By : Maio 31st, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Em Portugal, D. Manuel 1º, o Venturoso, (1469-1521), foi quem ordenou que se organizasse em Portugal um núcleo heráldico para os escudos de armas das famílias nobres, (quase que simultaneamente ao Colégio Inglês de Armas fundado em 1484) que organizou/corrigiu e mandou registrar os Brasões. Foram qualificadas com destaque 72 famílias como as mais ilustres e importantes do Reino, tendo como diferencial honra, história e bens e os seus Brasões foram pintados no teto da Sala dos Brasões do palácio Nacional de Sintra (palácio da Vila).
Mandado erguer pelo Rei D. Dinis há 700 anos, o Palácio da Vila foi sendo atualizado e acrescentado por sucessivos reis. Encomendada por D. Manuel I no séc. XV, a Sala dos Brasões é a peça mais impressionante deste singularíssimo palácio real. Mas aquilo que nesta sala parece ser um excepcional programa decorativo é na verdade um milimétrico programa político: a Sala dos Brasões do Palácio da Vila de Sintra é a imagem perfeita da centralização do poder do rei que D. Manuel fixa inequivocamente. Ao contrário do que acontecera com os seus antecessores na Idade Média, D. Manuel I já não era um par entre iguais, mas um rei absoluto, acima de todos os outros homens e de quem imanava toda a luz e todo o poder.
O lugar que cada uma das 72 famílias nobres aqui representadas ocupava na hierarquia da corte está expresso na colocação das respetivas armas ou emblemas no teto da Sala dos Brasões.
Ao colocar o seu brasão no alto da cúpula desta sala, D. Manuel projeta-se como centro e topo de uma sociedade altamente hierarquizada, mas interdependente. O seu poder depende do apoio da nobreza, e esta obtém do rei a distinção social de que necessita.
A nobreza é aqui representada pelos brasões das 72 famílias mais importantes. Os brasões refletem identidades a que os indivíduos se associam, sendo uma forma de distinção social.
Entre o símbolo de D Manuel e os brasões das famílias nobres, encontram-se os brasões dos oito filhos de D Manuel.
A inscrição em torno da sala revela como a memória dos serviços prestados pelos antepassados – “os leais serviços” – definiam a identidade e a posição social de cada um. Quanto ao rei, ele é o juiz supremo a quem cabe garantir essa ordem.
As paredes desta sala foram revestidas no século XVIII a azulejos com cenas galantes.

By : Maio 27th, 2021 Gastronomia 0 Comments

Em Portugal, os vestígios da presença da oliveira datam da Idade do Bronze, mas só nos séculos XV e XVI o seu cultivo se generaliza a todo o país.

A produção de azeite, em Portugal, conhece nas primeiras décadas do século XXI uma fase sem precedentes na sua história. 

As regiões de Trás-os-Montes e do Alentejo representam as duas faces da olivicultura portuguesa, numa altura em que a qualidade do azeite tem revalorizado a imagem do mundo rural. 

Portugal difere nos seus azeites nas regiões de Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa, Ribatejo, Norte Alentejano, Alentejano Interior e Moura, onde existe a maior cooperativa nacional de olivicultores. Mas afinal como se distingue um azeite? Pela acidez, pelo aroma, pelo sabor que pode ser mais frutado, amargo ou picante. Não tanto pela cor, como antigamente, por isso hoje as provas são feitas em copos escuros.

Portugal sempre dependeu das importações para ter azeite no prato. Tem hoje um nível de autossuficiência que chega a superar os 150 por cento, fruto da monocultura instalada no Alentejo, com mais de três quartos da produção nacional. Onde antes se viam campos secos ou sementeiras de cereais, há hoje uma paisagem coberta por extensos olivais intensivos ou mesmo superintensivos.

O azeite de Portugal é de uma qualidade extraordinária. Pilar da alimentação saudável, príncipe da dieta mediterrânica, é um tesouro nacional em crescimento.

Haverá melhor do que molhar um pedaço de pão fresco num prato de azeite? Ou o sabor das torradas, feitas em brasas incandescentes, regadas com azeite no lugar da manteiga? Haverá maior prazer do que uma lasca de bacalhau acabado de sair do forno onde tostou numa cama de cebola e azeite? Os portugueses sabem que não. A juntar a tudo isto, é um dos elementos centrais da dieta mediterrânica – Património Mundial e Imaterial da Humanidade da Unesco desde 2013.

