóia, D. Maria Pia (1847-1911). Foi então iniciado um longo trabalho de reformulação que se estendeu a diversos níveis: das paredes aos tectos – forrados, estucados ou pintados de novo –, ao revestimento dos soalhos com parquets e alcatifas, à escolha do mobiliário para as salas. Tudo encomendado a casas especializadas, portuguesas ou estrangeiras, fornecedoras da Casa Real. Os presentes de casamento e bens trazidos de Itália pela rainha ajudaram á decoração dos apartamentos remodelados. 

Os espaços queriam-se agora mais íntimos e resguardados. Introduziram-se novas dependências no piso térreo: a Sala de Jantar, para as refeições diárias da família, uma sala de estar – a Sala Azul – e zonas de lazer, de que são exemplo a Sala de Mármore e a de Bilhar; por fim, as casas de banho dotadas de água corrente, quente e fria. O andar nobre fora reservado para as recepções de gala e o piso térreo, a partir da Sala de Música e ao longo da fachada poente, destinado aos aposentos privados. O Palácio foi-se tornando palco das reuniões do conselho de Estado, dos dias de grande gala – os banquetes e as recepções oficiais – e do quotidiano familiar: aqui nasceram os príncipes D. Carlos (1863-1908) e D. Afonso (1865-1920). 

Após a morte de D. Luís I, em 1889, a vida agitada do Palácio da Ajuda alterou-se profundamente. No novo reinado, a Corte dividira-se entre três Paços: a Ajuda, onde D. Maria Pia permaneceu com D. Afonso; Belém – onde nasceram os príncipes D. Luís Filipe (1887-1908) e D. Manuel (1889-1932) – e as Necessidades, residências alternativas de D. Carlos I e D. Amélia (1865-1951). O andar nobre da Ajuda manteve-se reservado para a realização de cerimónias oficiais. 

Em 1910, quando da instauração da República e consequente exílio da Família Real, o Palácio foi encerrado. 

Em 2007, o Palácio, juntamente com os outros palácios nacionais passou a integrar o conjunto de imóveis tutelados pelo Instituto dos Museus e da Conservação. 

Hoje é cenário das cerimónias protocolares de representação de Estado. 

By : Janeiro 26th, 2021 Reis e Rainhas 0 Comments

Já alguma vez se indagou porque razão o Rei D. Pedro era conhecido como “o justiceiro” ou como “o cruel”? Este Rei, que ficou famoso na História de Portugal por ter mandado arrancar o coração dos homens que assassinaram a sua amante Inês de Castro (post do 10 agosto 2020) e por ter exigido que beijassem o seu cadáver estando ela sentada no trono, costumava fazer justiça pelas próprias mãos, um pouco por todo o país.

D. Pedro I deslocava-se frequentemente por Portugal e gostava de ouvir as histórias e as queixas de quem tinha sido injustiçado e, em vez de recorrer aos tribunais, era ele próprio quem proferia as sentenças  e, muitas vezes, praticava as mesmas. São várias as histórias de justiça pelas próprias mãos a ele atribuídas.

Em Santarém habitava um lavrador rico com quem o rei se dava. Um dia, estando nessa cidade e como não visse o homem, perguntou por ele e apurou que o filho o atacara à facada, deixando-lhe uma cicatriz na cara. O rei ordenou então que o chamassem e pediu-lhe que contasse como as coisas se tinham passado.

O lavrador narrou a discussão que tivera com o filho e a agressão de que fora vítima, na presença da mulher. “Ora, manda-me cá a tua mulher e o teu filho”, ordenou o monarca. Quando a mulher chegou, perguntou-lhe: “Ouve lá, de quem é o filho?” Ela gaguejou: “Meu e do meu marido, senhor.” O rei cofiou a barba. “Hum!, não acredito. Se o teu marido fosse o verdadeiro pai, ele não o teria acutilado daquela forma.”

A lavradora acabou por admitir que o rapaz era filho de um frade confessor que a teria violado. No dia seguinte, D. Pedro foi ouvir missa na igreja onde em tempos ocorrera a violação. Concluída a cerimónia, mandou chamar o religioso.

Após curta troca de palavras, o rei mandou meter o violador num caixote e serrá-lo ao meio. Como o rei não era um ilusionista daqueles que serram mulheres sem que estas sofram beliscadura, o desgraçado teve uma morte horrorosa. 

