O molho que reveste as amêijoas é preparado com azeite (de muito boa qualidade porque é o ingrediente estrela do molho), alho, coentro, sal, pimenta e às vezes, como é o caso aqui, um pouco de vinho branco seco para levar até mais sabor. Em seguida, rega-se o suco do limão antes de ser servido.
Os Lisboetas e os viajantes que regressam do rio Tejo vão falar-vos com alegria do infinito prazer de saborear amêijoas à Bulhão Pato à beira-mar e de terminar o prato com um bom pão para absorver o maravilhoso sumo das amêijoas intimamente misturadas com a azeitona óleo, alho e coentro. Uma receita fácil e rápida para uma pequena pausa para o almoço ou no final do dia, ao pôr do sol, no Porto de Lisboa.
Muitos dos pratos emblemáticos da gastronomia portuguesa são preparados com peixe ou marisco. Nada surpreendente para um país banhado pelo Oceano Atlântico e cuja capital fica numa baía.
O Algarve, região mais meridional de Portugal, goza de grande reputação pela variedade e frescura dos seus peixes, mariscos e crustáceos. É desta região que provém grande parte do marisco consumido em Portugal, incluindo amêijoas. Algumas são cultivadas e outras apanhadas pelos mariscadores, criadores de moluscos.
Em Portugal, as amêijoas estão no centro de muitas receitas como a cataplana (marisco com especiarias, vinho branco, tomate, etc.) ou a carne de porco à alentejana (composta por porco, amêijoas e acompanhada de batata). E muitos outros.
Mas hoje, resolvi apresentar a receita das amêijoas à Bulhão Pato.
Tem o nome de Raimundo António de Bulhão Pato, poeta, gastrônomo e epicurista, que foi uma figura importante na vida intelectual e artística da sociedade portuguesa de meados a finais do século XIX. Participou até num livro de culinária, “O Cozinheiro dos Cozinheiros” (O Cozinheiro dos Cozinheiros) de Paulo Henrique Plantier, publicado pela primeira vez em 1870, que trazia um capítulo de receitas inventadas e feitas por famosos artistas portugueses da época .
Portanto, esta é uma bela homenagem a este epicurista e amante da boa comida, que este prato tão popular ainda tenha o seu nome até hoje, e continue a desafiar os curiosos foodies como nós.
Amêijoas à Bulhão Pato – Receita
Amêijoas à Bulhão Pato é um delicioso prato tradicional da cidade de Lisboa que se prepara com amêijoas revestidas com um molho à base de azeite, alho, coentro e vinho branco.
Tempo de preparação
10 minutos
Hora de cozinhar
5 minutos
Tempo total
15 minutos
Ingredientes
1 kg de amêijoas frescas
120 ml de azeite
6 dentes de alho, descascados e fatiados
1 cacho de coentro picado
120 ml de vinho branco seco
1 colher de sopa de sal
Pimenta
1 limão
Instruções
Mergulhe as amêijoas em uma grande quantidade de água com sal grosso por 3 horas. Eles vão dessalinizar e se livrar da areia que contêm. Coloque na geladeira.
Enxágüe bem e várias vezes em água fria para se livrar completamente da areia.
Use um pincel para raspar as cascas para remover os últimos vestígios de areia, bem como quaisquer resíduos marinhos.
Despeje o azeite numa grande panela. Adicione o alho e o coentro. Cozinhe em fogo médio por alguns minutos.
Adicione o vinho branco seco e leve para ferver. Adicione as amêijoas. Tempere com sal e pimenta.
Tampe e cozinhe em fogo médio até que as amêijoas abram, cerca de 5 a 10 minutos.
Depois que todas as amêijoas estiverem abertas, coloque-as na travessa e deixe o molho ferver em fogo alto por 2 minutos. Despeje o molho sobre as amêijoas.
Ponha suco de limão antes de comer.
O Carnaval é uma festa divertida e com muitas tradições em vários países. Mas como festeja-se o carnaval em Portugal?
