Manuel I Rei de Portugal, conhecido como O Venturoso, o Bem-Aventurado ou O Afortunado. Nasceu em Alcochete, uma vila perto de Lisboa em 1469 e morreu em Lisboa no ano de 1521. Nono filho dos Infantes D. Fernando, 2º Duque de Viseu e de D. Beatriz, casou com D. Isabel, filha dos Reis Católicos.
Com a morte da Rainha por parto, casou em segundas núpcias com a Infanta D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel, com que teve dez filhos, além do primeiro filho com sua anterior esposa. De novo viúvo, casou com a Infanta D. Leonor, tendo mais dois filhos.
Com a morte de D. Afonso, sucessor legítimo ao trono do seu padre o Rei D. João II, D. Manuel I foi aclamado como seu legatário ao trono em 1495.
A política do Rei D. Manuel I foi uma linha de continuação dos anteriores governos. Prosseguiu com as campanhas de exploração ultramarina portuguesa, expedições determinantes para a expansão do império e que levou as descobertas do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, do caminho para a Índia por parte de Vasco da Gama em 1498 e das Molucas pelo almirante D. Afonso de Albuquerque em 1511.
Igualmente, recebeu do seu antecessor um governo poderoso e centralizado com uma forte tendência para o absolutismo. D. Manuel dedicou-se ás reformas de tipo tributário, legislativo e administrativo. Estas reformas foram fundamentais para configurar o Reino de Portugal como um estado moderno.
Mas da historia deste rei que tanto significou para a historia de Portugal, faz parte também uma parte digna das melhores telenovelas.
A princesa D. Leonor estava destinada para esposa do príncipe D. João, herdeiro da coroa de Portugal, e eram ambos ainda muito crianças. O rei D. Manuel, porém, que enviuvara pela segunda vez, vendo o retrato da jovem princesa, que apenas contava dezanove anos, e diz a tradição ser de rara formosura, tanto se agradou dos seus encantos que resolveu escolhê-la para sua esposa, preterindo as pretensões do príncipe seu filho, realizando-se assim as suas terceiras núpcias.
Carlos V fora aclamado como imperador da Alemanha, e viera de Flandres para Saragoça, onde se reunira a corte, e D. Manuel, com o pretexto de o felicitar por ter cingido a coroa imperial, mandou a Saragoça como embaixador o seu camareiro, e armador-mor Álvaro da Costa, mas o fim principal desta embaixada era tratar do casamento, muito em segredo, atendendo às circunstancias que se davam.
Álvaro da Costa desempenhou-se da sua missão com muita diligência e diplomacia, a proposta foi bem aceita pela corte de Castela, e as negociações depressa se concluíram.
Os desposórios efectuaram-se na mesma cidade de Saragoça em 16 de Julho de 1518, sendo nomeados procuradores, para tratar com o embaixador Álvaro da Costa, o cardeal Florent, bispo de Tortosa, que depois foi o papa Adriano VI, Guilherme de Croy, duque de Sora; e João le Sauvage, senhor de Strambeque.
Este casamento de D. Manuel causou um certo espanto em Portugal, porque o monarca mostrara-se inconsolável pela morte de sua segunda mulher, dizendo que abdicava a coroa em seu filho, e se recolhia ao convento de Penha Longa.
O príncipe sentiu grande desgosto, porque se apaixonara também pelo retrato da sua prometida, que se tornara agora em madrasta.
Concluídos os contratos matrimoniais, a nova rainha D. Leonor partiu de Saragoça, e entrou em Portugal por Castelo de Vide com o acompanhamento de fidalgos.
O monarca esperava-a no Crato, e em 24 de Novembro ali se celebraram pomposas festas . Como em Lisboa havia peste, partiram os régios esposos com toda a corte para Almeirim, onde se demoraram até ao Verão seguinte, passando em seguida a Évora, voltando para Lisboa só quando a epidemia estava completamente extinta
D. Manuel I faleceu em dezembro de 1521, deixando mais dois filhos com o seu terceiro casamento. Segundo se diz, após enviuvar, D. Leonor recuperou o destino. A mulher de 23 anos viveu uma relação secreta com o seu enteado, D. João III. O amor secreto pelo seu ex-noivo foi uma forma de recuperar as linhas do destino que lhe tinham sido desfeitas por D. Manuel I.
Quando pensamos na Inglaterra, quase direitamente pensamos ao chá.