O episódio do bispo do Porto ainda é bastante recordado. Constou a D. Pedro, sem ter provas, que o prelado mantinha relações íntimas com uma mulher casada. Tanto bastou para que entrasse pelo paço episcopal e, pegando no chicote, o punisse. De outra vez, ao saber que uma mulher enganava o marido, condenou-a à morte. E de nada valeu ao enganado implorar de joelhos o perdão da esposa, que decerto amava.

Mas há um aspecto da vida de D. Pedro I menos conhecido. Narra o cronista Fernão Lopes que o arrebatado soberano teve uma assolapada paixão… pelo escudeiro Afonso Madeira, ao qual “amava mais do que se deve aqui dizer”.

Como este tivesse um caso com uma tal Catarina Tosse, o rei, furioso, “mandou-lhe cortar aqueles membros que os homens em maior apreço têm, de modo que não ficou carne até aos ossos que tudo não fosse cortado”. O pobre Afonso, segundo Lopes, foi tratado, “curou-se, engrossou nas pernas e no corpo e viveu alguns anos engelhado de rosto e sem barba e morreu depois de sua natural morte”.

By : Dezembro 30th, 2020 Reis e Rainhas 0 Comments

Manuel I Rei de Portugal, conhecido como O Venturoso, o Bem-Aventurado ou O Afortunado. Nasceu em Alcochete, uma vila perto de Lisboa em 1469 e morreu em Lisboa no ano de 1521. Nono filho dos Infantes D. Fernando, 2º Duque de Viseu e de D. Beatriz, casou com D. Isabel, filha dos Reis Católicos.

Com a morte da Rainha por parto, casou em segundas núpcias com a Infanta D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel, com que teve dez filhos, além do primeiro filho com sua anterior esposa. De novo viúvo, casou com a Infanta D. Leonor, tendo mais dois filhos.

Com a morte de D. Afonso, sucessor legítimo ao trono do seu padre o Rei D. João II, D. Manuel I foi aclamado como seu legatário ao trono em 1495.

A política do Rei D. Manuel I foi uma linha de continuação dos anteriores governos. Prosseguiu com as campanhas de exploração ultramarina portuguesa, expedições determinantes para a expansão do império e que levou as descobertas do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, do caminho para a Índia por parte de Vasco da Gama em 1498 e das Molucas pelo almirante D. Afonso de Albuquerque em 1511.

Igualmente, recebeu do seu antecessor um governo poderoso e centralizado com uma forte tendência para o absolutismo. D. Manuel dedicou-se ás reformas de tipo tributário, legislativo e administrativo. Estas reformas foram fundamentais para configurar o Reino de Portugal como um estado moderno.

Mas da historia deste rei que tanto significou para a historia de Portugal, faz parte também uma parte digna das melhores telenovelas.

A princesa D. Leonor estava destinada para esposa do príncipe D. João, herdeiro da coroa de Portugal, e eram ambos ainda muito crianças. O rei D. Manuel, porém, que enviuvara pela segunda vez, vendo o retrato da jovem princesa, que apenas contava dezanove anos, e diz a tradição ser de rara formosura, tanto se agradou dos seus encantos que resolveu escolhê-la para sua esposa, preterindo as pretensões do príncipe seu filho, realizando-se assim as suas terceiras núpcias.

Carlos V fora aclamado como imperador da Alemanha, e viera de Flandres para Saragoça, onde se reunira a corte, e D. Manuel, com o pretexto de o felicitar por ter cingido a coroa imperial, mandou a Saragoça como embaixador o seu camareiro, e armador-mor Álvaro da Costa, mas o fim principal desta embaixada era tratar do casamento, muito em segredo, atendendo às circunstancias que se davam. 

Álvaro da Costa desempenhou-se da sua missão com muita diligência e diplomacia, a proposta foi bem aceita pela corte de Castela, e as negociações depressa se concluíram.

Os desposórios efectuaram-se na mesma cidade de Saragoça em 16 de Julho de 1518, sendo nomeados procuradores, para tratar com o embaixador Álvaro da Costa, o cardeal Florent, bispo de Tortosa, que depois foi o papa Adriano VI, Guilherme de Croy, duque de Sora; e João le Sauvage, senhor de Strambeque.