A diferencias de outros lugares do mundo, o Carnaval em Portugal celebra-se sobretudo em pequenas aldeias. Vamos là descobrir uns exemplos:
Corrida do Entrudo – O Carnaval das Aldeias de Xisto
A chanfana é prato para o almoço farto de Terça-Feira Gorda, mas nem assim se deixa de fazer a Corrida do Entrudo nas Aldeias do Xisto, em plena Serra da Lousã. Pegando em roupas e objetos antigos dos quais já não se faz uso, dá-se a partida para a Corrida do Entrudo até às aldeias do concelho de Góis, onde tudo é permitido. Desde quadras e versos, cujas temáticas estão intimamente ligadas ao quotidiano dos habitantes das Aldeias do Xisto, até às partidas pregadas aos mais velhos, e ao chocalhar das mulheres e dos homens mais novos, todos os que nela participam devem envergar máscaras feitas de cortiça e elementos naturais, que figurem expressões horripilantes e diabólicas.
Canas de Senhorim – Uma rivalidade Carnavalesca
Uma rivalidade com mais de 400 anos dita que dois bairros de Canas de Senhorim, o Paço e o Rossio, desfilem em despique. As duas marchas carnavalescas saem primeiro às ruas entoando canções de marchas antigas e envergando fatos alusivos ao passado de Canas de Senhorim. No grande desfile carnavalesco de Terça-Feira de Carnaval, ganha aquela que celebrar com mais alegria toda a devoção pelo seu bairro.
A 2ª Feira de Carnaval divide-se entre a Farinhada, em que as raparigas que saírem de casa até ao meio-dia correm o risco de ficarem “enfarinhadas”, e a Segunda-Feira das Velhas, durante o período da tarde.
O Carnaval termina na 4ª Feira de Cinzas, com a Queima do Entrudo. Depois da Batatada, o jantar comunitário cujo prato principal é o bacalhau com batatas, ovos, hortaliça, pão e vinho, o palhaço do Entrudo é levado pelas ruas fazendo-se assim a despedida do Carnaval.
Torres Vedras –
A primeira referência ao Carnaval de Torres surge no reinado de D. Sebastião, num documento datado de 1574, no qual um morador da Vila de Torres Vedras apresenta uma queixa “contra uns moços folgando com um galo dia de Entrudo trazendo rodelas, espadas, paus como costumam o tal dia”.
Os Reis do Carnaval e as “Matrafonas”, tão caraterísticos do Corso Carnavalesco, aparecem pela primeira vez na década de 20, marcando decisivamente a história do Carnaval de Torres Vedras, e assumindo um carisma eminentemente popular, ao rejeitar figurinos externos.
Um tema diferente cada ano, com a construção de uma verdadeira aldeia de carnaval, e carros alegóricos.
Para muitos, este é o Carnaval mais “Português de Portugal”.
Loulé – O Carnaval Algarvio
O Carnaval mais antigo do Algarve tem mais de 100 anos
A animação começa logo pela manhã reservada para o desfile das crianças, e a Grand Première de Carnaval marcada para a noite de 2ª Feira, no Salão de Festas de Loulé.
O Corso Carnavalesco enche as ruas desta cidade algarvia no Domingo Gordo e na Terça-Feira de Carnaval, com o desfile de carros alegóricos e figurantes que espalham doses de alegria contagiante, e confettis e serpentinas misturadas pelo ar.
Se queres visitar a capital de Portugal, neste artigo vou dar-te umas dicas de como aproveitar Lisboa da melhor forma possível.
Lisboa atrai visitantes pela sua história, mas também pela sua oferta turística variada, capaz de agradar qualquer estilo de viajante.
Passeios, gastronomia, praias, museus, monumentos históricos e natureza.
Para que a tua experiência na cidade das sete colinas seja bem aproveitada, aqui vão dez dicas essenciais
1. Como chegar
A cidade é bem servida de transportes públicos, com linhas de métro e autocarros que abrangem toda a área urbana. Para quem chega pelo aeroporto, basta seguir as placas indicativas, adquirir numa máquina o cartão individual do transporte (viva viagem) e carregá-lo conforme a opção desejada. É só validar o cartão e embarcar. A linha que sai do aeroporto é a vermelha, que cruza com as demais.
Dica importante: Lisboa é conhecida como a cidade das sete colinas. Considera isso no momento de preparar a bagagem e também escolher o local de hospedagem. E não esquecer sapatos confortáveis!