Cada português consome em média oito litros de azeite por ano, ainda assim menos que espanhóis ou italianos, que são, não apenas os maiores consumidores, como também os maiores produtores.

A palavra azeite tem origem no vocábulo árabe az- -zait, que significa literalmente “sumo de azeitona”. Do olival as azeitonas são levadas para o lagar, onde são limpas, antes de serem trituradas. Depois dá-se a centrifugação que separa o azeite das águas e bagaço da azeitona. O número de lagares evoluiu de forma proporcionalmente inversa à produção. Há uma década existiam perto de mil lagares para uma produção que pouco passava das 50 mil toneladas. Hoje são cerca de 500 lagares espalhados por todo o país. “Temos muito menos lagares, mas os que ficaram são muito mais eficazes, mais modernos, mais bem equipados.”

Na Grécia Antiga as oliveiras eram veneradas como árvores sagradas e o azeite usado na culinária, como unguento ou em iluminação, e era e é verdadeiro ouro líquido. Agora, ninguém resiste ao azeite português.

By : Maio 23rd, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Um presente de casamento muito especial o do rei de Portugal D. Dinis que deu Óbidos à sua esposa Dona Isabel; seguindo o exemplo dela, os governantes portugueses adquiriram o hábito de oferecer cidades às suas esposas.

Óbidos tinha que ser um verdadeiro esplendor para fazer uma rainha se apaixonar, e ainda hoje é. O que torna esta vila magnífica são as suas muralhas com ameias, uma muralha que a envolve completamente, dando-lhe o aspecto de um castelo de conto de fadas.

O olho tem dificuldade em focar em algo, só vê beleza ao redor: casas brancas brilhantes, telhados vermelhos, vielas pavimentadas, enormes trepadeiras de glicínias e buganvílias, cactos gigantes …

Algumas casas são decoradas com faixas amarelas e azuis claras, e todas as cores se iluminam sob o céu claro e os raios do sol.

O castelo de Óbidos destaca-se pela imponência sobre a vila. Construída pelo próprio Dom Dinis no século XIII, é hoje uma pousada de luxo, um verdadeiro hotel romântico. A mansão não está aberta à visitação, mas durante o Mercado Medieval torna-se o centro do festival e da vida na aldeia. É como voltar atrás no tempo.

Mercado medieval de Óbidos

Este festival medieval anima Óbidos durante duas semanas em julho. É famosa em Portugal e no estrangeiro, tanto que atrai autocarros cheios de turistas à cidade.

A cidade está repleta de figuras fantasiadas: cortesãs, músicos, cavaleiros, mendigos, bardos, prisioneiros, cozinheiros, camponeses … Pagando um extra com o bilhete de entrada, até os visitantes podem alugar um vestido medieval por um dia.

Existem barracas de comida, e verdadeiras tabernas medievais. Há também um calendário de apresentações ao vivo: torneios de cavalaria, apresentações teatrais e cômicas, fogos de artifício e muito mais

By : Maio 19th, 2021 Historias e lendas 0 Comments

A Rocha dos Namorados (ou Pedra dos Namorados) pode ser encontrada à entrada da aldeia oleira de São Pedro do Corval, para quem vem do sempre encantador Castelo de Monsaraz e do igualmente famoso Cromeleque do Xarez.

A Pedra dos Namorados

É um calhau que faz dois de nós em altura, e um de nós em largura, de material granítico, pedra que até associamos mais ao norte do que ao sul.

Achatada em cima, com uma forma que se vai alargando à medida que cresce, há quem a associe a um cogumelo.

Trata-se de uma fragmento rochoso que vai para além disso. É uma rocha evocativa, ligada a rituais pagãos e que ainda hoje funciona como força espiritual para a população local.

A igreja meteu-lhe o seu carimbo, picando uma cruz de Cristo nas suas costas – se o povo, instintivamente pagão, não abandona os seus símbolos naturais, então que se tornem os símbolos naturais mais eclesiais. Não bastou isso e os párocos cá da freguesia fizeram ainda questão de que as procissões da zona aqui passassem, dando mais uma camada de cristianismo a este monumento popular.

