Em Portugal, os vestígios da presença da oliveira datam da Idade do Bronze, mas só nos séculos XV e XVI o seu cultivo se generaliza a todo o país.
A produção de azeite, em Portugal, conhece nas primeiras décadas do século XXI uma fase sem precedentes na sua história.
As regiões de Trás-os-Montes e do Alentejo representam as duas faces da olivicultura portuguesa, numa altura em que a qualidade do azeite tem revalorizado a imagem do mundo rural.
Portugal difere nos seus azeites nas regiões de Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa, Ribatejo, Norte Alentejano, Alentejano Interior e Moura, onde existe a maior cooperativa nacional de olivicultores. Mas afinal como se distingue um azeite? Pela acidez, pelo aroma, pelo sabor que pode ser mais frutado, amargo ou picante. Não tanto pela cor, como antigamente, por isso hoje as provas são feitas em copos escuros.
Portugal sempre dependeu das importações para ter azeite no prato. Tem hoje um nível de autossuficiência que chega a superar os 150 por cento, fruto da monocultura instalada no Alentejo, com mais de três quartos da produção nacional. Onde antes se viam campos secos ou sementeiras de cereais, há hoje uma paisagem coberta por extensos olivais intensivos ou mesmo superintensivos.
O azeite de Portugal é de uma qualidade extraordinária. Pilar da alimentação saudável, príncipe da dieta mediterrânica, é um tesouro nacional em crescimento.
Haverá melhor do que molhar um pedaço de pão fresco num prato de azeite? Ou o sabor das torradas, feitas em brasas incandescentes, regadas com azeite no lugar da manteiga? Haverá maior prazer do que uma lasca de bacalhau acabado de sair do forno onde tostou numa cama de cebola e azeite? Os portugueses sabem que não. A juntar a tudo isto, é um dos elementos centrais da dieta mediterrânica – Património Mundial e Imaterial da Humanidade da Unesco desde 2013.
Cada português consome em média oito litros de azeite por ano, ainda assim menos que espanhóis ou italianos, que são, não apenas os maiores consumidores, como também os maiores produtores.
A palavra azeite tem origem no vocábulo árabe az- -zait, que significa literalmente “sumo de azeitona”. Do olival as azeitonas são levadas para o lagar, onde são limpas, antes de serem trituradas. Depois dá-se a centrifugação que separa o azeite das águas e bagaço da azeitona. O número de lagares evoluiu de forma proporcionalmente inversa à produção. Há uma década existiam perto de mil lagares para uma produção que pouco passava das 50 mil toneladas. Hoje são cerca de 500 lagares espalhados por todo o país. “Temos muito menos lagares, mas os que ficaram são muito mais eficazes, mais modernos, mais bem equipados.”
Na Grécia Antiga as oliveiras eram veneradas como árvores sagradas e o azeite usado na culinária, como unguento ou em iluminação, e era e é verdadeiro ouro líquido. Agora, ninguém resiste ao azeite português.
A bola de Berlim é um bolo muito tradicional em Portugal, normalmente vendido na praia.
De facto, há algo de alemão nestas bolas. A verdade é que a base desta receita foi trazida por algumas famílias judias alemãs que, por altura da 2ª Guerra Mundial, encontraram refúgio em Portugal. Por terras germânicas são mais conhecidas por “Berlinesa” (Berliner/Berliner Pfannkuchen/Berliner Ballen).
Mas não se pense que este bolo se mantém fiel à receita original. O recheio de um doce à base de frutos vermelhos foi substituído por um dos doces mais comuns e apreciados em Portugal – o doce de ovos.
Isto, já para não falar nas mais que muitas variedades de recheio que têm surgido nos últimos anos. Além disso, as Berlinesas são mais pequenas e costumam ser polvilhadas com um açúcar mais fino do que o usado nas bolas de Berlim.
