By : Abril 29th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Monumento memorial da batalha de Aljubarrota e panteão régio, cuja construção teve início em finais do século XIV com o patrocínio de D. João I, o Mosteiro dominicano da Batalha é o mais significativo edifício do gótico português. As suas vastas dependências constituem hoje um excelente exemplo da evolução da arquitetura medieval até ao início do século XVI, desde a experiência inédita do tardo-gótico à profusão decorativa do manuelino.

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, também designado Mosteiro da Batalha é, indiscutivelmente, uma das mais belas obras da arquitetura portuguesa e europeia.

Este excecional conjunto arquitetónico resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória em Aljubarrota, batalha travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.

Dom João I está enterrado ali, na Capela do Fundador, ao lado da mulher, D. Filipa e dos filhos. 

As obras prolongaram-se por mais de 150 anos, através de várias fases de construção. Esta duração justifica a existência, nas suas propostas artísticas, de soluções góticas (predominantes) manuelinas e um breve apontamento renascentista. Vários acrescentos foram introduzidos no projeto inicial, resultando um vasto conjunto monástico que atualmente apresenta uma igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas.

A abissal Sala do Capítulo revela uma imensa abóbada, sem qualquer apoio central. O projeto é considerado um dos mais audaciosos da arquitetura gótica europeia.

Conta a historia  que o arquiteto Afonso Domingues, jà cego, logo depois ter realizado essa abóboda, teria ficado ali durante três dias e três noites para ver se resistia, para assistir a sua maior obra ou morrer com ela. 

Realizadas por D Duarte são as Capelas Imperfeitas que, apesar do nome, são absolutamente majestosas. Sò que nunca foram acabada e assim ficaram, incompletas mas espetaculares. 

Monumento nacional, o mosteiro integra a Lista do Património da Humanidade definida pela UNESCO, desde 1983.

By : Abril 25th, 2021 Gastronomia 0 Comments

Se você perguntar a um português o que é uma comida de rua típica em Portugal, ele responderá: uma bifana. Agora a pergunta é “O que é isso?”
Em Portugal, encontrará muitas sandes que têm como função servir de refeição rápida, por vezes com apenas uma tigela de sopa a complementar. Sei que, para muita gente, um sanduíche é o suficiente, mas gostamos de ter refeições mais fartas.
Você saberá que um dos principais sanduíches do país, apreciado de norte a sul, é a bifana. Simplificando, é um sanduíche de bife. Um bife de porco, para ser mais específico, temperado com alho e especiarias, depois colocado dentro de um pãozinho.
Parece básico o suficiente, não é?
No entanto, em todos os lugares que você experimentará, um terá um sabor diferente.
E essa é a beleza disso! Como é possível que um pedaço de bife possa caber tão perfeitamente em um pãozinho e apresentar a você uma mistura de sabores que vai agradar o seu paladar ?!
No Norte do país, geralmente é feito com pedacinhos de bife temperados numa panela grande com molho e costuma ser um pouco picante. O pão é um pãozinho branco simples, que acaba umedecido com o molho do bife. À medida que você vai mais para o sul, porém, o bife não é mais cortado e, em vez disso, é batido com um martelo, ele é principalmente com alho e nem um pouco picante – em vez disso, eles sugerem que você o coma simples ou com mostarda. Além disso, o pão é torrado levemente. E, infelizmente, há menos molho também.
Mas qual é o original?
Diz-se que o original provém da localidade de Vendas Novas, no Alentejo, no sul do país.
De qualquer forma, é tão típico em Portugal que também o Mac Donald teve de introduzir um Mac Bifana no seu menu.
Como você pode fazer uma Bifana?
Ingredientes
4 pão (papo seco português)
1 kg de bife de porco, em fatias muito finas
5 dentes de alho picados
60 gr banha
½ chavena de vinho branco
3 folhas de louro
Suco de limão
1 colher de chá de páprica
Sal
Pimenta moída na hora
Instruções
Num recipiente, coloque uma camada de costeletas e tempere com sal, pimenta, louro, colorau, suco de limão e alho.
Se necessário, faça várias camadas com todas as costeletas, temperando-as da mesma forma em cada camada.
Por fim, regue as costeletas com o vinho branco e deixe marinar 3 horas no frigorífico.
Em uma frigideira grande, ouça a banha em fogo médio.
Escorra as costeletas e reserve a marinada. Frite-os na banha em fogo alto, virando-os constantemente.
Assim que as costeletas estiverem fritas, adicione a marinada reservada e cozinhe em fogo médio até que o líquido tenha evaporado pela metade.
Torre os pães.
Encha cada pão com costeletas e regue com o molho restante.