Os ritos fecundos

Mas nada disso consegue disfarçar o essencial da Rocha dos Namorados. O seu nome, aliás, não pode ser mais sugestivo, e daqui conseguimos pressupor que está ligada a fenómenos de celebração da fecundidade.

Indo ao que mais importa, esta pedra está apinhada de pequenos calhaus na sua cúpula – e podemos testemunhá-lo lá indo. Obviamente, o fenómeno tem razão de ser. É que, na altura dos festejos da Ressurreição de Cristo, aqui vêm mulheres jovens, na transição para a idade adulta, atirar pequenas pedras para cima deste rochedo, sendo o objectivo que estas se quedem lá em cima e por lá fiquem – a cada pedra falhada, aumenta-lhes um ano de espera até ao dia do seu casamento. O lançamento deve ser feito de costas, aumentando a dificuldade (e a espera).

A Ressurreição de Cristo, sabemos, é uma época carregada de simbolismo: estamos, na verdade, perante uma outra ressurreição, a da terra, que depois de morrer nos meses de Inverno volta à vida no alvor da Primavera, e que por esta altura torna a abrir e a dar à luz os seus frutos e flores. O retorno à vida de Jesus funciona assim como uma metáfora para um outro retorno à vida, o da natureza, que rejuvenesce. A Rocha dos Namorados e as solteiras que lá vão sortear o seu futuro inserem-se, portanto, neste contexto. Estamos perante uma homenagem à mãe-terra feita numa retórica diferente, mas de cariz popular, porque nasce do povo e este é o ponto de partida para o Sagrado.

By : Maio 15th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

A Capela dos Ossos foi construída no século XVII, por iniciativa de três frades franciscanos cujo objetivo era transmitir a mensagem da transitoriedade e fragilidade da vida humana. Esta mensagem é claramente passada aos visitantes logo à entrada, através do aviso: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Era um modelo então em voga, com a intenção de provocar pela imagem a reflexão sobre a transitoriedade da vida humana e o consequente compromisso de uma permanente vivência cristã. Tanto as paredes como os pilares estão revestidos de alguns milhares de ossos e crânios, provenientes dos espaços de enterramento ligados ao convento. Os frescos que decoram o tecto abobadado, datados de 1810, apresentam uma variedade de símbolos ilustrados por passagens bíblicas e outros com os instrumentos da Paixão de Cristo. 

Mostra, no fundo, o macabro gosto do homem barroco pela necrofilia.

Esta capela de caveiras e ossos foi construída no local onde inicialmente era o dormitório e sala de reflexão dos frades. É formada por três naves de cerca de 18,70m de comprimento e 11m de largura. A luz natural entra estrategicamente nestas naves apenas por três pequenas frestas do lado esquerdo. As paredes da Capela dos Ossos e os oitos pilares que a constituem encontram-se revestidos com ossos e crânios humanos, cuidadosamente dispostos, ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco e pintadas com motivos que simbolizam ou aludem à morte. Para além das ossadas, a Capela dos Ossos, está também decorada com estátuas de cariz religioso e uma pintura estilo renascentista e barroco.

As arcarias apresentam-se ornamentadas com filas de caveiras, cornijas e naves brancas. Calcula-se que sejam cerca de 5000 as caveiras humanas que ali se encontram, entre inúmeros ossos, provenientes das sepulturas da igreja do convento e de outras igrejas e cemitérios da cidade.

No século XVI existiam perto de quarenta e dois cemitérios monásticos na cidade, os quais ocupavam demasiado espaço. Em jeito de solução, aqueles monges extraíram os ossos do chão e utilizaram-nos para construir e “decorar” esta capela.

By : Maio 11th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

O Funicular mais antigo do mundo, escadarias intermináveis, fontes e estatuas barrocas, envolvidos por um manto de vegetação, fazem do Bom Jesus do Monte (ou Bom Jesus de Braga) um dos destinos mais procurados por bracarenses e visitantes.