Ao longo dos anos em que durou a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, vários milhares de refugiados fugiram para Portugal — um pais oficialmente neutro —, com o objetivo de viajarem para outros países e continentes através dos navios transatlânticos. Muitas famílias judias alemães, por exemplo, encontraram no nosso País um abrigo temporário — antes de rumarem para uma nova vida, fosse nos EUA ou, depois, no recém-fundado estado de Israel. De qualquer forma, durante o período que viveram aqui e enquanto esperavam pelos papeis necessários para partirem novamente, estes refugiados tiveram de trabalhar para sustentarem as famílias
Muitos judeus tornaram-se funcionários de empresas nacionais, como pastelarias e cafés. Por isso, vários destes espaços, sobretudo em Lisboa e no Porto, começaram a vender doces tipicos germanicos, incluindo a bola de Berlim.
Tendo em conta o tamanho e a forma redonda (ideal para agarrar com uma mão), as bolas de Berlim começaram a ser vendidas na rua. Mais tarde, chegaram аs praias
Ingredientes
Para a massa
600 g de farinha tipo 55
150 ml de leite meio-gordo
100 g de açúcar
100 g de margarina
30 g de fermento de padeiro fresco
4 ovos
½ colher de café de sal fino
Para o creme
500 ml deleite meio-gordo
125 g de açúcar
75 g de farinha tipo 55
4 gemas de ovo
1 casca de limão
½ l de óleo vegetal (para fritar)
Modo de Preparação
1 – Numa tigela, coloque a farinha peneirada.
2 – No centro, faça uma cova e junte o leite morno, o açúcar e o fermento, mexendo com as mãos até dissolver.
3 – Faça outra cova e junte, agora, os ovos, a margarina e uma pitada de sal.
4 – Envolva e, lentamente, vá juntando a farinha.
5 – Quando a massa estiver homogénea, amasse-a numa bancada, polvilhada com farinha.
6 – Coloque novamente na tigela e tape com película aderente. Deixe levedar até dobrar de volume.
7 – Divida a massa em 15 partes iguais e modele com o formato de bolas.
8 – Disponha num tabuleiro polvilhado com farinha e deixe levedar novamente, até ficar com o dobro do tamanho.
9 – Entretanto, numa taça, misture o açúcar, a farinha e as gemas, juntando um pouco de leite frio. Reserve.
10 – Ferva o restante leite com a casca de limão e verta sobre a mistura, mexendo sempre.
11 – Leve ao lume, até engrossar. Retire, verta para um tabuleiro e deixe arrefecer.
12 – Frite as bolas de massa em óleo, vire-as a meio da fritura e escorra.
13 – Passe por açúcar, corte as bolas a meio e recheie com o creme.
Se você perguntar a um português o que é uma comida de rua típica em Portugal, ele responderá: uma bifana. Agora a pergunta é “O que é isso?”
Em Portugal, encontrará muitas sandes que têm como função servir de refeição rápida, por vezes com apenas uma tigela de sopa a complementar. Sei que, para muita gente, um sanduíche é o suficiente, mas gostamos de ter refeições mais fartas.
Você saberá que um dos principais sanduíches do país, apreciado de norte a sul, é a bifana. Simplificando, é um sanduíche de bife. Um bife de porco, para ser mais específico, temperado com alho e especiarias, depois colocado dentro de um pãozinho.
Parece básico o suficiente, não é?
No entanto, em todos os lugares que você experimentará, um terá um sabor diferente.
E essa é a beleza disso! Como é possível que um pedaço de bife possa caber tão perfeitamente em um pãozinho e apresentar a você uma mistura de sabores que vai agradar o seu paladar ?!
No Norte do país, geralmente é feito com pedacinhos de bife temperados numa panela grande com molho e costuma ser um pouco picante. O pão é um pãozinho branco simples, que acaba umedecido com o molho do bife. À medida que você vai mais para o sul, porém, o bife não é mais cortado e, em vez disso, é batido com um martelo, ele é principalmente com alho e nem um pouco picante – em vez disso, eles sugerem que você o coma simples ou com mostarda. Além disso, o pão é torrado levemente. E, infelizmente, há menos molho também.
