A cidade deve o seu nome à nascente termal muito apreciada pela Rainha D. Leonor esposa de D. João II, rei de Portugal no séc. XV, que teve ocasião de comprovar as propriedades curativas destas águas quando estas lhe sararam uma ferida que há muito tempo não cicatrizava. A Rainha mandou aqui construir um Hospital, à volta do qual se formou a povoação que assim ficou conhecida como “Caldas da Rainha”.
Mas quais são as coisas a não perder? Aqui vão uma TOP 10.
1. Tirar uma foto ao lado da estatua de Bordalo Pinheiro (caricaturista, artista, ceramista, e muito mais) e do seu personagem mais conhecido Zè Povinho
2. Visitar o mercado da fruta na praça da República e comprar uns productos típicos
3. Passear no parque D Carlos
4. Comprar ceramica de Bordalo Pinheiro directamente na fabrica (e no outlet ao primeiro andar)
5. Parar para comer a tradicional “Cavaca”
6. Visitar o Museu Malhoa e ficar sem palavras a frente da Paixão de Cristo em barro de Bordalo Pinheiro
7. Visitar o Museo do hospital e descobrir a historia da cidade e do primeiro centro termal e reservar a visita a Piscina da Rainha onde essa agua milagrosa ainda nasce
8. Descobrir a tradição das formas fálicas (o rei D Luis pediu um objeto engraçado para divertir seus amigos. João Pereira, com a técnica da cerâmica da época, inventou um falo monocromático)
9. Visitar o museu da Ceramica, no interior de uma antiga casa
10. Comprar productos locais na antiga mercearia Pena, aberta desde o 1909
Onde comprar as cavacas:
Pastelaria Baia O rei das cavacas Rua da Liberdade 33
Pastelaria Machado Rua de Camões 41
Forno do beco, Beco do Forno
Para uma pausa almoço
O Canas R Dr. Julio Lopes 15
Tacho Tv do parque 15
Casa Antero, Beco do Forno
Para a nossa próxima história, acompanhei o Alex a uma zona não muito longe de Sintra, a Mem Martins, onde está situado o clube columbófilo Algueirão e Mem Martins.
E é aqui que conhecemos Antonio, envolvido nesta paixão por um amigo. Ambos, através das suas histórias, nos abrem um mundo absolutamente desconhecido, o dos pombos-correio, que por isso decidimos partilhar convosco.
Mas antes de entrar em detalhes, vamos tentar entender mais sobre essa tradição, que é muito mais antiga do que podemos imaginar.
De Ramsés III ao Rei Salomão, passando por Genghis Kahn ou pelas forças armadas do século 20, os pombos-correio influenciaram o curso de vários conflitos armados ao longo da história e nos últimos séculos tornaram-se “atletas altamente competitivos”, capazes de voar mil quilômetros num dia.
A corrida de pombos é a arte de criar pombos-correios para competição e tornou-se um desporto na Bélgica em 1820. Inicialmente praticada principalmente na Bélgica, Holanda e Alemanha, espalhou-se pela Península Ibérica nas décadas de 1920 e 1930. Portugal ganhou uma medalha de ouro no 36ª Olimpíada dos Pombos há dois anos.
Os pombos-correio voam quilômetros num único dia com o instinto de ir para casa e um “GPS biológico” alinhado com o campo eletromagnético do planeta, o que lhes dá um senso de orientação único. E criam um relacionamento único com aqueles que lhes fornecem comida e abrigo.
O atual pombo-correio é o resultado de cruzamentos de algumas raças belgas e inglesas, realizados na segunda metade do século XIX. Este modelo de pombo foi continuamente selecionado para determinar duas características principais: uma habilidade de orientação e um morfotipo atlético.
A tarefa dos criadores de pombos é aprimorar as habilidades físicas e de orientação para participar aos campeonatos. Desenvolvem velocidades máximas entre 87km / h e 102km / h em distâncias que podem ultrapassar 1.200 quilômetros.