Em 1373, se registavam sinais de atividade e construção de uma Ermida no Bom Jesus. No entanto, o Bom Jesus tal como conhecemos hoje surge em 1722 quando, por iniciativa de D. Rodrigo de Moura Teles, deu-se inicio ao projeto do atual Santuario, com a construção das Capelas da Via Sacra, do Portico, e dos Escadórios dos Cinco Sentidos. Em 1784, com o fluxo cada vez maior de peregrinos, o Arcebispo D. Gaspar de Bragança confia a Carlos Amarante a tarefa de desenhar uma nova basílica, concluida em 1811.

Escadório do Pórtico

No extremo inferior do escadório do Portico existe um arco de 7 metros de altura e 4 metros de largura e a escadaria serpenteia entre vegetação densa ao longo de 376 degraus até ao largo que precede o escadorio seguinte – dos Cinco Sentidos.

A escadaria dos Cinco Sentidos inicia-se junto а Fonte das Cinco Chagas ou Fonte das Cinco Correntes e a partir dai, em cada lanço de escadas existe uma fonte correspondente a um dos sentidos humanos.

Escadório das Virtudes

Depois da escadaria alegórica do sistema sensorial vem o Escadorio das Virtudes. O escadório inicia-se num atrio quadrangular. Aqui podem encontrar-se fontes alusivas а Fé, Esperança e Caridade

Largo do Pelicano

No Largo do Pelicano podemos admirar o belissimo jardim barroco

Adro do Bom Jesus

Aqui reside um conjunto de estatuas representativo de personagens biblicas ligadas а Paixão de Cristo: Anas, Caifas, Herodes e Pilatos de um lado e José de Arimateia, Nicodemos e Pilatos.

Via-Sacra

A Via-Sacra encontra-se representada em todo o Santuario do Bom Jesus do Monte com 17 capelas que mostram vários momentos ligados a paixão de Cristo

Funicular (ou Elevador do Bom Jesus)

Um projeto da autoria de Niklaus Riggenbach e foi inaugurado em 1882. O único na península ibérica  e o mais antigo do mundo em atividade. Um funicular  movido a agua, por contrapeso. Duas cabines, ambas com depositos de agua, estão ligadas por um cabo. Quando uma cabine se encontra no topo, o deposito dessa cabine é enchido com agua (cujo volume depende do numero de passageiros), enquanto o deposito da cabine do fundo é esvaziado.Quando o maquinista solta os travões, a diferença de pesos faz com que a cabine inferior suba.

By : Maio 7th, 2021 Gastronomia 0 Comments

A bola de Berlim é um bolo muito tradicional em Portugal, normalmente vendido na praia. 

De facto, há algo de alemão nestas bolas. A verdade é que a base desta receita foi trazida por algumas famílias judias alemãs que, por altura da 2ª Guerra Mundial, encontraram refúgio em Portugal. Por terras germânicas são mais conhecidas por “Berlinesa” (Berliner/Berliner Pfannkuchen/Berliner Ballen).

Mas não se pense que este bolo se mantém fiel à receita original. O recheio de um doce à base de frutos vermelhos foi substituído por um dos doces mais comuns e apreciados em Portugal – o doce de ovos.

Isto, já para não falar nas mais que muitas variedades de recheio que têm surgido nos últimos anos. Além disso, as Berlinesas são mais pequenas e costumam ser polvilhadas com um açúcar mais fino do que o usado nas bolas de Berlim.

Ao longo dos anos em que durou a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, vários milhares de refugiados fugiram para Portugal — um pais oficialmente neutro —, com o objetivo de viajarem para outros países e continentes através dos navios transatlânticos. Muitas famílias judias alemães, por exemplo, encontraram no nosso País um abrigo temporário — antes de rumarem para uma nova vida, fosse nos EUA ou, depois, no recém-fundado estado de Israel. De qualquer forma, durante o período que viveram aqui e enquanto esperavam pelos papeis necessários para partirem novamente, estes refugiados tiveram de trabalhar para sustentarem as famílias 

pastedGraphic.png

Muitos judeus tornaram-se funcionários de empresas nacionais, como pastelarias e cafés. Por isso, vários destes espaços, sobretudo em Lisboa e no Porto, começaram a vender doces tipicos germanicos, incluindo a bola de Berlim.