Este casamento de D. Manuel causou um certo espanto em Portugal, porque o monarca mostrara-se inconsolável pela morte de sua segunda mulher, dizendo que abdicava a coroa em seu filho, e se recolhia ao convento de Penha Longa. 

O príncipe sentiu grande desgosto, porque se apaixonara também pelo retrato da sua prometida, que se tornara agora em madrasta. 

Concluídos os contratos matrimoniais, a nova rainha D. Leonor partiu de Saragoça, e entrou em Portugal por Castelo de Vide com o acompanhamento de fidalgos.

O monarca esperava-a no Crato, e em 24 de Novembro ali se celebraram pomposas festas . Como em Lisboa havia peste, partiram os régios esposos com toda a corte para Almeirim, onde se demoraram até ao Verão seguinte, passando em seguida a Évora, voltando para Lisboa só quando a epidemia estava completamente extinta

D. Manuel I faleceu em dezembro de 1521, deixando mais dois filhos com o seu terceiro casamento. Segundo se diz, após enviuvar, D. Leonor recuperou o destino. A mulher de 23 anos viveu uma relação secreta com o seu enteado, D. João III. O amor secreto pelo seu ex-noivo foi uma forma de recuperar as linhas do destino que lhe tinham sido desfeitas por D. Manuel I.

By : Dezembro 27th, 2020 Historias e lendas, Reis e Rainhas 0 Comments

Quando pensamos na Inglaterra, quase direitamente pensamos ao chá. 

Chá é algo tão inglês, uma parte tão enraizada de sua cultura, que é também enraizada a ideia de que todos no mundo conhecem essa cultura.

E por mais que faça parte do senso comum a noção de que os ocidentais devem agradecer à China pelo cultivo da bebida, é muito menos conhecida a história que inspirou a sua popularidade na Inglaterra: uma mulher portuguesa.

Em1662, numa monarquia britânica recém-restaurada, Catarina de Bragança (filha do rei português João IV) foi prometida ao rei inglês Charles II com a ajuda de um enorme dote que incluía dinheiro, temperos, tesouros e os portos lucrativos de Tânger e Mumbai.

Esse contrato a transformou numa mulher muito importante: a rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda.

Quando Catarina tomou viajou para o norte para se unir a Charles II, reza a lenda que ela tinha na bagagem folhas de chá – e que possivelmente também faziam parte do dote.

Uma divertida anedota diz que, na caixa, estava escrito Transporte de Ervas Aromáticas, palavras que foram abreviadas para T.E.A (chá é “tea” em inglês).

Essa última parte provavelmente não é verdade – etimologistas acreditam que a palavra “chá” vem da transliteração de um caractere chinês -, mas o que se sabe com certeza é que o chá já era popular entre a aristocracia portuguesa devido à rota comercial do país para a China através de sua colônia em Macau, estabelecida por volta de 1500.

Quando a nova rainha chegou à Inglaterra, o chá era consumido apenas como remédio. Acreditava-se que ele dava vigor ao corpo

Mas, acostumada a beber o chá como parte de sua rotina diária, a jovem rainha sem dúvida manteve o seu hábito, tornando-o popular como uma bebida social em vez de apenas um tonificante.

O seu hábito de beber chá influenciou outros a fazê-lo. As mulheres da corte se apressaram a copiá-la para tentar fazer parte de seu círculo”.

Edmund Waller, um poeta popular na época, até escreveu uma ode de aniversário para a rainha logo após sua chegada: 

”A melhor das rainhas e a melhor das ervas, nós devemos

Àquela importante nação, pela forma como eles mostraram

À justa região onde o sol se põe,

Cujas ricas produções nós valorizamos justamente”.

Na verdade, o chá poderia ser encontrado na Inglaterra antes da chegada de Catarina, mas não era muito popular.

O chá era algo pouco comum para a época porque o produto era caro e todos bebiam café nessa época.

A razão para o alto custo tinha três motivos: a Inglaterra não tinha comércio direto com a China, o chá da Índia ainda não estava disponível e as quantidades pequenas importadas pelos holandeses com alta margem de lucro.