Chá é algo tão inglês, uma parte tão enraizada de sua cultura, que é também enraizada a ideia de que todos no mundo conhecem essa cultura.
E por mais que faça parte do senso comum a noção de que os ocidentais devem agradecer à China pelo cultivo da bebida, é muito menos conhecida a história que inspirou a sua popularidade na Inglaterra: uma mulher portuguesa.
Em1662, numa monarquia britânica recém-restaurada, Catarina de Bragança (filha do rei português João IV) foi prometida ao rei inglês Charles II com a ajuda de um enorme dote que incluía dinheiro, temperos, tesouros e os portos lucrativos de Tânger e Mumbai.
Esse contrato a transformou numa mulher muito importante: a rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda.
Quando Catarina tomou viajou para o norte para se unir a Charles II, reza a lenda que ela tinha na bagagem folhas de chá – e que possivelmente também faziam parte do dote.
Uma divertida anedota diz que, na caixa, estava escrito Transporte de Ervas Aromáticas, palavras que foram abreviadas para T.E.A (chá é “tea” em inglês).
Essa última parte provavelmente não é verdade – etimologistas acreditam que a palavra “chá” vem da transliteração de um caractere chinês -, mas o que se sabe com certeza é que o chá já era popular entre a aristocracia portuguesa devido à rota comercial do país para a China através de sua colônia em Macau, estabelecida por volta de 1500.
Quando a nova rainha chegou à Inglaterra, o chá era consumido apenas como remédio. Acreditava-se que ele dava vigor ao corpo
Mas, acostumada a beber o chá como parte de sua rotina diária, a jovem rainha sem dúvida manteve o seu hábito, tornando-o popular como uma bebida social em vez de apenas um tonificante.
O seu hábito de beber chá influenciou outros a fazê-lo. As mulheres da corte se apressaram a copiá-la para tentar fazer parte de seu círculo”.
Edmund Waller, um poeta popular na época, até escreveu uma ode de aniversário para a rainha logo após sua chegada:
”A melhor das rainhas e a melhor das ervas, nós devemos
Àquela importante nação, pela forma como eles mostraram
À justa região onde o sol se põe,
Cujas ricas produções nós valorizamos justamente”.
Na verdade, o chá poderia ser encontrado na Inglaterra antes da chegada de Catarina, mas não era muito popular.
O chá era algo pouco comum para a época porque o produto era caro e todos bebiam café nessa época.
A razão para o alto custo tinha três motivos: a Inglaterra não tinha comércio direto com a China, o chá da Índia ainda não estava disponível e as quantidades pequenas importadas pelos holandeses com alta margem de lucro.
Nos principio eles copiaram o ritual inteiro da China. O país de origem de Catarina também teve um papel na popularização desse aspecto da experiência do chá. Portugal era uma das rotas através das quais a porcelana chegava até a Europa. A porcelana provavelmente também fez parte do dote de Catarina e, assim como outras mulheres aristocratas, ela teria acumulado muitos ornamentos para suas sessões de chá ao viver na Inglaterra
Ela deu início a um hábito aristocrático nos seus palácios – muito elegante, muito classe alta, e então todas as cerimônias que chegavam da China eram imediatamente associadas com o alto estilo de vida.
Mas o chá não foi a unica introdução de Catarina de Bragança na Inglaterra.
-O conhecimento da laranja
Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.
-A compota de laranja
Que os ingleses chamam de “marmelade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495.
Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.
-Influenciou o modo de vestir
Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés
-Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.
-O uso do garfo para comer
Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.
-Introdução da porcelana
Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
-Música
Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em Inglaterra.
-Mobiliário
Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.
-O nascimento do “Império Britânico”
O dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia. Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Gujarate. Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios.
Nasceu, assim, o Império Britânico!
– A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi baptizado em sua homenagem.
O Natal é uma oportunidade de se encontrar com a família e o momento mais importante é mesmo o jantar do dia 24 onde a família se reúne para jantar e depois assistir a Missa du Galo que é a Missa que celebra o nascimento de Jesus.