By : Abril 22nd, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

Em 1983, a UNESCO declarou uma joia inestimável da história ocidental como monumento “Património Mundial”: o Castelo dos Templários e o Convento dos Cavaleiros de Cristo em Tomar. Este vasto complexo monumental, edificado sobre um antigo local de culto romano, conta-nos cerca de sete séculos de história portuguesa e os momentos mais marcantes da história ocidental.

Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, doou uma vasta região entre os rios Mondego e Tejo aos Cavaleiros do Templo de Jerusalém. Reza a lenda que, em 1160, os cavaleiros que ali chegaram escolheram uma montanha para construir um castelo e o nome que lhe teriam dado: Tomar. Em 1314, a Ordem do Templo foi extinta devido às perseguições ao rei da França, Filipe, o Belo. Mas graças a D. Dinis, em 1319 gentes, bens e privilégios foram totalmente integrados numa nova ordem – a Milícia dos Cavaleiros de Cristo – que juntamente com o Infante D. Henrique apoiaria a nação portuguesa no grande empreendimento das descobertas marítimas .dos séculos XV e XVI. O Castelo de Tomar tornou-se então Convento e Sede da Ordem e o Infante D. Henrique, o Navegador, seu Governador e Administrador perpétuo.

Originalmente era um castelo fortificado que servia para defender o reino cristão da agressão dos mouros, que pressionavam as fronteiras.
Hoje o Convento de Cristo é uma mistura dos estilos gótico, românico, manuelino e renascentista, mas não é preciso ser um especialista em arquitetura para apreciar a sua beleza.
Passear por seus oito pátios, cada um diferente do outro, e admirar a riqueza das esculturas e decorações faz você se sentir dentro de uma máquina do tempo.
Uma das partes mais extraordinárias do Convento de Cristo é a Charola, uma igreja templária de 16 lados, construída em imitação da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Diz-se que a sua planta circular se deve ao facto de os cavaleiros poderem participar nas funções permanecendo na sela do seu cavalo.

Vistas do exterior, a igreja e a casa capitular são uma profusão de decorações manuelinas: capitéis, esculturas, gárgulas, cordas, símbolos templários … Um belo exemplo é a janela manuelina, uma janela ricamente decorada no lado poente da igreja , que pode ser melhor admirado do vizinho Claustro de Santa Bárbara.

Entre os oito pátios do Convento de Cristo, o Claustro Principal de estilo renascentista ou de Dom João III deixa-o sem palavras. É um claustro de dois pisos, ligado por escadas helicoidais nos quatro cantos, tendo ao centro uma fonte em cruz templária. A atmosfera é verdadeiramente sugestiva, você se sente transportado de volta no tempo.

By : Abril 18th, 2021 Lugares e Monumentos 0 Comments

O Mosteiro dos Jerónimos é o monumento mais famoso e visitado de Lisboa, e não só é uma obra arquitectónica excepcional, mas também um importante símbolo da identidade e cultura portuguesas.
Esta obra-prima do estilo manuelino, expressão artística primorosamente portuguesa que mistura elementos do gótico tardio e renascentista com elementos mudéjar, foi fundada por vontade de D. Manuel I perto do local onde D. Henrique o Navegador, figura-chave da expansão ultramarina da Portugal, tinha construído uma igreja dedicada a Santa Maria de Belém. Quando os marinheiros estavam para fazer uma longa viagem, eles foram a esta igreja para se entregar a Nossa Senhora. Vasco da Gama não foi exceção antes de sua expedição às Índias. Foi então que o Rei D. Manuel prometeu, se tivesse sucesso, construir uma igreja ainda maior naquela igreja, e então decidiu transformá-la no panteão de sua família.
Foi construído em 1502 por projecto do arquitecto Diogo Boytac e dedicado a San Geronimo; muitos artistas portugueses, franceses e espanhóis colaboraram na sua realização. A ordem dos girolamini foi dissolvida em 1833: desde então até 1940 o mosteiro foi usado como escola e orfanato; em 1907 foi declarado monumento nacional e em 1983 Patrimônio Mundial da UNESCO. Nos seus cinco séculos de história, o mosteiro atraiu poetas, navegadores, reis e artistas e foi o cemitério de nobres e exploradores: hoje é uma das principais atracções turísticas de Lisboa.
A Igreja de Santa Maria, de aspecto gótico, alberga os cenotáfios de Vasco da Gama e do poeta Luís Vaz de Camões (cujos ossos foram aqui transportados); o coro também se destaca, com bancos de madeira finamente entalhados.
O claustro é provavelmente a atracção mais surpreendente do mosteiro: um dos mais bonitos da Europa, tem uma forma quadrada e mede 55 metros de cada lado, com duas filas de janelas em todos os lados. É um triunfo das decorações manuelinas, das criaturas fantásticas da balaustrada superior e dos símbolos da época em que foi construído o claustro, como a esfera armilar e a cruz da Ordem militar.
O portal de entrada, embora menor que o portal sul, é o mais importante: orientado simbolicamente a nascente, é o ponto de acesso à igreja, perfeitamente alinhado com o altar-mor. Desenhado por Boitaca, foi construído por Nicolau Chanterenne em 1517. Em ambos os lados da porta há estátuas de um monarca em respeitoso ato de oração: Dom Manuel I com San Geronimo à esquerda e Rainha Maria com São João Batista à direito. Na parte superior é possível ver três nichos com grupos escultóricos representando a Anunciação, o nascimento de Cristo e a adoração dos Magos. É difícil acreditar que a porta sul seja, tecnicamente falando, apenas uma entrada secundária: a sua magnífica decoração torna-a no elemento de maior impacto visual de toda a fachada. A figura central representa Nossa Senhora de Belém com o Menino, na parte inferior os santos e apóstolos e na parte superior uma estátua do Arcanjo Miguel domina toda a composição.