Nos principio eles copiaram o ritual inteiro da China. O país de origem de Catarina também teve um papel na popularização desse aspecto da experiência do chá. Portugal era uma das rotas através das quais a porcelana chegava até a Europa. A porcelana provavelmente também fez parte do dote de Catarina e, assim como outras mulheres aristocratas, ela teria acumulado muitos ornamentos para suas sessões de chá ao viver na Inglaterra

Ela deu início a um hábito aristocrático nos seus palácios – muito elegante, muito classe alta, e então todas as cerimônias que chegavam da China eram imediatamente associadas com o alto estilo de vida. 

Mas o chá não foi a unica introdução de Catarina de Bragança na Inglaterra.

-O conhecimento da laranja

Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.

-A compota de laranja

Que os ingleses chamam de “marmelade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495.

Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.

-Influenciou o modo de vestir

Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés

-Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.

-O uso do garfo para comer

Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.

-Introdução da porcelana

Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.

-Música

Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em Inglaterra.

-Mobiliário

Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.

-O nascimento do “Império Britânico”

O dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia. Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Gujarate. Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios.

Nasceu, assim, o Império Britânico!

– A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi baptizado em sua homenagem.

 

By : Outubro 5th, 2020 Historia, Reis e Rainhas 0 Comments

Filho de Dona Maria II e D Fernando II, D. Pedro V teve uma educação moral e intelectual esmerada, estudando entre outras disciplinas, ciências naturais, filosofia, escrita e línguas. Desde cedo demonstrou ter notável inteligência, aos dois anos falava alemão e francês e aos doze anos dominava o grego e o latim sabendo também falar inglês.

Viajou para diversos países e tentou trazer para Portugal a modernidade e evolução que encontrava nestas viagens, era liberal e inovador mas também caridoso e preocupado com o seu povo. Inaugurou o primeiro telégrafo em Portugal e também o caminho de ferro entre Lisboa e Carregado e foi chamado “O rei Santo” porque se recusou a sair de Lisboa durante as epidemias de cólera e febre amarela de 1853 a 1857 onde prestou auxilio direto às vitimas e criou o asilo D. Pedro V para acolher os seus órfãos , dando-lhes instrução primária e ensinando-lhes um oficio.

D. Pedro V não tinha grandes interesses matrimoniais, recusando a sua primeira prometida esposa mas aceitando por fim a segunda, Estefânia de hohenzollern-Sigmaringen.

Em Abril de 1858, o rei D. Pedro V e a rainha D. Estefânia casaram-se por Procuração, mas só se conheceram um mês depois.

O casamento foi a 18 de maio de 1858, na Igreja de São Domingos, em Lisboa. Toda a cidade estava pronta para receber o evento. 

Para agradar a sua futura esposa D. Pedro V manda fazer uma das jóias mais caras da Coroa Portuguesa em seu nome e propositadamente para o seu casamento. Um diadema com mais de 4.000 diamantes e é aqui, que segundo o povo, o infortúnio desta historia de amor começa.

Na época os diamantes não deveriam ser utilizados por mulheres virgens no casamento e como se isso não fosse já um presságio, a jóia era de tal maneira pesada que fez uma ferida aberta na testa da Rainha. Ao sair do seu casamento com sangue a escorrer o povo ditou a sua sentença: “Ai coitadinha…vai morrer!

No entanto, para D Pedro V, depois de conhecer D. Estefânia, tudo mudou: o casal parecia apaixonado, passeavam de mãos dadas pelos jardins de Sintra e Benfica.
Mas faltava a rainha engravidar. Um ano depois do casamento, a rainha sentiu-se mal e foi internada. Com apenas 22 anos de idade a rainha faleceu de difteria que terá sido contraída numa inauguração de caminhos de ferro no Alentejo.

O marido ficou à cabeceira da sua cama, sem dormir, durante dois dias inteiros. Os médicos da casa real fizeram uma autópsia, mas o seu resultado só foi tornado público 50 anos mais tarde num artigo do famoso médico Ricardo Jorge: a rainha morreu virgem!

No dia do enterro D. Estefânia levava consigo a tão preciosa jóia que à chegada ao local foi trocada por uma coroa de flores de laranjeira… a jóia, no valor de 86.953,645 reis nunca mais foi vista.

D. Pedro não conformado com a perda do seu grande amor acabou por morrer a 11 de novembro de 1861, aos 24 anos. Morreu de febre-tifóide que contraiu por beber água contaminada durante uma caçada. 