Durante o jantar várias tradições são respeitadas e o bacalhau não pode faltar. Dependendo da região, também existem alternativas gourmet ao bacalhau
No Algarve: galo com cabidela (preparado com adição de sangue de galo e vinagre)
Na Beira litoral: o polvo é muito apreciado
Lisboa e Vale do Tejo: também comem peru assado
Tràs-os-montes e Alto Douro: também preparam polvo, pescada e peixe frito
Nos Açores existe canja
Na ilha da Madeira tradicionais espetadas de carne
A tradição da noite de Natal é servir bacalhau cozido acompanhado de couve, batata e legumes no vapor
No dia 25 comem o cordeiro ou o peru no forno e a “roupa velha” que é a mistura de bacalhau, batata e couve da noite anterior, com alho e bastante azeite e e passado na frigideira
Na mesa de Natal não pode faltar os bolos … muitos bolos!
Claro o Bolo Rei de que falamos no artigo anterior, mas também os bolos fritos.
Os fritos são talvez as mais tradicionais do Natal e em cada região existem variações e as receitas têm sido passadas de geração em geração.
Normalmente são preparados em grandes quantidades e com antecedência. Além disso, dizem que quando “cheira a frito, cheira a Natal”
Segundo a tradição, no final do jantar não se deve tirar a mesa e nem lavar a louça. E as sobras do jantar também não devem ser retiradas da mesa. Ele deve ficar como durante o jantar para respeitar os membros mortos da família.
E qual é a sua tradição de Natal?
O famoso Bolo Rei é uma das tradições de Natal mais conhecidas de Portugal. Não há praticamente nenhuma família portuguesa que não respeite essa tradição. Redondo, com um buraco no meio e recheado de frutas cristalizadas e frutos secos fazem as delícias de toda a família.
Até alguns anos atrás, este bolo típico trazia um brinde – objeto de metal que foi, entretanto, proibido por questões de segurança en 1999 – e ainda uma fava (que também saiu da sua composição). Segundo a tradição portuguesa, a pessoa a quem calhava a fatia de bolo com a fava era a pessoa responsável por, no ano a seguir, comprar o Bolo Rei.
Com o passar do tempo, também esta tradição foi adaptada, existindo agora várias variantes deste doce tradicional de natal, como é o caso do Bolo Rainha para quem não gosta de fruta cristalizada, Bolo de Rei de Chocolate para os mais gulosos e ainda o Bolo de Rei de Gila ou com maçã.
Conta a história que o filho de Baltasar Castanheiro, dono da Confeitaria Nacional na Praça de Figueira, durante uma viagem na Loire, na França, provou pela primeira vez a galette des rois e, apaixonado pelo bolo e pela tradição da fava, que decidia quem comprava o bolo o ano seguinte, importou a tradição em Lisboa. Hoje em dia, podemos experimentar este bolo mais ou menos entre novembro e fevereiro na Confeitaria Nacional onde, no dia 23 de dezembro, a fila de espera é uma prova da importância desta tradição.
No Porto, a receita é introduzida pela Confeitaria Cascais que importou a tradição direitamente de Paris.
Com a proclamação da república o bolo correu o risco de desaparecer por causa do nome “rei”
Outros nomes foram propostos: bolo nacional segundo a Confeitaria Nacional ou ex-bolo rei. Os republicanos propuseram Bolo Presidente, Bolo Republicano ou mesmo Bolo Arriaga em relação ao primeiro presidente da República
Mas a tradição deste bolo de Natal, alem de ser portuguesa, encontra-se en formas diferentes em muitos outros países:
– Galette des rois na França em versão brioche ou versão frangipane avec creme de amêndoas
– Dreikönigkuchen (o bolo dos três reis) na Suíça
– Roscón de reyes (galette des rois) em Maiorca, muito parecido a versão portuguesa
– Brioche des rois nos Alpes provençais
– Rosca de Reyes no México
– Bolo Rei em Nova Orleans, bolo oficial do Mardi Gras (Carnaval) com açúcar colorido.
– Tortell de reis na Catalunha que pode ser simples ou recheado
E qual será o vosso bolo de Natal?
Dentro de poucos dias será Natal e uma tradição que muitas famílias respeitam é aquela do arvore de Natal. Mas como nasceu esta tradição? E como chegou em Portugal?
No passado, a Igreja Católica não celebrava o Natal, embora celebrasse o nascimento de Jesus
Foi no século VI com o Papa Júlio I que fixou-se a data do nascimento de Jesus para o dia 25 de dezembro, e começamos a celebrar esta festa.
Muito antes, para os romanos, era o dia da Saturnália, festas dedicadas ao deus Saturno e ao solstício de Inverno celebrado pelos celtas e pelos povos germânicos. Foi assim que uma antiga festa pagã transformou-se na maior festa cristã.
