By : Maio 31st, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Em Portugal, D. Manuel 1º, o Venturoso, (1469-1521), foi quem ordenou que se organizasse em Portugal um núcleo heráldico para os escudos de armas das famílias nobres, (quase que simultaneamente ao Colégio Inglês de Armas fundado em 1484) que organizou/corrigiu e mandou registrar os Brasões. Foram qualificadas com destaque 72 famílias como as mais ilustres e importantes do Reino, tendo como diferencial honra, história e bens e os seus Brasões foram pintados no teto da Sala dos Brasões do palácio Nacional de Sintra (palácio da Vila).
Mandado erguer pelo Rei D. Dinis há 700 anos, o Palácio da Vila foi sendo atualizado e acrescentado por sucessivos reis. Encomendada por D. Manuel I no séc. XV, a Sala dos Brasões é a peça mais impressionante deste singularíssimo palácio real. Mas aquilo que nesta sala parece ser um excepcional programa decorativo é na verdade um milimétrico programa político: a Sala dos Brasões do Palácio da Vila de Sintra é a imagem perfeita da centralização do poder do rei que D. Manuel fixa inequivocamente. Ao contrário do que acontecera com os seus antecessores na Idade Média, D. Manuel I já não era um par entre iguais, mas um rei absoluto, acima de todos os outros homens e de quem imanava toda a luz e todo o poder.
O lugar que cada uma das 72 famílias nobres aqui representadas ocupava na hierarquia da corte está expresso na colocação das respetivas armas ou emblemas no teto da Sala dos Brasões.
Ao colocar o seu brasão no alto da cúpula desta sala, D. Manuel projeta-se como centro e topo de uma sociedade altamente hierarquizada, mas interdependente. O seu poder depende do apoio da nobreza, e esta obtém do rei a distinção social de que necessita.
A nobreza é aqui representada pelos brasões das 72 famílias mais importantes. Os brasões refletem identidades a que os indivíduos se associam, sendo uma forma de distinção social.
Entre o símbolo de D Manuel e os brasões das famílias nobres, encontram-se os brasões dos oito filhos de D Manuel.
A inscrição em torno da sala revela como a memória dos serviços prestados pelos antepassados – “os leais serviços” – definiam a identidade e a posição social de cada um. Quanto ao rei, ele é o juiz supremo a quem cabe garantir essa ordem.
As paredes desta sala foram revestidas no século XVIII a azulejos com cenas galantes.

By : Maio 23rd, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Um presente de casamento muito especial o do rei de Portugal D. Dinis que deu Óbidos à sua esposa Dona Isabel; seguindo o exemplo dela, os governantes portugueses adquiriram o hábito de oferecer cidades às suas esposas.

Óbidos tinha que ser um verdadeiro esplendor para fazer uma rainha se apaixonar, e ainda hoje é. O que torna esta vila magnífica são as suas muralhas com ameias, uma muralha que a envolve completamente, dando-lhe o aspecto de um castelo de conto de fadas.

O olho tem dificuldade em focar em algo, só vê beleza ao redor: casas brancas brilhantes, telhados vermelhos, vielas pavimentadas, enormes trepadeiras de glicínias e buganvílias, cactos gigantes …

Algumas casas são decoradas com faixas amarelas e azuis claras, e todas as cores se iluminam sob o céu claro e os raios do sol.

O castelo de Óbidos destaca-se pela imponência sobre a vila. Construída pelo próprio Dom Dinis no século XIII, é hoje uma pousada de luxo, um verdadeiro hotel romântico. A mansão não está aberta à visitação, mas durante o Mercado Medieval torna-se o centro do festival e da vida na aldeia. É como voltar atrás no tempo.

Mercado medieval de Óbidos

Este festival medieval anima Óbidos durante duas semanas em julho. É famosa em Portugal e no estrangeiro, tanto que atrai autocarros cheios de turistas à cidade.

A cidade está repleta de figuras fantasiadas: cortesãs, músicos, cavaleiros, mendigos, bardos, prisioneiros, cozinheiros, camponeses … Pagando um extra com o bilhete de entrada, até os visitantes podem alugar um vestido medieval por um dia.