Mas qual é o original?
Diz-se que o original provém da localidade de Vendas Novas, no Alentejo, no sul do país.
De qualquer forma, é tão típico em Portugal que também o Mac Donald teve de introduzir um Mac Bifana no seu menu.
Como você pode fazer uma Bifana?
Ingredientes
4 pão (papo seco português)
1 kg de bife de porco, em fatias muito finas
5 dentes de alho picados
60 gr banha
½ chavena de vinho branco
3 folhas de louro
Suco de limão
1 colher de chá de páprica
Sal
Pimenta moída na hora
Instruções
Num recipiente, coloque uma camada de costeletas e tempere com sal, pimenta, louro, colorau, suco de limão e alho.
Se necessário, faça várias camadas com todas as costeletas, temperando-as da mesma forma em cada camada.
Por fim, regue as costeletas com o vinho branco e deixe marinar 3 horas no frigorífico.
Em uma frigideira grande, ouça a banha em fogo médio.
Escorra as costeletas e reserve a marinada. Frite-os na banha em fogo alto, virando-os constantemente.
Assim que as costeletas estiverem fritas, adicione a marinada reservada e cozinhe em fogo médio até que o líquido tenha evaporado pela metade.
Torre os pães.
Encha cada pão com costeletas e regue com o molho restante.
Na quadra que celebra a ressurreição de Cristo, há um elemento comum a todas mesas em Portugal, o folar de Páscoa, um bolo delicioso na sua simplicidade cuja história e tradições importa conhecer. Com um ou mais ovos cozidos no topo, o folar mais popular é feito de uma massa seca com um ligeiro travo a canela e faz a delícia de todos, do mais pequeno ao mais graúdo. Sabe, com certeza, que este é tradicionalmente oferecido aos afilhados no Domingo de Páscoa. A razão? Uma lenda que associa o folar à amizade e à reconciliação, importantes valores a transmitir em qualquer altura do ano.
A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.
Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.
Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.
No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.
Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.
Com certeza já ouviu falar muito sobre o vinho madeira. Famoso na culinária, é o vinho utilizado no também famoso molho madeira.
O que é vinho madeira?
O Vinho Madeira é um vinho fortificado, com elevado teor alcoólico. É envelhecido ao calor, e produzido na região com Denominação de Origem da Madeira a partir de cerca de 5 tipos de uvas diferentes.
Chega ao mercado em diversos teores de açúcar de suave à seco, sendo classificados como: Seco, Meio Seco, Meio Doce ou Doce, todos marcados por seus altos níveis de acidez.
Esta acidez acentuada é o resultado direto da sua localização: um arquipélago, bem ao largo da costa noroeste do Marrocos, composto por duas ilhas habitadas – Madeira e Porto Santo, além de duas delas desabitadas, chamadas de Deserta e Selvagem.
Todo o vinho madeira é produzido em 500 hectares de solo vulcânico, localizados principalmente na costa norte da ilha, é ali que as vinhas balançam precariamente em encostas que desafiam gravidade.
São verdadeiras escadas gigantes e cada degrau, os portugueses chamam de “poios”. O único jeito de fazer a colheita, claro, é de forma manual.
Já para a irrigação, a água é historicamente captada das partes mais altas da ilha (cerca de 1800 metros de altitude) e canalizada através de 2150 km de canais artificiais denominados “levadas” – muitos dos quais datam do século XVI.
Com qual uva é feito o vinho madeira?
Cerca de 90% da produção total do vinho Madeira é feita através da casta Tinta Negra, enquanto os outros 10% se dividem entre Sercial, Boal, Verdelho e a Malvasia, e são escolhidos para elaboração dos rótulos finos.
Esses últimos dão vinhos Madeira mais simples. São envelhecidos em canteiro. Os ditos “Canteiros” são estruturas de madeira permitem que os barris de vinho fiquem o mais alto possível, mais próximo das telhas dos galpões, pegando mais calor. Isso acontece por pelo menos 2 anos.