Mas falamos da arvore de Natal, que em Portugal, junto ao presépio, não pode faltar.
Esta tradição é quase obrigatória em todas as casas e é preparada normalmente entre o 1 e o 8 de dezembro.
Na realidade a tradição já existia ao tempo dos romanos que preparavam abetos para as Saturnais.
As primeiras árvores de Natal eram decoradas com papel, frutas secas e bolos
Segundo a historia, a arvore deve ser um pinheiro pela sua forma triangular que representa para os cristãos a Trindade. A primeira referência à árvore de Natal é em 1510, na Lituânia, atribuída a Lutero que teria decorado uma árvore com velas e uma estrela.
E no século XVI, essa tradição jà presente em Alemanha e da Alemanha passou para toda a Europa e chegou em Portugal no século XIX.
Em 1835, como D. Maria II enviuvou meses depois do seu primeiro casamento com o príncipe Augusto de Beauharnais, foi escolhido para novo esposo da soberana D Fernando de Saxe Coburgo Gotha.
D Fernando II e D Maria II tiveram um casamento feliz coroado par 11 filhos ( a rainha faleceu no dar a luz ao ultimo filho). Ele introduziu o romantismo em Portugal, é conhecido pelo seu gosto para a literatura e a arte e pela construção do palácio da Pena em Sintra. Mas foi ele também que introduziu a arvore de Natal em Portugal.
Em 1844 decidiu surpreender a sua família e preparou uma árvore de Natal decorada com bolas colorada e bolos e presentes ao lado da arvore. A partir de là a tradição da arvore foi introduzida em Portugal.
Uma curiosidade: Cada Natal, D Fernando dava os presentes aos seus filhos vestido de São Nicolau. O seu primo, Albert (marido da Rainha Vitória na Inglaterra) fazia exactamente o mesmo para a sua família em Inglaterra .
A ‘cantarinha dos namorados’ de Guimarães é uma prenda muito oferecida por alturas de São Valentim, mantendo-se assim viva uma tradição antiga que atualmente é alimentada pelas mãos de mestres da olearia.
Segundo a tradição, quando um rapaz se dispunha a fazer o pedido oficial de casamento oferecia primeiro à namorada uma cantarinha, moldada em barro. Se a prenda fosse aceite, estava formalizado o pedido particular, passando a depender apenas da vontade dos pais o anúncio do noivado. Uma vez dado o consentimento, a cantarinha servia então para guardar as prendas que o noivo e os pais da noiva ofereciam, designadamente peças em ouro.
Atualmente, as cantarinhas já não são propriamente usadas para pedir a mão a alguém nem para guardar jóias, mas assumem-se como “guardiãs” de segredos e de histórias de amor. “Quem as oferece, fá-lo pelo simbolismo que elas encerram”, é feita em barro vermelho polvilhada de mica branca.
Existem as Cantarinhas grandes, símbolo da abundância, do futuro, da esperança. E a Cantarinha pequena, símbolo da vida real, das incertezas do futuro e das pequenas felicidades do quotidiano.
A Cantarinha era utilizada, assim como os lenços dos namorados, (artigo do 14 de outubro) como símbolo de aceitação ou rejeição de um pedido de namoro/noivado. Se houvesse consentimento dos pais, o noivado era anunciado e o dote tratado, e as prendas oferecidas aos noivos eram colocadas na Cantarinha (cordões de ouro, tranceletes, cruzes, corações). Outra versão diz que, dentro da Cantarinha eram colocadas rifas. A rapariga, tirava depois uma ao acaso que correspondia a uma prenda. Cantarinha dos Namorados é o nome mais comum, mas acrescentem-se outros dois: Cantarinha das Prendas e Cantarinha de Guimarães.
Além do seu significado enquanto objecto casamenteiro, que é o seu atributo magno, a Cantarinha dos Namorados não deixa de ser um produto oleiro de excelência no que toca ao artesanato português. Feita em barro vermelho cozido por sete horas, e ornamentada com pequenos floreados de mica esmigalhada, há uma elegância inegável ao olharmos para ela, e percebemos o porquê de fazer derreter as meninas que recebiam tal artefacto nas mãos.
É composta por três partes: a cantarinha da base, claramente maior, representando a prosperidade do casal; a cantarinha que se sobrepõe a essa, visivelmente mais pequena, simbolizando os problemas que qualquer par de noivos ou casados tem de enfrentar; e por fim, o remate é feito com um pássaro, que alguns dizem ser o guarda-segredos da relação.