By : Setembro 17th, 2020 Reis e Rainhas 0 Comments

É o Rei conhecido pela epoca de esplendor, do barroco, pela construção do maravilhoso palácio e convento de Mafra, mas também pelas suas relações extraconjugais. E o que há de estranho num rei que tem amantes? Na aparência nada, aparte o facto que D João V tinha uma preferencia pela freiras…

E de todas as amantes, a mais famosa terá sido a madre Paula Silva, uma jovem morena, freira do Convento de Odivelas, para quem D. João V mandou construir aposentos sumptuosos, com tectos em talha dourada, onde era servida por nove criadas. Segundo o livro “Amantes dos Reis de Portugal”, as camas eram de dossel, forradas com lâmina de prata e rodeadas de veludos vermelhos e dourados, e os jarros onde urinava eram de prata.

Ao longo dos 10 anos que durou esta relação, o Rei deu-lhe um rendimento anual de 1708$000 réis, mas apenas podia ir para Odivelas ter relações com a freira quando o médico do paço o autorizava.

Em 1720, quando a madre Paula tinha 19 anos, deu à luz José, que era já o quarto filho bastardo do Monarca. 

O primeiro tinha nascido já após o casamento com D. Maria Ana de Áustria e era filho da sua primeira namorada, D. Filipa de Noronha, irmã do marquês de Cascais, seduzida quando D. João tinha apenas 15 anos e ela 22. Era dama da rainha Maria Sofia de Neuburgo, mãe do fogoso príncipe. Para a conquistar, D. João(zinho) serviu-se de meios loucamente insensatos, incluindo uma promessa de casamento. Galanteios e oferta de jóias fortaleceram o amor da dama, que acalentou a desculpável ilusão de vir a ser rainha de Portugal. Compreende-se a sua frustração ao saber das negociações com vista à união com a princesa Maria Ana de Áustria. 

Seguiram-se os três bastardos que ficaram conhecidos como os Meninos de Palhavã (por terem vivido num palácio nessa zona de Lisboa). Antes da madre Paula, nas suas primeiras visitas ao Convento de Odivelas, o Rei foi íntimo de uma freira francesa, que deu à luz D. António, e de outra religiosa portuguesa, mãe de D. Gaspar, que chegou a ser arcebispo de Braga. O Rei reconheceu estes seus três filhos ilegítimos numa declaração assinada em 1742.

Quando se cansou das visitas a Paula, D. João V passou a frequentar um palacete do século XVII que ainda existe em Lisboa, na esquina das ruas do Poço dos Negros e de São Bento. Morava ali D. Jorge de Menezes, senhor de propriedades no Algarve, mas o rei escolhia para lá ir os dias (ou as noites) em que sabia que ele não estava. Com quem ia avistar-se – furtivamente – era com D. Luísa Clara de Portugal, a mulher de D. Jorge. 

Mas, enquanto visitava Luísa Clara, D. João V galanteava também uma criada dela. E chegou até a nomear diplomata junto da Santa Sé, em Roma, um irmão da rapariga, sapateiro de ofício, o que foi uma grande loucura. 

E o previsível aconteceu: Luísa Clara engravidou durante uma das ausências do marido. Abatido, D. Jorge retirou-se para uma quinta de Sintra, onde viria a morrer. Quanto à rainha, ficou a ferver e tentou impedir – em vão – a entrada da rival nas festas do Paço. O fruto destes amores foi uma menina, mandada para o Convento de Santos.

Livre dos filhos e do marido, Luísa Clara ficou com tempo para tudo, inclusive para ser amante de um meio-irmão do rei, filho bastardo de Pedro II. Furioso, D. João V pensou em mandar castrar o atrevido parente, e só o confessor conseguiu aplacar-lhe a ira, evocando-lhe as penas do inferno.

D. João V envolveu-se ainda com uma cigana, Margarida do Monte, mas enviou-a para um convento, de forma a que deixasse de receber outros amantes.

A última amante de D. João V, quando este dobrara o cabo dos 50, seria a cantora de ópera italiana Petronilla Basilli. Para se manter à altura do desempenho lírico requerido, o rei começou a tomar afrodisíacos. E quando, dois anos depois, virou costas à Basilli, começou a murmurar-se que estava acabado. A verdade é que, na década final da vida, o Magnânimo se dedicou sobretudo aos gestos de beneficente que lhe justificaram o epíteto.

By : Setembro 3rd, 2020 Reis e Rainhas 0 Comments

No século XIII, no reino de Aragão nasceu uma princesa que viria a ficar na História de Portugal para sempre. 