Existem barracas de comida, e verdadeiras tabernas medievais. Há também um calendário de apresentações ao vivo: torneios de cavalaria, apresentações teatrais e cômicas, fogos de artifício e muito mais

By : Maio 15th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

A Capela dos Ossos foi construída no século XVII, por iniciativa de três frades franciscanos cujo objetivo era transmitir a mensagem da transitoriedade e fragilidade da vida humana. Esta mensagem é claramente passada aos visitantes logo à entrada, através do aviso: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Era um modelo então em voga, com a intenção de provocar pela imagem a reflexão sobre a transitoriedade da vida humana e o consequente compromisso de uma permanente vivência cristã. Tanto as paredes como os pilares estão revestidos de alguns milhares de ossos e crânios, provenientes dos espaços de enterramento ligados ao convento. Os frescos que decoram o tecto abobadado, datados de 1810, apresentam uma variedade de símbolos ilustrados por passagens bíblicas e outros com os instrumentos da Paixão de Cristo. 

Mostra, no fundo, o macabro gosto do homem barroco pela necrofilia.

Esta capela de caveiras e ossos foi construída no local onde inicialmente era o dormitório e sala de reflexão dos frades. É formada por três naves de cerca de 18,70m de comprimento e 11m de largura. A luz natural entra estrategicamente nestas naves apenas por três pequenas frestas do lado esquerdo. As paredes da Capela dos Ossos e os oitos pilares que a constituem encontram-se revestidos com ossos e crânios humanos, cuidadosamente dispostos, ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco e pintadas com motivos que simbolizam ou aludem à morte. Para além das ossadas, a Capela dos Ossos, está também decorada com estátuas de cariz religioso e uma pintura estilo renascentista e barroco.

As arcarias apresentam-se ornamentadas com filas de caveiras, cornijas e naves brancas. Calcula-se que sejam cerca de 5000 as caveiras humanas que ali se encontram, entre inúmeros ossos, provenientes das sepulturas da igreja do convento e de outras igrejas e cemitérios da cidade.

No século XVI existiam perto de quarenta e dois cemitérios monásticos na cidade, os quais ocupavam demasiado espaço. Em jeito de solução, aqueles monges extraíram os ossos do chão e utilizaram-nos para construir e “decorar” esta capela.

By : Maio 11th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

O Funicular mais antigo do mundo, escadarias intermináveis, fontes e estatuas barrocas, envolvidos por um manto de vegetação, fazem do Bom Jesus do Monte (ou Bom Jesus de Braga) um dos destinos mais procurados por bracarenses e visitantes.

Em 1373, se registavam sinais de atividade e construção de uma Ermida no Bom Jesus. No entanto, o Bom Jesus tal como conhecemos hoje surge em 1722 quando, por iniciativa de D. Rodrigo de Moura Teles, deu-se inicio ao projeto do atual Santuario, com a construção das Capelas da Via Sacra, do Portico, e dos Escadórios dos Cinco Sentidos. Em 1784, com o fluxo cada vez maior de peregrinos, o Arcebispo D. Gaspar de Bragança confia a Carlos Amarante a tarefa de desenhar uma nova basílica, concluida em 1811.

Escadório do Pórtico

No extremo inferior do escadório do Portico existe um arco de 7 metros de altura e 4 metros de largura e a escadaria serpenteia entre vegetação densa ao longo de 376 degraus até ao largo que precede o escadorio seguinte – dos Cinco Sentidos.

A escadaria dos Cinco Sentidos inicia-se junto а Fonte das Cinco Chagas ou Fonte das Cinco Correntes e a partir dai, em cada lanço de escadas existe uma fonte correspondente a um dos sentidos humanos.

Escadório das Virtudes

Depois da escadaria alegórica do sistema sensorial vem o Escadorio das Virtudes. O escadório inicia-se num atrio quadrangular. Aqui podem encontrar-se fontes alusivas а Fé, Esperança e Caridade

Largo do Pelicano

No Largo do Pelicano podemos admirar o belissimo jardim barroco

Adro do Bom Jesus

Aqui reside um conjunto de estatuas representativo de personagens biblicas ligadas а Paixão de Cristo: Anas, Caifas, Herodes e Pilatos de um lado e José de Arimateia, Nicodemos e Pilatos.

Via-Sacra

A Via-Sacra encontra-se representada em todo o Santuario do Bom Jesus do Monte com 17 capelas que mostram vários momentos ligados a paixão de Cristo

Funicular (ou Elevador do Bom Jesus)

Um projeto da autoria de Niklaus Riggenbach e foi inaugurado em 1882. O único na península ibérica  e o mais antigo do mundo em atividade. Um funicular  movido a agua, por contrapeso. Duas cabines, ambas com depositos de agua, estão ligadas por um cabo. Quando uma cabine se encontra no topo, o deposito dessa cabine é enchido com agua (cujo volume depende do numero de passageiros), enquanto o deposito da cabine do fundo é esvaziado.Quando o maquinista solta os travões, a diferença de pesos faz com que a cabine inferior suba.