Nossa Senhora da Nazaré é uma imagem esculpida em madeira, com cerca de 25 cm de altura, representando a Virgem Maria sentada num banco baixo a amamentar o Menino Jesus, com as caras e as mãos pintadas de cor “morena”. Conforme a tradição oral terá sido esculpida por São José carpinteiro quando Jesus era ainda um bébé, sendo as caras e as mãos pintadas, décadas mais tarde, por São Lucas. É venerada no Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio da Nazaré, em Portugal.
A história da imagem foi publicada, em 1609, pela primeira vez, por Frei Bernardo de Brito, na Monarquia Lusitana. Este monge de Alcobaça, cronista mór de Portugal, relata ter encontrado no cartório do seu mosteiro uma doação territorial, de 1182, na qual constava a história da imagem, a qual terá sido venerada nos primeiros tempos do cristianismo em Nazaré na Galileia, cidade natal de Maria. Daí a invocação de Nossa Senhora – da Nazaré. Da Galileia terá sido trazida, no século quinto, para um convento perto de Mérida, em Espanha, e dali, em 711 para o Sítio (de nossa Senhora) da Nazaré, onde continua a ser venerada.
A história desta imagem é indissociável do milagre que salvou D. Fuas Roupinho, em 1182, episódio a que se convencionou chamar de “a Lenda da Nazaré”.
Durante a Idade Média apareceram centenas de imagens de Virgens Negras por toda a Europa a maioria das quais, tal como esta, esculpidas em madeira, de pequenas dimensões e ligadas a uma lenda miraculosa. Hoje, existem cerca de quatrocentas destas imagens, antigas ou as suas réplicas, em igrejas por toda a Europa, bem como algumas mais recentes no resto do mundo.
A verdadeira e sagrada imagem de Nossa Senhora da Nazaré ainda não foi sujeita a uma perícia laboratorial para a datar cientificamente e paralelamente obter a confirmação de se estar perante uma imagem bi-milenar, ou de uma réplica produzida posteriormente.
Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. De imediato, miraculosamente o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.
D. Fuas desmontou e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. De seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construírem uma capela sobre a gruta, em memória do milagre, a Ermida da Memória, para aí ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. Antes de entaipar a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente e entre as pedras, inesperadamente, encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de São Brás e São Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem representando a Santíssima Virgem Maria. Em 1377, o rei D. Fernando (1367-1383), devido à significativa afluência de peregrinos, mandou construir, perto da capela, uma igreja para a qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a aldeia de Nazaré na Galileia.
A popularidade desta devoção na época dos Descobrimentos era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, vieram em peregrinação ao Sítio da Nazaré. Entre os muitos peregrinos da família Real destacamos, a rainha D. Leonor de Áustria, terceira mulher do rei D. Manuel I, irmã do imperador Carlos V, futura rainha de França, que permaneceu no Sítio alguns dias, em 1519, num alojamento de madeira construído especialmente para esta ocasião. Também S. Francisco Xavier, padre jesuíta, o Apóstolo do Oriente, veio em peregrinação à Nazaré antes de partir para Goa. Foram aliás os Jesuítas portugueses os grandes propagadores deste culto em todos os continentes.
Nos séculos dezassete e dezoito ocorreu a grande divulgação do culto de Nossa Senhora da Nazaré em Portugal e no Império Português. Ainda hoje se veneram algumas réplicas da verdadeira imagem e existem várias igrejas e capelas dedicadas a esta invocação espalhadas pelo Mundo. É de destacar a imagem de Nossa Senhora da Nazaré que se venera em Belém do Pará, no Brasil, cuja festa anual recebeu o nome de Círio de Nazaré e é uma das maiores romarias do mundo atingindo os dois milhões de peregrinos em um só dia.
Dourados sumptuosos, madeiras exóticas, frescos e milhares de livros raros e antigos, ordenados em estantes até ao teto. Na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, respira-se a história do rei que governou o grande império português no século XVIII.
Aqui repousam milhares de livros, alguns dos quais são exemplares únicos no mundo. A Biblioteca Joanina, antes chamada Casa da Livraria, começou a ser erguida em 1717, em pleno século das Luzes, a mando de D. João V (1689-1750), o rei português que privilegiava o conhecimento e que promoveu uma política cultural sem paralelo em todo o país.