By : Abril 15th, 2021 Senza categoria 0 Comments

Hoje é o dia dedicado a arte e decidi escrever um artigo sobre uma das obras de arte portuguesas que mais amo. 

Trata-se da mais célebre obra da ourivesaria portuguesa, pelo seu mérito artístico e pelo seu significado histórico: a custodia de Belém, exposta no MNAA (Museu Nacional de Arte Antiga) de Lisboa.

Mandada lavrar pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro de Santa Maria de Belém (Melhor conhecido como Mosteiro do Jerónimos), a Custódia de Belém é atribuível ao ourives e dramaturgo Gil Vicente. 

Foi realizada com o ouro do tributo do Régulo de Quilôa (na atual Tanzânia), em sinal de vassalagem à coroa de Portugal, trazido por Vasco da Gama no regresso da sua segunda viagem à Índia, em 1503, é um bom exemplo do gosto por peças concebidas como microarquitetura no gótico final.

Destinada a guardar e expor à veneração dos fiéis a hóstia consagrada, apresenta, ao centro, os doze apóstolos ajoelhados, sobre eles pairando uma pomba oscilante, em ouro esmaltado a branco, símbolo do Espírito Santo, e, no plano superior, a figura de Deus Pai, que sustenta o globo do Universo, materializando-se deste modo, no sentido ascensional, a representação da Santíssima Trindade.

As esferas armilares, divisas do rei D. Manuel I, que definem o nó, como que a unir dois mundos (o terreno, que se espraia na base, e o sobrenatural, que se eleva na estrutura superior), surgem como a consagração máxima do poder régio nesse momento histórico da expansão oceânica, confirmando o espírito da empresa do Rei que para sempre ficou ligado a época da expansão marítima portuguesa. 

Um obra que deixa verdadeiramente sem palavras pela qualidade artística, os materiais e a perfeição da sua realização no mais pequenos detalhes. 

O MNAA conserva essa e muitas obras representativas da arte portuguesa e international; um lugar então que os apaixonados de arte não podem faltar de visitar. Melhor ainda si acompanhados para uma histórica de arte apaixonada por esse Museu 😉 

Então, o que espera a reservar uma visita comigo? 

By : Abril 8th, 2021 Historia, Lugares e Monumentos, Reis e Rainhas 0 Comments

O Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado erguer por D. José I (1714-1777) no alto da colina da Ajuda. Este edifício, construído em madeira para melhor resistir a abalos sísmicos, ficou conhecido por Paço de Madeira ou Real Barraca. Substituía o sumptuoso Paço da Ribeira que fora destruído no Terramoto que arrasou Lisboa em Novembro de 1755.

O novo Paço, habitável desde 1761, veio a ser a residência da Corte durante cerca de três décadas. Em 1794, no reinado de D. Maria I (1734-1816), um incêndio destruiu por completo esta habitação real e grande parte do seu valioso recheio.