Isabel, nome também da sua tia, santa Isabel de Hungria, irmã da avó paterna, nasceu muito provavelmente em Saragoça no Reino de Aragão a 11 de Fevereiro de 1270. Era filha de D. Pedro, o Grande e de Dona Constança de Sicília. Pelo lado paterno corria-lhe nas veias sangue da Hungria, enquanto pelo lado materno descendia de Manfredo de Nápoles e Sicília e de Dona Brites de Sabóia, seus avós. A menina, primogénita, entre vários irmãos, era delicada e muito bonita e desde logo na infância, vivida boa parte em Barcelona, demonstrou o gosto pela oração, o poder cândido de gerar afectos e reconciliações, a bondade ingénua e a inteligência promissora. Estas virtudes desencadearam em diversas Casas Reais da Europa o desejo forte de a ter como rainha.

Em 1279 subiu ao trono de Portugal D. Dinis, monarca culto, poeta, trovador, neto de Afonso X, o Sábio. O jovem rei tinha dezanove anos e considerando, entre diversas outras, razões de Estado, optou por escolher para sua rainha, Isabel, a filha do rei de Aragão. Isabel tinha três pretendentes, todavia é D. Dinis quem a vai ter a seu lado no trono português. As bases do contrato nupcial ficaram assinadas a 24 de abril de 1281.

O casamento realizou-se, por procuração na cidade de Barcelona, após copioso intercâmbio epistolar. Apenas dois meses depois os noivos encontraram-se pela primeira vez em terras portuguesas.

A rainha recebeu do marido uma significativa doação: Óbidos, que amou muito, Porto de Mós, Abrantes e mais 12 castelos.

Foi na cidade de Coimbra que a rainha Dona Isabel iniciou uma vida repleta de magnanimidade e santidade com a sua corte. Mãe de Constança e Afonso, futuro rei Afonso IV, piedosa, de suprema caridade e devota, a vida da rainha permaneceu ligada aos actos de complacência, de benesse através de esmolas, oferendas, cuidados, com que se dedicava aos mais pobres.

Paralelamente, as suas rogativas e diplomacia difundiam a concórdia e a paz entre reinos, parentes bem como entre o marido e filho.

O casamento com o rei D. Dinis durou cerca de 44 anos e só a morte do monarca em 1325 separou os cônjuges reais. Viúva, D. Isabel vestiu a partir dessa data o hábito humilde das religiosas de Santa Clara, e fixou a sua residência em Coimbra no Paço que tinha junto ao Mosteiro das Clarissas.

Sobreviveu ao marido pouco mais de dez anos, e em Dezembro de 1327 fez o seu segundo testamento no qual destinou o seu corpo a um túmulo na Igreja do Mosteiro de Santa Clara em Coimbra. Entre o Paço e o Convento, a rainha aliava os deveres da Coroa à devoção e piedade, sucediam-se dias de orações, obras de caridade, jejuns e fadiga que o tempo não apazigua.

Em Junho de 1336, a rainha foi informada que o seu filho iria bater-se em combate com o seu neto D. Afonso IV de Castela. O rei D. Afonso IV e a sua corte já se encontravam em Estremoz, D. Isabel, mãe e avó, com 66 anos, empreendeu numa longa e penosa jornada de dezenas de léguas entre Coimbra e Estremoz. A viagem foi cansativa e desgastante, a Rainha chegou muito doente e faleceu no dia 4 de Julho de 1336.

No dia seguinte el-rei dando cumprimento às últimas determinações da mãe, ordenou a transladação do corpo para Coimbra.

A rainha Dona Isabel foi estimada pelo povo pelas suas obras de caridade, na morte o mesmo povo começou a venerar os seus restos mortais, prestando-lhe culto acreditando em milagres e na sua santidade. O Rei D. Manuel solicitou à Santa Sé a beatificação da rainha D. Isabel, concedida pelo Papa Leão X em 1516. No século XVII procedeu-se à abertura do túmulo tendo declarado quem viu que o corpo da rainha encontrava-se incorrupto e com um aroma de flores. A rainha era santa. Em Maio de 1625 o Papa Urbano VIII canonizou solenemente a rainha Dona Isabel, passando a designar-se Rainha Santa Isabel. Quando o caixão foi transportado do Mosteiro de Santa Clara Velha para Mosteiro de Santa Clara a Nova, depois de as águas do Mondego terem inundado por completo o antigo convento, o túmulo voltou a ser aberto e, perante a estupefação de todos, verificou-se que o corpo se mantinha incorrupto e que o cheiro continuava a ser o aroma de flores.