Tendo em conta o tamanho e a forma redonda (ideal para agarrar com uma mão), as bolas de Berlim começaram a ser vendidas na rua. Mais tarde, chegaram аs praias

Ingredientes

Para a massa

600 g de farinha tipo 55

150 ml de leite meio-gordo

100 g de açúcar

100 g de margarina

30 g de fermento de padeiro fresco

4 ovos

½ colher de café de sal fino

Para o creme

500 ml deleite meio-gordo

125 g de açúcar

75 g de farinha tipo 55

4 gemas de ovo

1 casca de limão

½ l de óleo vegetal (para fritar)

Modo de Preparação

1 – Numa tigela, coloque a farinha peneirada.

2 – No centro, faça uma cova e junte o leite morno, o açúcar e o fermento, mexendo com as mãos até dissolver.

3 – Faça outra cova e junte, agora, os ovos, a margarina e uma pitada de sal.

4 – Envolva e, lentamente, vá juntando a farinha.

5 – Quando a massa estiver homogénea, amasse-a numa bancada, polvilhada com farinha.

6 – Coloque novamente na tigela e tape com película aderente. Deixe levedar até dobrar de volume.

7 – Divida a massa em 15 partes iguais e modele com o formato de bolas.

8 – Disponha num tabuleiro polvilhado com farinha e deixe levedar novamente, até ficar com o dobro do tamanho.

9 – Entretanto, numa taça, misture o açúcar, a farinha e as gemas, juntando um pouco de leite frio. Reserve.

10 – Ferva o restante leite com a casca de limão e verta sobre a mistura, mexendo sempre.

11 – Leve ao lume, até engrossar. Retire, verta para um tabuleiro e deixe arrefecer.

12 – Frite as bolas de massa em óleo, vire-as a meio da fritura e escorra.

13 – Passe por açúcar, corte as bolas a meio e recheie com o creme.

By : Maio 3rd, 2021 Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Palácio Nacional de Queluz encanta pela sua imponência e pela exuberância dos seus detalhes arquitectónicos. Intimamente ligado às vivências de três gerações da Família Real portuguesa, e palco de intensas emoções, o palácio reflete a evolução dos gostos e estilos da época, passando pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo.

Em seu redor, cenográficos jardins convidam a “passear” pela época em que a corte ali organizava sumptuosas festas e guardam as memórias dos passeios de gôndola no canal, do teatro, das caçadas, dos serões musicais e literários, dos bailes de máscaras, dos jogos e das récitas ao ar livre.
Em 1747, o Infante D. Pedro, terceiro Senhor da Casa do Infantado e futuro rei D. Pedro III (por casamento com D. Maria I) encarrega o arquiteto Mateus de Vicente de Oliveira de ampliar o chamado “Paço Velho”. Anos mais tarde, em 1760, o anúncio do casamento de D. Pedro com a herdeira do trono, a princesa D. Maria, motiva obras mais profundas.
Nesta fase, os trabalhos ficam a cargo do arquiteto e ourives Jean-Baptiste Robillion. D Pedro III dedica a sua atenção a este local, transformando-o num espaço de lazer e entretenimento da Família Real e recheando-o de salas de aparato, como a Sala do Trono ou a Sala dos Embaixadores. Nos jardins, a decoração é marcada por diversos grupos escultóricos que evocam a mitologia clássica, de que se destacam as estátuas em chumbo do atelier londrino de John Cheere.

Após o incêndio da Real Barraca da Ajuda, em 1794, onde a Família Real vivia em permanência desde o terramoto de 1755, o Palácio de Queluz torna-se residência oficial da rainha D. Maria I e, posteriormente, dos príncipes regentes D. João VI e D. Carlota Joaquina
O palácio é habitado em permanência até à partida da Família Real para o Brasil

Em 1821, D. João VI regressa a Portugal, mas o palácio só volta a ser habitado, em regime de semi-exílio, pela rainha D. Carlota Joaquina, acusada de conspirar contra o marido. A geração seguinte, marcada pela Guerra Civil que opôs os irmãos D. Miguel e D. Pedro IV de Portugal e primeiro Imperador do Brasil, encerrou a vivência real do Palácio de Queluz. É no Palácio de Queluz, no quarto D. Quixote, onde nasceu, que D. Pedro IV acaba por morrer.