É esse processo que traz características únicas e aromas intensos e complexos a esse tipo de Vinho Madeira mais simples. Eles só podem ser comercializados 3 anos depois do dia 1 de janeiro do ano da colheita.
Como fazer o molho madeira?
Ingredientes:
2 colheres de amido de milho
1 colher de sopa manteiga
1 cebola pequena picada
3 colheres de sopa de molho inglês
1 tablete de caldo de carne
2 chavena de agua
1 chavena de vinho seco
Sal e pimenta
Modo de Preparo
Reserve 5 colheres (sopa) de água para diluir o Amido de Milho.
Em uma panela média, leve ao fogo a manteiga e junte a cebola e refogue, até que esteja levemente dourada. Acrescente o restante da água e o caldo de carne esfarelado. Junte o molho inglês e misture. Acrescente o Amido de Milho previamente dissolvido e o vinho. Em fogo médio, cozinhe, sem parar de mexer, até ferver. Deixe por 4 ou 5 minutos ou até ficar cremoso. Sirva ainda quente, acompanhado da carne a sua escolha.
CURIOSIDADE
Para evitar que o vinho se estragasse, foram adicionados destilados neutros de uva, o álcool vinílico (quase uma cachaça de uva. Isso porque nas longas viagens marítimas, os vinhos estavam expostos ao calor excessivo, junto com o balanço do mar, acabavam tendo seu sabor alterado. Ao acaso, os produtores de vinho da Ilha da Madeira descobriram este fato quando uma remessa não aceita pelos compradores retornou à ilha após uma viagem e retorno. Hoje este fato tornou o produto em um ícone do local, exatamente por essa característica descoberta sem querer.
O molho que reveste as amêijoas é preparado com azeite (de muito boa qualidade porque é o ingrediente estrela do molho), alho, coentro, sal, pimenta e às vezes, como é o caso aqui, um pouco de vinho branco seco para levar até mais sabor. Em seguida, rega-se o suco do limão antes de ser servido.
Os Lisboetas e os viajantes que regressam do rio Tejo vão falar-vos com alegria do infinito prazer de saborear amêijoas à Bulhão Pato à beira-mar e de terminar o prato com um bom pão para absorver o maravilhoso sumo das amêijoas intimamente misturadas com a azeitona óleo, alho e coentro. Uma receita fácil e rápida para uma pequena pausa para o almoço ou no final do dia, ao pôr do sol, no Porto de Lisboa.
Muitos dos pratos emblemáticos da gastronomia portuguesa são preparados com peixe ou marisco. Nada surpreendente para um país banhado pelo Oceano Atlântico e cuja capital fica numa baía.
O Algarve, região mais meridional de Portugal, goza de grande reputação pela variedade e frescura dos seus peixes, mariscos e crustáceos. É desta região que provém grande parte do marisco consumido em Portugal, incluindo amêijoas. Algumas são cultivadas e outras apanhadas pelos mariscadores, criadores de moluscos.
Em Portugal, as amêijoas estão no centro de muitas receitas como a cataplana (marisco com especiarias, vinho branco, tomate, etc.) ou a carne de porco à alentejana (composta por porco, amêijoas e acompanhada de batata). E muitos outros.
Mas hoje, resolvi apresentar a receita das amêijoas à Bulhão Pato.
Tem o nome de Raimundo António de Bulhão Pato, poeta, gastrônomo e epicurista, que foi uma figura importante na vida intelectual e artística da sociedade portuguesa de meados a finais do século XIX. Participou até num livro de culinária, “O Cozinheiro dos Cozinheiros” (O Cozinheiro dos Cozinheiros) de Paulo Henrique Plantier, publicado pela primeira vez em 1870, que trazia um capítulo de receitas inventadas e feitas por famosos artistas portugueses da época .
Portanto, esta é uma bela homenagem a este epicurista e amante da boa comida, que este prato tão popular ainda tenha o seu nome até hoje, e continue a desafiar os curiosos foodies como nós.