 O projeto de construção dum novo palácio de pedra e cal, iniciou em 1796 sob a regência do príncipe real D. João, mas foi suspenso decorridos cinco anos de construção, quando, em 1802, Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, arquitectos formados em Itália, foram encarregues de o adaptar à nova corrente neoclássica. 

A partida da Corte para o Brasil, em 1807, na sequência das invasões napoleónicas, e a falta periódica de recursos financeiros não permitiram ao projeto de continuar de maniera regular. 

Os confrontos entre liberais e absolutistas mergulharam o país numa frágil estabilidade e, em 1833, a construção paralisou por completo. Após a vitória liberal, D. Pedro assumiu o Governo como regente, na menoridade da filha, D. Maria da Glória, e jurou a Carta Constitucional na Sala do Trono do Paço da Ajuda, em 1834. 

Foi com a subida ao trono de D. Luís I (1838-1889), que uma nova etapa se iniciou, adquirindo finalmente a verdadeira dimensão de paço real ao ser escolhido para residência oficial da corte. As verdadeiras alterações na decoração dos interiores começaram em 1862, ano do casamento do rei com a princesa de Sabóia, D. Maria Pia (1847-1911). Foi então iniciado um longo trabalho de reformulação que se estendeu a diversos níveis: das paredes aos tectos – forrados, estucados ou pintados de novo –, ao revestimento dos soalhos com parquets e alcatifas, à escolha do mobiliário para as salas. Tudo encomendado a casas especializadas, portuguesas ou estrangeiras, fornecedoras da Casa Real. Os presentes de casamento e bens trazidos de Itália pela rainha ajudaram á decoração dos apartamentos remodelados. 

Os espaços queriam-se agora mais íntimos e resguardados. Introduziram-se novas dependências no piso térreo: a Sala de Jantar, para as refeições diárias da família, uma sala de estar – a Sala Azul – e zonas de lazer, de que são exemplo a Sala de Mármore e a de Bilhar; por fim, as casas de banho dotadas de água corrente, quente e fria. O andar nobre fora reservado para as recepções de gala e o piso térreo, a partir da Sala de Música e ao longo da fachada poente, destinado aos aposentos privados. O Palácio foi-se tornando palco das reuniões do conselho de Estado, dos dias de grande gala – os banquetes e as recepções oficiais – e do quotidiano familiar: aqui nasceram os príncipes D. Carlos (1863-1908) e D. Afonso (1865-1920). 

Após a morte de D. Luís I, em 1889, a vida agitada do Palácio da Ajuda alterou-se profundamente. No novo reinado, a Corte dividira-se entre três Paços: a Ajuda, onde D. Maria Pia permaneceu com D. Afonso; Belém – onde nasceram os príncipes D. Luís Filipe (1887-1908) e D. Manuel (1889-1932) – e as Necessidades, residências alternativas de D. Carlos I e D. Amélia (1865-1951). O andar nobre da Ajuda manteve-se reservado para a realização de cerimónias oficiais. 

Em 1910, quando da instauração da República e consequente exílio da Família Real, o Palácio foi encerrado. 

Em 2007, o Palácio, juntamente com os outros palácios nacionais passou a integrar o conjunto de imóveis tutelados pelo Instituto dos Museus e da Conservação. 

Hoje é cenário das cerimónias protocolares de representação de Estado. 

By : Abril 4th, 2021 Gastronomia, Tradições 0 Comments

Na quadra que celebra a ressurreição de Cristo, há um elemento comum a todas mesas em Portugal, o folar de Páscoa, um bolo delicioso na sua simplicidade cuja história e tradições importa conhecer. Com um ou mais ovos cozidos no topo, o folar mais popular é feito de uma massa seca com um ligeiro travo a canela e faz a delícia de todos, do mais pequeno ao mais graúdo. Sabe, com certeza, que este é tradicionalmente oferecido aos afilhados no Domingo de Páscoa. A razão? Uma lenda que associa o folar à amizade e à reconciliação, importantes valores a transmitir em qualquer altura do ano.

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.

Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.

Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.

Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.

Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.

No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.

Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.

Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

By : Abril 1st, 2021 Tradições 0 Comments

Jà faltam poucos dias à Páscoa. E Portugal é um pais com muitas tradições ligadas a esse momento do ano litúrgico. 

Em todas as regiões do país ocorrem diversos eventos religiosos ao longo da semana santa, que começa no Domingo de Ramos e termina no Domingo de Páscoa. Em algumas cidades, certos rituais são destaque, mas esses mesmos rituais podem ocorrer em várias localidades ao mesmo tempo.