Nessas competições, os pombos-correio não carregam mensagens de um destino para outro, mas são transportados do seu pombal até um determinado ponto de partida, de onde devem retornar para casa.
É um desporto que, para surpresa de muitos, se tornou o 3º mais praticado a nível nacional, é praticado em todo o mundo, desde as Américas ao emergente e rico continente asiático, nomeadamente China e Japão, a África do Sul também possui a “ maior corrida do mundo “o” Sun City Million Dolar Race Pigeon “onde o” amador “(nome pelo qual se identificam os donos dos pombos concorrentes) ganha um prêmio de 1 milhão de dólares, mais parte do valor pelo qual o vencedor pombo será leiloado.
Graças à explicação do Antonio, presidente deste clube, descobrimos que existem praticamente clubes de pombos em todos os distritos que depois se organizam por região e depois existe uma associação nacional.
Cada “treinador” tem cerca de 100 pombos ou mais. E cada Club tem mais equipas. Antonio nos conduz a conhecer a sua, chamada Avelinos, Barroso & Camolas onde o Camolas è o Antonio, que nesta equipa conta com Josè Avelino, Marco Barroso e João Avelino.
Através desta equipa, conseguimos observar mais de perto como funciona o trabalho de treino e preparação dos pombos. Estes são treinados e cuidados em pombais e muitas vezes os adeptos deste desporto são obrigados a desistir porque não têm espaço suficiente para colocar o pombal.
O clube do Mem Martins é bastante antigo, data de 1976, mas António explica que existem mais antigos. O de Lisboa foi um dos primeiros a arrancar, mas hoje não é o mais forte a nível nacional.
Os pombos são treinados e cuidados em pombais e muitas vezes os adeptos deste desporto são obrigados a desistir porque não têm espaço suficiente para colocar o pombal.
Quando, por exemplo, moram num prédio, os outros inquilinos nem sempre permitem e, mesmo que seja numa casa, às vezes os vizinhos discordam. Sem falar que muitas vezes a evolução da cidade e a necessidade de construção de novas casas tem levado à destruição de pombais.
Em alguns casos, o município também tentou ajudar, propondo a construção de verdadeiras aldeias de amantes de pombos.
Antonio nos explica que se envolver na criação e treinamento de pombos é muito complicado, além de ser extremamente caro porque os produtos de nutrição e os cuidados médicos necessários podem ser muito caros. E é uma paixão que exige muitas horas de trabalho.
Em primeiro lugar, explicam-nos que precisamos de pombos para criação e pombos para competições (os filhos). Os ovos são fertilizados por 18 dias antes do nascimento dos pombos. Aos poucos, os recém-chegados têm de se acostumar com o meio ambiente e a rua. Começa com pequenos voos espontâneos no pombal e depois com o treinamento propriamente dito.
O treinador de pombos precisa apresentar um plano de treinamento preciso. Os pombos precisam treinar duas vezes ao dia. Quando estiverem prontos, começamos acostumando-os a ir embora, deixá-los livres e fazê-los ir para casa sozinhos. Começa com 120 km e depois aumenta a distância.
Acompanhamento diário e muito cuidado são necessários.
Hoje em dia o treinador de qualquer desporte não é apenas um treinador, ele deve ser um líder, um psicólogo, um treinador esportivo, um analista, deve ser tudo que gira em torno da arte de liderar uma equipe, e assim num “colombófilo” existe um criador, um “nutricionista” – a alimentação durante a semana nem sempre é a mesma, esses animais realizam provas que variam de 200-300 km (corridas de velocidade), passando por 300-500 km (distância média) e de 500 a 800 km (profundidade), sendo que para os mais próximos, o pombo deve ser mais leve que os mais distantes, onde as suas reservas de energia devem ser maiores, um “veterinário” – Todos os pombos para poder participar das competições deve ser vacinado no início da temporada, após o que é imprescindível a realização de tratamentos para as doenças mais comuns, como coccidiose, tricomoníase, salmonelose e do trato respiratório. É importante estar sempre atento durante a estação, pois o pombo não voa apenas com as asas, se as fossas nasais e / ou os pulmões estiverem bloqueados custa-lhe correr. Também é um preparador físico – especialista em muito da fisiologia do esforço para a recuperação do atleta após a competição, as vitaminas a serem administradas, os aminoácidos ou mesmo os eletrólitos para recuperação; tudo isso faz parte da competição e da vida de um treinador de pombos.