By : Maio 3rd, 2021 Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Palácio Nacional de Queluz encanta pela sua imponência e pela exuberância dos seus detalhes arquitectónicos. Intimamente ligado às vivências de três gerações da Família Real portuguesa, e palco de intensas emoções, o palácio reflete a evolução dos gostos e estilos da época, passando pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo.

Em seu redor, cenográficos jardins convidam a “passear” pela época em que a corte ali organizava sumptuosas festas e guardam as memórias dos passeios de gôndola no canal, do teatro, das caçadas, dos serões musicais e literários, dos bailes de máscaras, dos jogos e das récitas ao ar livre.
Em 1747, o Infante D. Pedro, terceiro Senhor da Casa do Infantado e futuro rei D. Pedro III (por casamento com D. Maria I) encarrega o arquiteto Mateus de Vicente de Oliveira de ampliar o chamado “Paço Velho”. Anos mais tarde, em 1760, o anúncio do casamento de D. Pedro com a herdeira do trono, a princesa D. Maria, motiva obras mais profundas.
Nesta fase, os trabalhos ficam a cargo do arquiteto e ourives Jean-Baptiste Robillion. D Pedro III dedica a sua atenção a este local, transformando-o num espaço de lazer e entretenimento da Família Real e recheando-o de salas de aparato, como a Sala do Trono ou a Sala dos Embaixadores. Nos jardins, a decoração é marcada por diversos grupos escultóricos que evocam a mitologia clássica, de que se destacam as estátuas em chumbo do atelier londrino de John Cheere.

Após o incêndio da Real Barraca da Ajuda, em 1794, onde a Família Real vivia em permanência desde o terramoto de 1755, o Palácio de Queluz torna-se residência oficial da rainha D. Maria I e, posteriormente, dos príncipes regentes D. João VI e D. Carlota Joaquina
O palácio é habitado em permanência até à partida da Família Real para o Brasil

Em 1821, D. João VI regressa a Portugal, mas o palácio só volta a ser habitado, em regime de semi-exílio, pela rainha D. Carlota Joaquina, acusada de conspirar contra o marido. A geração seguinte, marcada pela Guerra Civil que opôs os irmãos D. Miguel e D. Pedro IV de Portugal e primeiro Imperador do Brasil, encerrou a vivência real do Palácio de Queluz. É no Palácio de Queluz, no quarto D. Quixote, onde nasceu, que D. Pedro IV acaba por morrer.

By : Abril 29th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Monumento memorial da batalha de Aljubarrota e panteão régio, cuja construção teve início em finais do século XIV com o patrocínio de D. João I, o Mosteiro dominicano da Batalha é o mais significativo edifício do gótico português. As suas vastas dependências constituem hoje um excelente exemplo da evolução da arquitetura medieval até ao início do século XVI, desde a experiência inédita do tardo-gótico à profusão decorativa do manuelino.

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, também designado Mosteiro da Batalha é, indiscutivelmente, uma das mais belas obras da arquitetura portuguesa e europeia.

Este excecional conjunto arquitetónico resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória em Aljubarrota, batalha travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.

Dom João I está enterrado ali, na Capela do Fundador, ao lado da mulher, D. Filipa e dos filhos. 

As obras prolongaram-se por mais de 150 anos, através de várias fases de construção. Esta duração justifica a existência, nas suas propostas artísticas, de soluções góticas (predominantes) manuelinas e um breve apontamento renascentista. Vários acrescentos foram introduzidos no projeto inicial, resultando um vasto conjunto monástico que atualmente apresenta uma igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas.

A abissal Sala do Capítulo revela uma imensa abóbada, sem qualquer apoio central. O projeto é considerado um dos mais audaciosos da arquitetura gótica europeia.

Conta a historia  que o arquiteto Afonso Domingues, jà cego, logo depois ter realizado essa abóboda, teria ficado ali durante três dias e três noites para ver se resistia, para assistir a sua maior obra ou morrer com ela. 

Realizadas por D Duarte são as Capelas Imperfeitas que, apesar do nome, são absolutamente majestosas. Sò que nunca foram acabada e assim ficaram, incompletas mas espetaculares. 

Monumento nacional, o mosteiro integra a Lista do Património da Humanidade definida pela UNESCO, desde 1983.