O milagre das rosas

Conta a lenda que o rei, já irritado por ela andar sempre misturada com mendigos, a proibiu de dar mais esmolas. Mas, certo dia, vendo-a sair furtivamente do palácio, foi atrás dela e perguntou o que levava escondido por baixo do manto.

Era pão. Mas ela, aflita por ter desobedecido ao rei, exclamou:

– São rosas, Senhor!

– Rosas, em Janeiro?- duvidou ele.

De olhos baixos, a rainha Santa Isabel abriu o manto – e o pão tinha-se transformado em rosas, tão lindas como jamais se viu.

By : Agosto 18th, 2020 Reis e Rainhas 0 Comments

D. Dinis é uma das grandes figuras da historia portuguesa. Era, na sua época, um dos Reis mais respeitados no mundo. Conhecido como o “Rei Poeta” (pois terá escrito 173 poemas em Galaico-português) ou o “Rei Lavrador”, D. Dinis foi o 6º monarca de Portugal e reinou durante 46 anos. É descrito como culto, justo, por vezes cruel, piedoso, decidido e inteligente. Filho de D. Afonso III e de Beatriz de Castela, nasceu em pleno dia de S. Dinis, a 9 de Outubro de 1261, em Lisboa. Em 1279, aos 17 anos, D. Dinis chega ao trono de um país que vivia tempos instáveis. Entre 1280-1287, com o intuito de estabelecer a paz em Portugal, negoceia com a Santa Sé. A relação com a igreja estava deteriorada há muitos anos, chegando ao ponto, de por exemplo, o rei D. Afonso III ter sido excomungado. Logo no início do seu reinado, em 1280, D. Dinis, pensou no casamento e possivelmente nas questões políticas. Encontrou a sua esposa ideal em Isabel de Aragão, conhecida popularmente, hoje em dia, como a “Rainha Santa”. O casamento seria feito 2 anos depois, em Barcelona, por procuração. A Rainha Isabel tinha…10 anos! Ao chegarem a Portugal, foi feita a cerimónia em Trancoso. E depois fixaram-se em Coimbra. Deste casamento tiveram dois filhos: D. Constança e D. Afonso, futuro D. Afonso IV. No entanto, D. Dinis teve várias relações extraconjugais, dos quais teve filhos, que foram educados pela Rainha Santa! D. Dinis tomou várias medidas, como por exemplo: criou um sistema de leis, criou as feiras, apostou na pesca e em outras actividades marítimas, cedeu terrenos para cultivar a quem não tinha posses.

No Entre Douro e Minho dividiu as terras em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoação. Em Trás-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista: as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados serviços e edifícios eram comunitários, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho. Em 1290, fundou a primeira universidade no país, que se situava em Lisboa e posteriormente passou para Coimbra. Estabeleceu o Português como língua oficial na redacção de documentos e fez uma aliança com Aragão. Entre 1319 e 1324 esteve em guerra com o filho D. Afonso. Acabaram por fazer as pazes. Contudo, rezam as crónicas que, graças a este conflito, as relações com a sua mulher, a Rainha Santa, nunca mais foram saudáveis. Em 1290, concluída a reconquista portuguesa, o rei Dinis I de Portugal decretou que a “língua vulgar” (o galego-português falado) fosse usada em vez do latim na corte, e nomeada “português”. O rei trovador adoptara uma língua própria para o reino, tal como o seu avô fizera com o castelhano. Em 1296 o português foi adaptado pela chancelaria régia e passou a ser usado não só na poesia, mas também na redacção das leis e pelos notários.A 7 de Janeiro de 1325, aos 63 anos (uma idade muito avançada para a altura), D. Dinis faleceu em Santarém. Foi sepultado no Mosteiro de Odivelas, um edifício que foi criado por si. Análises feitas ao seu túmulo indicam que o “Rei Poeta” foi muito saudável (incrivelmente faleceu com todos os dentes), permitindo ainda concluir que media 1,65 metros e tinha cabelo e barba ruivos.