No longo reinado de 43 anos, um dos maiores da história de Portugal, o monarca, que subira ao trono apenas com 17 anos, cultiva o gosto pelas artes, pela ciência e pela literatura. Com os cofres do reino cheios do ouro proveniente das novas jazidas descobertas no Brasil, o jovem monarca desenvolve ao mesmo tempo uma certa apetência pelo esplendor e pelo fausto: o seu ídolo é Luís XIV, o rei sol.
Por iniciativa régia fizeram-se obras emblemáticas como o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres, a Real Academia de História, a Academia Cirúrgica Protótipo Lusitana e esta Biblioteca, obra-prima única do Barroco, construída pelos melhores mestres em pintura de frescos, douradores e entalhadores.
Trezentos anos depois, esta biblioteca é considerada a mais bela Biblioteca Universitária do mundo, com um espólio inestimável de valor incalculável. É visitada todos os anos por 200 mil pessoas, mais ainda depois da Universidade de Coimbra ter sido eleita Património da Humanidade pela UNESCO em 2013.
O retrato de D. João V, o patrono da obra, ganha destaque numa das paredes principais da construção em estilo barroco.
A biblioteca foi mandada construir por D. João V, tal como a Biblioteca do Convento de Mafra que é igualmente considerada uma das mais bonitas em todo o Mundo. A da Universidade de Coimbra começou a ser construída em 1717.
O reitor da altura pediu ao Rei um lugar para guardar uma biblioteca que estava à venda por morte de um lente da Universidade. D. João V não se limitou a construir uma mera biblioteca. Contratou especialistas e o edifício de três andares é um símbolo de um país que na altura rompia com o obscurantismo e apostava no conhecimento e nas artes.
A biblioteca tem mais de 60 mil volumes e tem livros publicados até ao ano 1800. O mais antigo é uma bíblia de 1140, do tempo de D. Afonso Henriques. A bíblia tem quatro volumes e é em pele. Estima-se que tenham sido abatidos cerca de mil animais para a fazer. A biblioteca tem vários tesouros como são exemplos a primeira edição dos Lusíadas, uma bíblia hebraica e alguns manuscritos, como é o caso de Almeida Garrett. Estes tesouros estão guardados no outro edifício da Biblioteca Geral que começou a funcionar em 1962. É também nesta estrutura que são consultadas as obras da Biblioteca Joanina. Por ano são requisitados cerca de 800 volumes para consulta.
A biblioteca está aberta para consulta a qualquer cidadão mas a sua actividade, desde a fundação, é dirigida à comunidade académica.
Os Morcegos. À primeira vista pode pensar que estes animais são um problema para a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. No entanto, os morcegos que lá habitam, ocupando o espaço atrás das estantes durante o dia e mergulhando nos tetos arqueados quando o sol se põe, não são um problema.
Pelo contrário. Os morcegos desempenham um papel vital na preservação dos manuscritos da instituição, tanto que os bibliotecários não têm pressa nenhuma em se livrar destes animais.
Os morcegos que moram na Biblioteca Joanina não danificam os livros e, como são notívagos, geralmente não incomodam os visitantes que entram na biblioteca para se deixarem levar pelos seus encantos.
Aliás, o maior perigo para a coleção de livros é a população de insetos. Sabe-se que muitas espécies de insetos roem o papel, podendo constituir um verdadeiro perigo para os livros raríssimos que moram naquela biblioteca de Coimbra, que datam antes do século XIX.
É nesta parte trágica da narrativa que entram os morcegos, mas não como vilões. Eles são os verdadeiros heróis que, durante a noite, se alimentam dos insetos, impedindo-os de estragar a coleção.
No entanto, apesar de os morcegos não representarem uma ameaça, há uma particular preocupação: as fezes. Para proteger o espólio, os bibliotecários cobrem as mesas do século XVIII com tecido feito de pele de animal à noite, e limpam o chão todas as manhãs.
D. Afonso VI é um dos representantes portugueses dos escândalos que envolvem a monarquia.
D. Afonso VI ficou consagrado como “O Vitorioso” na História da Monarquia portuguesa, porque foi no seu reinado que aconteceram as batalhas decisivas durante a guerra de restauração que acabou em 1668 com a independência de Portugal do reino espanhol.
Mas se por um lado ele manejava bem a espada no campo de batalha, com as mulheres não tinha o mesmo talento.
Mas vamos com ordem.