Amêijoas à Bulhão Pato – Receita
Amêijoas à Bulhão Pato é um delicioso prato tradicional da cidade de Lisboa que se prepara com amêijoas revestidas com um molho à base de azeite, alho, coentro e vinho branco.
Tempo de preparação
10 minutos
Hora de cozinhar
5 minutos
Tempo total
15 minutos
Ingredientes
1 kg de amêijoas frescas
120 ml de azeite
6 dentes de alho, descascados e fatiados
1 cacho de coentro picado
120 ml de vinho branco seco
1 colher de sopa de sal
Pimenta
1 limão
Instruções
Mergulhe as amêijoas em uma grande quantidade de água com sal grosso por 3 horas. Eles vão dessalinizar e se livrar da areia que contêm. Coloque na geladeira.
Enxágüe bem e várias vezes em água fria para se livrar completamente da areia.
Use um pincel para raspar as cascas para remover os últimos vestígios de areia, bem como quaisquer resíduos marinhos.
Despeje o azeite numa grande panela. Adicione o alho e o coentro. Cozinhe em fogo médio por alguns minutos.
Adicione o vinho branco seco e leve para ferver. Adicione as amêijoas. Tempere com sal e pimenta.
Tampe e cozinhe em fogo médio até que as amêijoas abram, cerca de 5 a 10 minutos.
Depois que todas as amêijoas estiverem abertas, coloque-as na travessa e deixe o molho ferver em fogo alto por 2 minutos. Despeje o molho sobre as amêijoas.
Ponha suco de limão antes de comer.
Açorda, é um prato tipico alentejano. É uma dádiva da presença dos árabes pelas nossas terras. Parece também que a açorda é um prato de subsistência, provavelmente na sequência de crises alimentares. E a sua chegada deve-se à sua facilidade de confecção e sobretudo à mistura simples de produtos de base. O pão foi sempre, e ainda é, um alimento fundamental.
Na época árabe na península encontramos muitas sopas às quais se adicionava pão esfarelado ou cortado grosseiramente. Parece ser esta a origem das açordas. No entanto quase só na zona sul do país assumimos a designação açorda. Este termo nunca aparece associado às sopas de pão que ainda hoje se confeccionam nas Beiras ou Trás-os-Montes.
E temos a grande variante da açorda, que já não é sopa, e que se transformou num prato de referência em Portugal. Num tratado de cozinha árabe, de Ibn Abd al-Ra’uf, se refere a açorda, com a designação de Tarid [thari:d] ou Tarida, em árabe, que quer dizer pão migado, ao qual se junta alho, coentros e água quente.
Em consulta de dicionários de árabe encontramos ainda o termo Ath thurdâ, que significa sopa com pão.
O pão, ainda hoje, é um elemento estruturante da nossa alimentação. E no passado o pão teria que ser consumido na sua totalidade pelo seu valor de apoio permanente ao consumo. A sua aplicação na sopa seria uma forma de utilizar o pão mais velho e mais seco. Seria a sua absorção integral.
Em 1876 publica João da Mata o seu “Arte de Cozinha” especialmente destinado aos profissionais. Encontramos aqui a açorda com bacalhau, uma sopa de pão à portuguesa e ainda outras sopas com pão.
Mas é com Carlos Bento da Maia, edição de 1904, com o título “Tratado Completo de Cozinha e Copa”, que as açordas aparecem como confecção culinária e ilustradas com onze receitas, e fazendo bem a separação das muitas sopas com pão.
Mas qual é a realidade das açordas na cozinha portuguesa? Primeiro temos a açorda/sopa de que a Açorda Alentejana é o melhor exemplo. Depois a glorificação das açordas como prato completo e a imensa variedade de receituário desde o Douro, toda a costa atlântica com peixes e mariscos, da Beira ao Alentejo com o bacalhau, e o Alentejo com as carnes de porco e enchidos. Temos ainda o conceito de açorda como guarnição, ou complemento, de que saboreamos o excelente exemplo com sável e respectiva açorda de ovas.