By : Abril 22nd, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Em 1983, a UNESCO declarou uma joia inestimável da história ocidental como monumento “Património Mundial”: o Castelo dos Templários e o Convento dos Cavaleiros de Cristo em Tomar. Este vasto complexo monumental, edificado sobre um antigo local de culto romano, conta-nos cerca de sete séculos de história portuguesa e os momentos mais marcantes da história ocidental.

Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, doou uma vasta região entre os rios Mondego e Tejo aos Cavaleiros do Templo de Jerusalém. Reza a lenda que, em 1160, os cavaleiros que ali chegaram escolheram uma montanha para construir um castelo e o nome que lhe teriam dado: Tomar. Em 1314, a Ordem do Templo foi extinta devido às perseguições ao rei da França, Filipe, o Belo. Mas graças a D. Dinis, em 1319 gentes, bens e privilégios foram totalmente integrados numa nova ordem – a Milícia dos Cavaleiros de Cristo – que juntamente com o Infante D. Henrique apoiaria a nação portuguesa no grande empreendimento das descobertas marítimas .dos séculos XV e XVI. O Castelo de Tomar tornou-se então Convento e Sede da Ordem e o Infante D. Henrique, o Navegador, seu Governador e Administrador perpétuo.

Originalmente era um castelo fortificado que servia para defender o reino cristão da agressão dos mouros, que pressionavam as fronteiras.
Hoje o Convento de Cristo é uma mistura dos estilos gótico, românico, manuelino e renascentista, mas não é preciso ser um especialista em arquitetura para apreciar a sua beleza.
Passear por seus oito pátios, cada um diferente do outro, e admirar a riqueza das esculturas e decorações faz você se sentir dentro de uma máquina do tempo.
Uma das partes mais extraordinárias do Convento de Cristo é a Charola, uma igreja templária de 16 lados, construída em imitação da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Diz-se que a sua planta circular se deve ao facto de os cavaleiros poderem participar nas funções permanecendo na sela do seu cavalo.

Vistas do exterior, a igreja e a casa capitular são uma profusão de decorações manuelinas: capitéis, esculturas, gárgulas, cordas, símbolos templários … Um belo exemplo é a janela manuelina, uma janela ricamente decorada no lado poente da igreja , que pode ser melhor admirado do vizinho Claustro de Santa Bárbara.

Entre os oito pátios do Convento de Cristo, o Claustro Principal de estilo renascentista ou de Dom João III deixa-o sem palavras. É um claustro de dois pisos, ligado por escadas helicoidais nos quatro cantos, tendo ao centro uma fonte em cruz templária. A atmosfera é verdadeiramente sugestiva, você se sente transportado de volta no tempo.

By : Abril 18th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

O Mosteiro dos Jerónimos é o monumento mais famoso e visitado de Lisboa, e não só é uma obra arquitectónica excepcional, mas também um importante símbolo da identidade e cultura portuguesas.
Esta obra-prima do estilo manuelino, expressão artística primorosamente portuguesa que mistura elementos do gótico tardio e renascentista com elementos mudéjar, foi fundada por vontade de D. Manuel I perto do local onde D. Henrique o Navegador, figura-chave da expansão ultramarina da Portugal, tinha construído uma igreja dedicada a Santa Maria de Belém. Quando os marinheiros estavam para fazer uma longa viagem, eles foram a esta igreja para se entregar a Nossa Senhora. Vasco da Gama não foi exceção antes de sua expedição às Índias. Foi então que o Rei D. Manuel prometeu, se tivesse sucesso, construir uma igreja ainda maior naquela igreja, e então decidiu transformá-la no panteão de sua família.
Foi construído em 1502 por projecto do arquitecto Diogo Boytac e dedicado a San Geronimo; muitos artistas portugueses, franceses e espanhóis colaboraram na sua realização. A ordem dos girolamini foi dissolvida em 1833: desde então até 1940 o mosteiro foi usado como escola e orfanato; em 1907 foi declarado monumento nacional e em 1983 Patrimônio Mundial da UNESCO. Nos seus cinco séculos de história, o mosteiro atraiu poetas, navegadores, reis e artistas e foi o cemitério de nobres e exploradores: hoje é uma das principais atracções turísticas de Lisboa.
A Igreja de Santa Maria, de aspecto gótico, alberga os cenotáfios de Vasco da Gama e do poeta Luís Vaz de Camões (cujos ossos foram aqui transportados); o coro também se destaca, com bancos de madeira finamente entalhados.
O claustro é provavelmente a atracção mais surpreendente do mosteiro: um dos mais bonitos da Europa, tem uma forma quadrada e mede 55 metros de cada lado, com duas filas de janelas em todos os lados. É um triunfo das decorações manuelinas, das criaturas fantásticas da balaustrada superior e dos símbolos da época em que foi construído o claustro, como a esfera armilar e a cruz da Ordem militar.
O portal de entrada, embora menor que o portal sul, é o mais importante: orientado simbolicamente a nascente, é o ponto de acesso à igreja, perfeitamente alinhado com o altar-mor. Desenhado por Boitaca, foi construído por Nicolau Chanterenne em 1517. Em ambos os lados da porta há estátuas de um monarca em respeitoso ato de oração: Dom Manuel I com San Geronimo à esquerda e Rainha Maria com São João Batista à direito. Na parte superior é possível ver três nichos com grupos escultóricos representando a Anunciação, o nascimento de Cristo e a adoração dos Magos. É difícil acreditar que a porta sul seja, tecnicamente falando, apenas uma entrada secundária: a sua magnífica decoração torna-a no elemento de maior impacto visual de toda a fachada. A figura central representa Nossa Senhora de Belém com o Menino, na parte inferior os santos e apóstolos e na parte superior uma estátua do Arcanjo Miguel domina toda a composição.