2. Onde ficar
Se estás à procura de um lugar bem animado à noite, podes procurar o Bairro alto, enquanto a Baixa, é o bairro mais turistico mas também bem perto dos principais pontos turísticos da cidade. Outro bairro onde sugiro ficar é Alfama, a zona mais antiga da cidade.
Para quem prefere praia, há opções nas cidades próximas de Lisboa, que pertencem ao mesmo distrito e, portanto, contam com uma boa oferta de transporte público, tornando fácil o deslocamento, por exemplo Cascais, ou a Costa de Caparica, para que gosta de surf.
3. O que comer
Os clássicos merecem toda a atenção. Pastel de Belém (em Belém) — ou pastéis de nata (no resto da cidade)—, pastel de bacalhau ou pratos típicos como o Bacalhau à Brás ou Polvo a lagareiro (ficando de preferencia longe da rua Augusta, para evitar armadilhas para turistas).
Para quem procura conceitos mais modernos, uma ótima opção é o LX Factory.
4. A noite lisboeta
Cosmopolita, Lisboa reúne aventureiros de países diversos, que saem para beber uma imperial (é como se chama uma cerveja) durante a noite. Os pontos de maior concentração são a Pink Street, rodeada por bares com propostas diversificadas, como o Menina e Moça, que durante o dia funciona também como livraria, e a Pensão do Amor, um antigo bordel transformado em bar e discoteca.
Há ainda a zona do Cais do Sodré, com festas animadas e uma bela vista para o Tejo. O Bairro Alto é o ponto de efervescência, com ruas lotadas e muita animação. Para quem busca uma experiência mais autêntica, a pedida é se perder pelas ruelas de Alfama e acabar em um dos tantos espétaculos de fado que lá ocorrem.
5. Paragens obrigatórias
Não deixe de tê-los no seu roteiro:
- Praça do Comércio ou Terreiro do Paço e Cais das colunas
É uma das maiores praças da Europa e foi por muitos anos espaço nobre da cidade, com palácios e sedes de instituições importantes. Era também a entrada de pessoas da nobreza, que desembarcavam no Cais das Colunas.
- Arco da Rua Augusta (e Rua Augusta)
A Rua Augusta é super movimentada, cheia de lojas e restaurantes e também muitos artistas de rua. É curioso ver como cada um encontra a sua forma de ganhar a vida na cidade.
Para subir no Arco, o custo é baixo (2,5€) e o ideal é ir no final da tarde, para ter uma vista incrível do pôr do sol. É um ponto alto, dá pra ver também um pouco de Lisboa e, claro, o Tejo.
- Chiado e Alfama
Estes são dois dos bairros mais tradicionais de Lisboa. O primeiro é onde circulava toda a aura cultural da cidade, com escritores, poetas e demais artistas que se inspiraram neste ar especial que só o Chiado tem e criaram suas obras a partir disso. Alfama tem preservadas casas de antes do terremoto que quase destruiu a capital por inteiro. Ruas pequenas onde é fácil perder-se (e também encontrar-se) são um charme a parte
– Elevadores e miradouros
Localizados em vários pontos, oferecem vistas únicas de Lisboa, com ângulos especiais.
6. Belém
Esta é outra região essencial que garante um dia bem aproveitado com visita ao Mosteiro dos Jerônimos, Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos, Museu Coleção Berardo, Praça do Império e o famoso Pastel de Belém. Para chegar, basta utilizar o elétrico 15E, que sai da Praça do Comércio ou Praça da Figueira.
7. Parque das Nações
Fugindo um pouco da aura cultural e histórica, há ainda o moderno Parque das Nações, com um teleférico, sendo que o grande destaque fica por conta do Oceanário. O espaço é muito bem organizado e oferece a oportunidade de ver tubarões e tantos outros peixes exóticos, grandes ou pequenos, de perto. Podes ficar à vontade lá, inclusive sentando em frente ao aquário gigante e olhando o ir e vir dos moradores aquáticos.
8. Praias
Com acesso fácil por autocarro ou comboio, as praias na região de Lisboa também devem ser exploradas. Na margem sul do Tejo, as opções são a Costa da Caparica e Setúbal, com paisagens de tirar o fôlego.