A autêntica açorda é feita com alho, pequenas fatias de pão do dia anterior molhadas em água bem quente, temperadas com azeite cru, alho, sal, e coentro picado. Existem variações onde a açorda é finalizada com ovos cozidos ou escalfado, bacalhau, pescada e sardinhas assadas. De comida de pessoas pobres, hoje a açorda é uma das melhores sopas portuguesas.
Hoje vamos falar de um petisco português delicioso e com uma historia muito original: Os peixinhos da horta
No século XVI, mais concretamente em 1543, um navio chinês com três marinheiros portugueses a bordo, António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto, dirigia-se a Macau. Quis o destino meteorológico, traduzido numa tempestade, que o navio se afastasse para a ilha do sul do Japão, Tanegashima. A dupla de antónios e Francisco foram os primeiros europeus a pisar no solo japonês.
O país enfrentava uma guerra civil e começou a efetuar trocas comerciais com os portugueses.
Dessa forma, foi criado um posto no país, onde eram comercializadas armas, tabaco, sabão, lã… e receitas!
Em 1639 quando os nossos antepassados foram banidos do Japão haviam deixado uma marca indelével na cozinha local, uma receita de feijão-verde, envolto em polme e, depois, frito, os nossos peixinhos da horta. Um preparo que, nas longas travessias oceânicas, permitia aos navegadores conservar os vegetais por períodos mais dilatados.
E a coisa pegou no Japão, tanto que hoje se chama tempura.
O termo “tempura” tem origem no latim “tempora”, que dizia respeito a um período de jejum imposto pela Igreja.
Os católicos não podiam comer carne e assim surgiu o prato.
Na época em que entravam no Japão os nossos peixinhos já traziam carreira feita em território luso. Não se conhece, contudo, a origem deste petisco arreigado à região da Estremadura, singelo na confeção, o que é exemplo de uma cozinha criativa tendo por base poucos ingredientes.
Um preparo que substituiria o peixe em períodos de restrições alimentares e que terá ido cunhar o nome precisamente ao formato semelhante ao de espécies marítimas.
Peixinho da Horta é um um prato que tanto serve para petisco como para uma refeição.
Basicamente é feijão verde tenro frito num polme, podemos fazer assim bem crocante e fino ou podemos fazer peixinhos da horta com colheradas de polme como se fosse uma patanisca.
Receita
Ingredientes
- 400g de feijão-verde
- 150g de farinha com fermento
- 2 ovos
- 1 dl de agua com gás bem gelada
- 1 c .s de azeite
- Sal Marinho
- Pimenta q. b
- Óleo para fritar
Preparação
Limpe o feijão-verde, retire o fio e leve-o a cozer em água temperada com sal durante 5 minutos.
Depois, escorra e deixe arrefecer.
Prepare o polme.
Deite a farinha para uma tigela, tempere com sal e pimenta, junte os ovos, o azeite e a água em fio, mexendo sempre até ficar um polme liso.
Leve ao lume um tacho com óleo abundante e deixe aquecer.
Mergulhe o feijão-verde, um a um, no polme, deixe escorrer um pouco, deite no óleo e deixe fritar até ficarem douradinhos.
Retire e deixe escorrer.
Quando estiveres em Portugal, não esquece d’experimentar os petiscos tradicionais. Come-se à mão, com garfo ou colher, pão ao lado e copo servido. De preferencia uma cerveja bem fresca.
E por favor não os chamem de tapas – uma expressão espanhola, e não portuguesa. Os portugueses têm muito orgulho do seus petiscos, porque a comida é acerca das pessoas – o tipo de experiência que inclui lamber dedos, refrescar a alma com cerveja, provar vinhos e conviver até dizer chega.