By : Abril 8th, 2021 Historia, Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado erguer por D. José I (1714-1777) no alto da colina da Ajuda. Este edifício, construído em madeira para melhor resistir a abalos sísmicos, ficou conhecido por Paço de Madeira ou Real Barraca. Substituía o sumptuoso Paço da Ribeira que fora destruído no Terramoto que arrasou Lisboa em Novembro de 1755.

O novo Paço, habitável desde 1761, veio a ser a residência da Corte durante cerca de três décadas. Em 1794, no reinado de D. Maria I (1734-1816), um incêndio destruiu por completo esta habitação real e grande parte do seu valioso recheio.

 O projeto de construção dum novo palácio de pedra e cal, iniciou em 1796 sob a regência do príncipe real D. João, mas foi suspenso decorridos cinco anos de construção, quando, em 1802, Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, arquitectos formados em Itália, foram encarregues de o adaptar à nova corrente neoclássica. 

A partida da Corte para o Brasil, em 1807, na sequência das invasões napoleónicas, e a falta periódica de recursos financeiros não permitiram ao projeto de continuar de maniera regular. 

Os confrontos entre liberais e absolutistas mergulharam o país numa frágil estabilidade e, em 1833, a construção paralisou por completo. Após a vitória liberal, D. Pedro assumiu o Governo como regente, na menoridade da filha, D. Maria da Glória, e jurou a Carta Constitucional na Sala do Trono do Paço da Ajuda, em 1834. 

Foi com a subida ao trono de D. Luís I (1838-1889), que uma nova etapa se iniciou, adquirindo finalmente a verdadeira dimensão de paço real ao ser escolhido para residência oficial da corte. As verdadeiras alterações na decoração dos interiores começaram em 1862, ano do casamento do rei com a princesa de Sabóia, D. Maria Pia (1847-1911). Foi então iniciado um longo trabalho de reformulação que se estendeu a diversos níveis: das paredes aos tectos – forrados, estucados ou pintados de novo –, ao revestimento dos soalhos com parquets e alcatifas, à escolha do mobiliário para as salas. Tudo encomendado a casas especializadas, portuguesas ou estrangeiras, fornecedoras da Casa Real. Os presentes de casamento e bens trazidos de Itália pela rainha ajudaram á decoração dos apartamentos remodelados. 

Os espaços queriam-se agora mais íntimos e resguardados. Introduziram-se novas dependências no piso térreo: a Sala de Jantar, para as refeições diárias da família, uma sala de estar – a Sala Azul – e zonas de lazer, de que são exemplo a Sala de Mármore e a de Bilhar; por fim, as casas de banho dotadas de água corrente, quente e fria. O andar nobre fora reservado para as recepções de gala e o piso térreo, a partir da Sala de Música e ao longo da fachada poente, destinado aos aposentos privados. O Palácio foi-se tornando palco das reuniões do conselho de Estado, dos dias de grande gala – os banquetes e as recepções oficiais – e do quotidiano familiar: aqui nasceram os príncipes D. Carlos (1863-1908) e D. Afonso (1865-1920). 