Já na mesma linha, tem opções igualmente incríveis, como Cascais, Carcavelos, Parede e Oeiras. Cada praia tem seu encanto, com rochedos à beira mar e água cristalina.
O único senão é que a água é gelada, mas, claro, vale o mergulho.
9. Destinações únicas a poucos kms de Lisboa:
– Sintra, patrimonio da humanidade, fica a 35 minutos de comboio de Lisboa (estação de Rossio). Aqui podem visitar o palácio da pena, o antigo palácio da vila, a esoterica quinta da Regaleira, e muito mais.
- Para quem procura um destino religioso, podem chegar a Fatima em autocarro em circa uma hora e meia desde a estação rodoviária de Sete Rios
- Se estão à procura de lugares históricos verdadeiramente inesquecíveis, podem alugar um carro e visitar os mosteiros da Batalha e Alcobaça a mais ou menos uma hora e meia de Lisboa.
10. Visita Lisboa comigo 😉
Se quiseres aproveitar da cidade, conhecer lugares menos turísticos e viver essa experiencia em completo relax sem o stress de planear, então confia-me a organização da tua viagem. Vamos descobrir Lisboa juntos para uma experiencia autentica e inesquecível.
Açorda, é um prato tipico alentejano. É uma dádiva da presença dos árabes pelas nossas terras. Parece também que a açorda é um prato de subsistência, provavelmente na sequência de crises alimentares. E a sua chegada deve-se à sua facilidade de confecção e sobretudo à mistura simples de produtos de base. O pão foi sempre, e ainda é, um alimento fundamental.
Na época árabe na península encontramos muitas sopas às quais se adicionava pão esfarelado ou cortado grosseiramente. Parece ser esta a origem das açordas. No entanto quase só na zona sul do país assumimos a designação açorda. Este termo nunca aparece associado às sopas de pão que ainda hoje se confeccionam nas Beiras ou Trás-os-Montes.
E temos a grande variante da açorda, que já não é sopa, e que se transformou num prato de referência em Portugal. Num tratado de cozinha árabe, de Ibn Abd al-Ra’uf, se refere a açorda, com a designação de Tarid [thari:d] ou Tarida, em árabe, que quer dizer pão migado, ao qual se junta alho, coentros e água quente.
Em consulta de dicionários de árabe encontramos ainda o termo Ath thurdâ, que significa sopa com pão.
O pão, ainda hoje, é um elemento estruturante da nossa alimentação. E no passado o pão teria que ser consumido na sua totalidade pelo seu valor de apoio permanente ao consumo. A sua aplicação na sopa seria uma forma de utilizar o pão mais velho e mais seco. Seria a sua absorção integral.
Em 1876 publica João da Mata o seu “Arte de Cozinha” especialmente destinado aos profissionais. Encontramos aqui a açorda com bacalhau, uma sopa de pão à portuguesa e ainda outras sopas com pão.
Mas é com Carlos Bento da Maia, edição de 1904, com o título “Tratado Completo de Cozinha e Copa”, que as açordas aparecem como confecção culinária e ilustradas com onze receitas, e fazendo bem a separação das muitas sopas com pão.
Mas qual é a realidade das açordas na cozinha portuguesa? Primeiro temos a açorda/sopa de que a Açorda Alentejana é o melhor exemplo. Depois a glorificação das açordas como prato completo e a imensa variedade de receituário desde o Douro, toda a costa atlântica com peixes e mariscos, da Beira ao Alentejo com o bacalhau, e o Alentejo com as carnes de porco e enchidos. Temos ainda o conceito de açorda como guarnição, ou complemento, de que saboreamos o excelente exemplo com sável e respectiva açorda de ovas.
A autêntica açorda é feita com alho, pequenas fatias de pão do dia anterior molhadas em água bem quente, temperadas com azeite cru, alho, sal, e coentro picado. Existem variações onde a açorda é finalizada com ovos cozidos ou escalfado, bacalhau, pescada e sardinhas assadas. De comida de pessoas pobres, hoje a açorda é uma das melhores sopas portuguesas.