A Biblioteca Joanina

By : Dezembro 10th, 2020 Lugares e Monumentos 0 Comments

Dourados sumptuosos, madeiras exóticas, frescos e milhares de livros raros e antigos, ordenados em estantes até ao teto. Na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, respira-se a história do rei que governou o grande império português no século XVIII.

Aqui repousam milhares de livros, alguns dos quais são exemplares únicos no mundo. A Biblioteca Joanina, antes chamada Casa da Livraria, começou a ser erguida em 1717, em pleno século das Luzes, a mando de D. João V (1689-1750), o rei português que privilegiava o conhecimento e que promoveu uma política cultural sem paralelo em todo o país.

No longo reinado de 43 anos, um dos maiores da história de Portugal, o monarca, que subira ao trono apenas com 17 anos, cultiva o gosto pelas artes, pela ciência e pela literatura. Com os cofres do reino cheios do ouro proveniente das novas jazidas descobertas no Brasil, o jovem monarca desenvolve ao mesmo tempo uma certa apetência pelo esplendor e pelo fausto: o seu ídolo é Luís XIV, o rei sol. 

Por iniciativa régia fizeram-se obras emblemáticas como o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres, a Real Academia de História, a Academia Cirúrgica Protótipo Lusitana e esta Biblioteca, obra-prima única do Barroco, construída pelos melhores mestres em pintura de frescos, douradores e entalhadores.

Trezentos anos depois, esta biblioteca é considerada a mais bela Biblioteca Universitária do mundo, com um espólio inestimável de valor incalculável.  É visitada todos os anos por 200 mil pessoas, mais ainda depois da Universidade de Coimbra ter sido eleita Património da Humanidade pela UNESCO em 2013.

O retrato de D. João V, o patrono da obra, ganha destaque numa das paredes principais da construção em estilo barroco.

A biblioteca foi mandada construir por D. João V, tal como a Biblioteca do Convento de Mafra que é igualmente considerada uma das mais bonitas em todo o Mundo. A da Universidade de Coimbra começou a ser construída em 1717.

O reitor da altura pediu ao Rei um lugar para guardar uma biblioteca que estava à venda por morte de um lente da Universidade. D. João V não se limitou a construir uma mera biblioteca. Contratou especialistas e o edifício de três andares é um símbolo de um país que na altura rompia com o obscurantismo e apostava no conhecimento e nas artes.

A biblioteca tem mais de 60 mil volumes e tem livros publicados até ao ano 1800. O mais antigo é uma bíblia de 1140, do tempo de D. Afonso Henriques. A bíblia tem quatro volumes e é em pele. Estima-se que tenham sido abatidos cerca de mil animais para a fazer. A biblioteca tem vários tesouros como são exemplos a primeira edição dos Lusíadas, uma bíblia hebraica e alguns manuscritos, como é o caso de Almeida Garrett. Estes tesouros estão guardados no outro edifício da Biblioteca Geral que começou a funcionar em 1962. É também nesta estrutura que são consultadas as obras da Biblioteca Joanina. Por ano são requisitados cerca de 800 volumes para consulta.

A biblioteca está aberta para consulta a qualquer cidadão mas a sua actividade, desde a fundação, é dirigida à comunidade académica.

Os Morcegos. À primeira vista pode pensar que estes animais são um problema para a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. No entanto, os morcegos que lá habitam, ocupando o espaço atrás das estantes durante o dia e mergulhando nos tetos arqueados quando o sol se põe, não são um problema.

Pelo contrário. Os morcegos desempenham um papel vital na preservação dos manuscritos da instituição, tanto que os bibliotecários não têm pressa nenhuma em se livrar destes animais.

Os morcegos que moram na Biblioteca Joanina não danificam os livros e, como são notívagos, geralmente não incomodam os visitantes que entram na biblioteca para se deixarem levar pelos seus encantos.

Aliás, o maior perigo para a coleção de livros é a população de insetos. Sabe-se que muitas espécies de insetos roem o papel, podendo constituir um verdadeiro perigo para os livros raríssimos que moram naquela biblioteca de Coimbra, que datam antes do século XIX.

É nesta parte trágica da narrativa que entram os morcegos, mas não como vilões. Eles são os verdadeiros heróis que, durante a noite, se alimentam dos insetos, impedindo-os de estragar a coleção.

No entanto, apesar de os morcegos não representarem uma ameaça, há uma particular preocupação: as fezes. Para proteger o espólio, os bibliotecários cobrem as mesas do século XVIII com tecido feito de pele de animal à noite, e limpam o chão todas as manhãs.

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