O povo português é petisqueiro, não há nada a fazer e quem lhe tira essa etapa inaugural que vai de uma ou duas coisas a vinte, tira-lhe a boa disposição. Os cozinheiros portugueses sabem perfeitamente como uns bons peixinhos da horta, fritos na perfeição, põem os portugueses felizes. Dois imperativos apenas para que se cumpra a prática lusa: mesa e companhia. Um voo rasante pelo muito que nos é posto na mesa, com os olhos postos nas harmonizações felizes.
A lista dos petiscos pode ser mesmo muito comprida, mas vamos tentar conhecer os mais famosos.
-Caracóis – os caracóis de Lisboa são, sem dúvida, algo a provar no verão. Encontrarás doses de diversos tamanhos em várias petisqueiras, pequenos restaurantes familiares e alguns cafés
-“Iscas” – fígado de porco salteado com alho e vinho branco denominado “Iscas com elas”, por vezes encontra uma versão com cebolada. Geralmente servido com batata frita ou cozida.
-Favas – quando chega a época da fava, basta uma tigela desta iguaria simplesmente guisada para saber bem. Sejam elas cozidas a sós, ou enriquecidas com rodelas de chouriço e outras carnes, é uma delícia.
-Peixinhos da Horta – um petisco vegetariano, nada mais nada menos que feijão verde panado e frito.
-Ovos verdes – ovos cozidos, cortados ao meio, recheados, panados e fritos. A receita tradicional consiste na gema emulsionada com azeite, vinagre, temperos e salsa.
-Sardinhas – a partir de Junho é a altura ideal para saboreá-las. É a altura delas, por chegarem à nossa costa bem gordas e, por consequência, mais saborosas.
-Pasteis/bolinhos de bacalhau: As pequenas queneles fritas, feitas de proporções variáveis de batata e bacalhau, ligadas com azeite e ovo batido, são uma das grandes glórias da cozinha portuguesa. Estes pastéis tanto se comem à mão como acompanhados com arroz. Quentes, mornos ou frios não perdem a identidade.
-Presunto: O fumeiro nacional é uma instituição e num pratinho de presunto bem cortado assentamos a conversa e o convívio para uma tarde inteira.
-Torresmos: Normalmente feitos a partir de partes do porco ricas em gordura e com o propósito principal de extrair a fabulosa banha que felizmente permanece viva no receituário quotidiano. Em nada ameaça o igualmente fabuloso azeite virgem extra que veneramos na cozinha e na mesa. Os pedaços crocantes e compactos que se extraem são petisco incontornável
-Pataniscas de bacalhau: Chama-se patanisca a diversas preparações hoje em dia, mas quando aqui lhe chamamos petisco é aquela que pela fritura das lascas finas de bacalhau em ovo e polme ganha estrutura firme e come-se à mão.
-Gambas a guilho: Ou lhes chamamos gambas al ajillo, como os espanhóis, ou simplesmente gambas com alho. Sabemos que corruptelas como “guilho” são disparates que nada significam e devemos ser-lhes indiferentes, honrando este petisco de garfo e pão pondo-nos em festa quando vem no azeite ainda fervente, o aroma do alho e coentros a oferecer um exercício respiratório fundador e reparador.
-Queijo curado: Quanto mais pequeno e seco, melhor configura petisco o queijo. Nisa e Évora fatiam bem e fininho, com o sabor concentrado pela evaporação lenta da água retida, ao mesmo tempo que por efeito directo concentram o sal. Serpa e Serra da Estrela também envelhecem muito bem e prestam-se ao petisco horas a fio.
– Salada fria de polvo:Gostamos de polvo de todas as formas, mas picar com o garfinho ou palito os toros de tentáculo cozidos no ponto e bem regados de azeite é assunto quase transcendental.
-Morcela de arroz assada: Uma delícia que é praticamente uma refeição inteira, terá nascido entre Leiria e Santarém, mas hoje é petisco nacional, ombreando com a morcela de sangue da grande tradição. Assa-se no forno, e há quem a coza, isso já fica a cargo de cada um e em casa a liberdade é total.