Um dos rituais mais valorizados da Páscoa em Portugal é o Compasso Pascal, realizado há mais de 500 anos. As ruas são tomadas por pequenos grupos religiosos que saem das igrejas com uma cruz e vão passando pelas casas para abençoá-las.

Os fiéis que desejam receber a bênção, deixam a porta da casa aberta, com pétalas de flores na entrada e, se quiserem, com ofertas de petiscos. O padre fica tocando um sino pelo caminho para avisar sobre a aproximação da procissão. Conforme ele vai passando, vai parando nas portas das casas com a cruz para que ela seja beijada pelos moradores, e faz a bênção da casa com água benta.

Em Braga, na região Norte, a imagem de Nossa Senhora é transportada por uma burrinha, na Procissão da Burrinha. A cidade fica toda enfeitada com flores, luzes, incensos, motivos alusivos à quadra e faixas roxas.

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Na sexta-feira Santa é feita a Procissão do Enterro do Senhor, cujos protagonistas são irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades. Todos ficam de cabeça coberta em sinal de luto. Essa é a procissão mais solene, pois carrega o pequeno barco do Senhor morto.

Procissão das Flores no Algarve

Em São Brás de Alportel, no Algarve, o domingo de Páscoa em Portugal é marcado pela Procissão de Aleluia, em honra à ressurreição de Cristo. Os homens e meninos fazem duas filas paralelas nas laterais do tapete decorado ao centro da rua, e carregam tochas de flores coloridas nas mãos.

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Bênção dos borregos (ovelhas) no Alentejo

Em Castelo de Vide, no Alentejo, além das procissões da Páscoa em Portugal, a população acompanha a Benção dos Borregos, que ocorre no Sábado de Aleluia. Essa bênção era realizada antigamente para proteger a fartura dos criadores de gado, e hoje ainda simboliza o espírito de convivência entre os diferentes povos e culturas.

Antes desse evento no sábado de aleluia, acontecem a Bênção dos Ramos e a Procissão dos Passos do Senhor, no domingo de ramos. Já na quinta-feira santa é feita a Missada Ceia do Senhor. Na sexta-feira santa celebra-se a missa da Paixão do Senhor, e ao fim da tarde é feita a Procissão do Enterro do Senhor, como em Braga.

Depois, outro rito tradicional é a Chocalhada, que ocorre à noite, quando as pessoas de reúnem no Lageado com chocalhos para emitir um ruído característico que serve de oração durante o Cortejo de Aleluia.

Jantar do Mordomo da Cruz no Minho

Em algumas freguesias (municípios) da região do Minho, como em Viana do Castelo e Ponte de Lima, além dos eventos tradicionais mencionados acima, é comum fazer o Jantar do Mordomo da Cruz. Trata-se de um banquete para todo o povo daquela freguesia ou de um bairro, onde se elege um mordomo que vai transportar a cruz e pagar o almoço de todos.

Enterro do Bacalhau em Beiras

O Enterro do Bacalhau é um cortejo fúnebre cheio de significado na Páscoa em Portugal e de muito valor cultural. A primeira vez que aconteceu foi em 1938, mas as autoridades religiosas não eram a favor, pois significava um protesto.

Essa tradição remonta o século 16, quando a igreja proibia totalmente o consumo de carne durante a Quaresma, exceto para os mais abastados. Sendo assim, os pobres só tinham a opção de comer peixe, e o bacalhau era o mais acessível de todos.

Então foi criada essa festividade pagã – que tem um tom de comédia, como uma revolta dos mais pobres pela sua impotência perante a autoridade da igreja. O cortejo conta com três sermões: Vida e Morte do Bacalhau, Testamento do Bacalhau e as Exéquias do Bacalhau, que ocorrem ao som da macha fúnebre de Chopin.

Comida típica da Páscoa em Portugal

O folar de Páscoa que pode ser doce ou salgada. Esse é um dos pratos mais tradicionais que representa a comida típica da Páscoa em Portugal.

No Minho

Assim como em praticamente todo o Norte, no Minho é comum finalizar o jejum da Quaresma com carne. Então, além do cabrito, se consome bolas de carne e folar de carne, ambos feitos com uma massa recheada com diferentes carnes.

No Douro

Um dos pratos principais mais apreciados nessa região é o lombo de boi, chamado de lombo da Páscoa, nessa época do ano. Além dessa carne, aprecia-se muito o cabrito assado.

Nas Beiras

Nessa região, os dois pratos de carne mais consumidos no Domingo de Páscoa são o leitão assado e o bacalhau, que ocorre após o cortejo do Enterro do Bacalhau.