Tratar pombos como atletas de competição é um processo longo e muito particular que requer paciência e método de trabalho.
Em Portugal, as corridas de pombos decorrem entre Fevereiro e Junho de cada ano e nos restantes meses existem outras corridas de pombos, nomeadamente derbies. O número de pombos é estimado em 4,5 milhões.
O clube organiza a entrega. Cada pombo tem um anel na pata. Antes era um anel de borracha com um número que o treinador gravava e quando o pombo voltava, anotava o número e pegava no anel. Mas isso podia levar a trapaça. Hoje o sistema é muito mais complexo. Cada treinador e cada clube de referência possui uma máquina que regista pombos individuais com o número de referência de um anel de lata na pata que corresponde a um bilhete de identidade. O transporte é efectuado em camiões TIR, equipados com os cuidados necessários ao bem-estar das aves, ao nível da rega, controlo da temperatura interna e alimentação, sendo autênticos atletas de alta competição.
Chegando ao ponto de partida, os pombos são soltos e começam o vôo de volta para casa. Eles atingem uma velocidade de 700/800 km por hora.
São várias as teorias, mas ainda não há uma explicação concreta de como conseguem se orientar e partir, sabendo que chegam ao ponto de partida num camião totalmente fechado. Mas o fato é que eles encontram o caminho de casa. E uma vez de volta, cada treinador direciona o CIP do documento de cada pombo no carro e assim registra o tempo de vôo e velocidade.
E se para o nível de preparação física dos pombos os criadores devem estar atentos à nutrição e saúde dos animais, em relação às estratégias para fazê-los retornar mais rápido, é diferente, pois a relação entre treinador e animal pode ser decisiva. Pois nestas competições não basta deixar os pombos-correios num determinado local e fazê-los regressar a casa. Eles precisam chegar em casa o mais rápido possível.
Existem várias estratégias.
Por exemplo, durante a semana os machos são separados das fêmeas e preparados para a prova e quando regressam sabem automaticamente que ao chegarem ao sótão as fêmeas os aguardam e vice-versa. Ou pode fazer algum tipo de sopa de leite e mel.
Mas, pelo que entendemos, cada um tem o seu próprio segredo e não quer revelá-lo.
Estamos prestes a deixar os nossos novos amigos quando chega mais um treinador que hoje em dia ja não pratica: Carlos Barbosa. Ele agora não tem mais pombos mas continua a vir para o clube. Começou a se dedicar aos pombos por paixão. Natural de Ponte de Lima, criou pombos em criança e criou com eles um tal vínculo que, quando os pombos fossem vendidos no mercado, se o comprador não se preocupasse em mantê-los em casa nos dias seguintes, os pombos fujam e voltavam para ele. O seu pai uma vez lhe disse que os mesmos pombos voltaram três vezes!
Nos deixa com uma história verdadeiramente incrível e engraçada. Diz que recebeu e treinou um pombo que ninguém queria, pois se recusava a acasalar e passava os seus dias perto de pombos machos como ele. Inscrito numa corrida, conseguiu surpreender a todos.
Carlos havia saído de casa, calculando que os pombos voltariam numa algumas horas. Logo depois, um telefonema da sua esposa o avisou que um pombo já estava no pombal. Dado que ainda faltava muito tempo, pensou num pombo perdido que se refugiara no seu pombal. Imaginem a sua surpresa quando, ao voltar para casa, descobriu que aquele campeão não era apenas o seu pombo, mas era aquele pombo que ninguém quis.
Enfim, saímos com a consciência de ter descoberto um mundo quase desconhecido, feito de tradições ancestrais, paciência, muito trabalho, carinho, cuidado e onde não há espaço para discriminações.