-Choriço frito:Faz-se em tachinhos de barro a linguiça frita, que pinga e cheira um pouco por todo o território nacional. Ataca-se de palito e é sempre partilhado logo que o fogo se extingue à mesa. Precisa de pão de trigo cortado grosso, para se impregnar com o suado do enchido.
Pica Pau: O pica pau é um prato de origem bem portuguesa composto por ingredientes simples: carne de porco frita – embora também possa ser feito com carne de vaca – e picles. Pode ainda incluir azeitonas e piripiri. Originária do Ribatejo, a carne deste petisco deve ter uma textura macia. O petisco é uma das especialidades de muitas tascas e tasquinhas na generalidade do país. Mais saboroso em boa companhia, não dispensa o pão para aproveitar o molho.
-Pregos e bifanas: A bifana é um prato típico com origem em Vendas Novas. Integram este petisco, febras de porco, cozinhadas à base de alho e vinho. A febra deve depois ser colocada num pão aquecido. Podem ser temperadas com mostarda ou molho picante. Este é um dos pratos que não faltam nas festas populares, em particular no Verão, um pouco por todo o país. As variantes são muitas e podem em alguns casos incluir queijo e fiambre ou outros complementos. Semelhante, mas de carne de vaca é o prego. Outo petisco típico de Portugal. Tal como a bifana é normalmente é temperado com mostarda ou molho picante.
– Alheiras: Alheira, tabafeira ou “chouriço judeu” são os nomes para um enchido com uma história de mais de 500 anos. Com origem em Trás-os-Montes é um prato que os portugueses comem em qualquer altura do ano como petisco ou como prato principal. É um clássico das gastronomia portuguesa, em particular a versão da Mirandela.
– Pipis: “Há moelas e pipis”. Lê-se nas portas e montras de dezenas de tascas, cafés e restaurantes da capital e de todo o país. Os pipis são miúdos de galinha estufados com molho rico de tomate, cebola e alho.
-Moelas estufadas: As moelas estufadas são uma iguaria que tem por base um pequeno refogado de cebola e tomate a que se juntam as moelas de galinha ou de pato. Para alguns são uma versão reduzida dos pipis, dizem alguns. Tal como os pipis, para acompanhar este petisco, só um bom pãozinho para aproveitar o molho.
E qual é o teu favorito?
O Natal é uma oportunidade de se encontrar com a família e o momento mais importante é mesmo o jantar do dia 24 onde a família se reúne para jantar e depois assistir a Missa du Galo que é a Missa que celebra o nascimento de Jesus.
Durante o jantar várias tradições são respeitadas e o bacalhau não pode faltar. Dependendo da região, também existem alternativas gourmet ao bacalhau
No Algarve: galo com cabidela (preparado com adição de sangue de galo e vinagre)
Na Beira litoral: o polvo é muito apreciado
Lisboa e Vale do Tejo: também comem peru assado
Tràs-os-montes e Alto Douro: também preparam polvo, pescada e peixe frito
Nos Açores existe canja
Na ilha da Madeira tradicionais espetadas de carne
A tradição da noite de Natal é servir bacalhau cozido acompanhado de couve, batata e legumes no vapor
No dia 25 comem o cordeiro ou o peru no forno e a “roupa velha” que é a mistura de bacalhau, batata e couve da noite anterior, com alho e bastante azeite e e passado na frigideira
Na mesa de Natal não pode faltar os bolos … muitos bolos!
Claro o Bolo Rei de que falamos no artigo anterior, mas também os bolos fritos.
Os fritos são talvez as mais tradicionais do Natal e em cada região existem variações e as receitas têm sido passadas de geração em geração.
Normalmente são preparados em grandes quantidades e com antecedência. Além disso, dizem que quando “cheira a frito, cheira a Natal”
Segundo a tradição, no final do jantar não se deve tirar a mesa e nem lavar a louça. E as sobras do jantar também não devem ser retiradas da mesa. Ele deve ficar como durante o jantar para respeitar os membros mortos da família.
E qual é a sua tradição de Natal?