Após a morte de D. Luís I, em 1889, a vida agitada do Palácio da Ajuda alterou-se profundamente. No novo reinado, a Corte dividira-se entre três Paços: a Ajuda, onde D. Maria Pia permaneceu com D. Afonso; Belém – onde nasceram os príncipes D. Luís Filipe (1887-1908) e D. Manuel (1889-1932) – e as Necessidades, residências alternativas de D. Carlos I e D. Amélia (1865-1951). O andar nobre da Ajuda manteve-se reservado para a realização de cerimónias oficiais. 

Em 1910, quando da instauração da República e consequente exílio da Família Real, o Palácio foi encerrado. 

Em 2007, o Palácio, juntamente com os outros palácios nacionais passou a integrar o conjunto de imóveis tutelados pelo Instituto dos Museus e da Conservação. 

Hoje é cenário das cerimónias protocolares de representação de Estado. 

By : Março 30th, 2021 Gastronomia, Lugares e Monumentos 0 Comments

Com certeza já ouviu falar muito sobre o vinho madeira. Famoso na culinária, é o vinho utilizado no também famoso molho madeira.
O que é vinho madeira?
O Vinho Madeira é um vinho fortificado, com elevado teor alcoólico. É envelhecido ao calor, e produzido na região com Denominação de Origem da Madeira a partir de cerca de 5 tipos de uvas diferentes.
Chega ao mercado em diversos teores de açúcar de suave à seco, sendo classificados como: Seco, Meio Seco, Meio Doce ou Doce, todos marcados por seus altos níveis de acidez.
Esta acidez acentuada é o resultado direto da sua localização: um arquipélago, bem ao largo da costa noroeste do Marrocos, composto por duas ilhas habitadas – Madeira e Porto Santo, além de duas delas desabitadas, chamadas de Deserta e Selvagem.
Todo o vinho madeira é produzido em 500 hectares de solo vulcânico, localizados principalmente na costa norte da ilha, é ali que as vinhas balançam precariamente em encostas que desafiam gravidade.
São verdadeiras escadas gigantes e cada degrau, os portugueses chamam de “poios”. O único jeito de fazer a colheita, claro, é de forma manual.
Já para a irrigação, a água é historicamente captada das partes mais altas da ilha (cerca de 1800 metros de altitude) e canalizada através de 2150 km de canais artificiais denominados “levadas” – muitos dos quais datam do século XVI.

Com qual uva é feito o vinho madeira?
Cerca de 90% da produção total do vinho Madeira é feita através da casta Tinta Negra, enquanto os outros 10% se dividem entre Sercial, Boal, Verdelho e a Malvasia, e são escolhidos para elaboração dos rótulos finos.
Esses últimos dão vinhos Madeira mais simples. São envelhecidos em canteiro. Os ditos “Canteiros” são estruturas de madeira permitem que os barris de vinho fiquem o mais alto possível, mais próximo das telhas dos galpões, pegando mais calor. Isso acontece por pelo menos 2 anos.
É esse processo que traz características únicas e aromas intensos e complexos a esse tipo de Vinho Madeira mais simples. Eles só podem ser comercializados 3 anos depois do dia 1 de janeiro do ano da colheita.
Como fazer o molho madeira?
Ingredientes:
2 colheres de amido de milho
1 colher de sopa manteiga
1 cebola pequena picada
3 colheres de sopa de molho inglês
1 tablete de caldo de carne
2 chavena de agua
1 chavena de vinho seco
Sal e pimenta

Modo de Preparo
Reserve 5 colheres (sopa) de água para diluir o Amido de Milho.
Em uma panela média, leve ao fogo a manteiga e junte a cebola e refogue, até que esteja levemente dourada. Acrescente o restante da água e o caldo de carne esfarelado. Junte o molho inglês e misture. Acrescente o Amido de Milho previamente dissolvido e o vinho. Em fogo médio, cozinhe, sem parar de mexer, até ferver. Deixe por 4 ou 5 minutos ou até ficar cremoso. Sirva ainda quente, acompanhado da carne a sua escolha.

CURIOSIDADE
Para evitar que o vinho se estragasse, foram adicionados destilados neutros de uva, o álcool vinílico (quase uma cachaça de uva. Isso porque nas longas viagens marítimas, os vinhos estavam expostos ao calor excessivo, junto com o balanço do mar, acabavam tendo seu sabor alterado. Ao acaso, os produtores de vinho da Ilha da Madeira descobriram este fato quando uma remessa não aceita pelos compradores retornou à ilha após uma viagem e retorno. Hoje este fato tornou o produto em um ícone do local, exatamente por essa característica descoberta sem querer.