D Afonso era filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. Atacado na infância por doença não identificada, fica mental e fisicamente diminuído. Com a morte de seu irmão D. Teodósio e de seu pai, sobe ao trono com treze anos, pelo que a regência ficou entregue a sua mãe. O rei foi crescendo, rebelde a toda a acção educadora, levando uma vida desregrada e manifestando-se perfeitamente incapaz para assumir as responsabilidades do governo.
Um dos seus companheiros, na vida de arruaceiro que levava, António Conti, insinuou-se-lhe de tal maneira que em breve passou a viver no Paço, a convite de D. Afonso VI e a ter influência nos negócios do governo do reino. O escândalo aumentou a um ponto que D. Luísa de Gusmão fez jurar herdeiro do trono o infante D. Pedro, irmão mais novo de D Afonso, e António Conti foi preso.
Entretanto, o conde de Castelo Melhor, conselheiro do rei e primeiro-ministro, executou um golpe de Estado, compelindo D. Luísa, a entregar o governo a D. Afonso VI e forçando-a a retirar-se para um convento.
Nas boas graças do rei,, lança-se na sua curta a brilhante carreira política, terminando vitoriosamente com a guerra da Restauração e conseguindo casar D. Afonso com Maria Francisca Isabel de Saboia que muito rapidamente entrou em conflito con o conde, e ajudou o cunhado D Pedro a afastar do governo o seu proprio marido.
Para consegui-lo, pediu de anular o casamento, acusando o rei de impotencia. Durante o processo, bem 14 mulheres participaram como testemunhas.
D. Afonso VI viveu então a humilhação de ter essas catorze mulheres a testemunharem a sua incapacidade na cama!
No espaço temporal balizado entre 9 de janeiro e 23 de fevereiro do ano de 1668, ocorreram audiências públicas que visaram avaliar uma possível incapacidade sexual do Rei D. Afonso VI. O momento histórico ocorreu no paço do arcebispo de Lisboa. Foram chamadas para depor 55 testemunhas, distribuídas por segundas, quartas e sábados, sempre à tarde.
A rainha refugiou-se no Convento da Esperança, tendo designado como procurador no processo, o duque de Cadaval.
Não faltaram detalhes primorosos que estão presentes num manuscrito na Torre do Tombo que foi publicado por António Baião, no ano de 1925. Intitulado Causa de nulidade de matrimónio entre a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya e o Rei D. Afonso VI, este documento revelou os depoimentos das suas 14 parceiras.
Nenhuma das mulheres defendeu D. Afonso VI.
Aliás, ninguém compareceu nas audiências para defender D. Afonso que, posteriormente, foi deposto por decisão do Conselho de Estado.
Com uma nova conspiração no paço, resultou a abdicação de D. Afonso VI. D. Pedro toma as rédeas do poder, casou com a cunhada, depois da anulação do casamento desta com D. Afonso e este último foi desterrado para Angra do Heroísmo em 1669, donde regressou em 1674, sendo então encerrado no Palácio de Sintra, onde ainda podem visitar o seu quarto-prisão, até à sua morte.
D.Pedro II foi coroado Rei, e cumpriu bem com o seu papel com D. Maria Francisca. 9 meses depois nasceu uma princesa, Isabel Luísa.
O polvo à lagareiro é uma receita muito típica da gastronomia portuguesa na que o polvo, ingrediente principal de muitos pratos da cozinha lusa, se converte aqui em protagonista. Primeiro é cozido e em seguida levado à grelha onde adquire a estaladiça e deliciosa textura. O nome desta receita vem da figura do lagareiro (um indivíduo que trabalha num lagar na produção de azeite) e se aplica nesta receita devido à grande quantidade de azeite que se utiliza para regar o polvo.
Em termos históricos, o lagar era um tanque rústico onde se faziam azeitonas artesanalmente amassadas e transformadas em pastas, para proceder com a sua prensagem em grandes mós para a extração do azeite. O lagareiro, portanto, era o responsável pelo andamento de todo o processo.
Para além da degustação, saboreando o azeite, algumas preparações eram feitas como teste para conferir e classificar as propriedades e qualidades do óleo. Serviam também como controlo do desempenho dos trabalhadores, excepto se registados desastres climáticos e/ou ataques de pragas. Outro dos fatores que poderia comprometer a qualidades das olivas e do azeite, mas não menos importante, era o manuseamento inadequado dos frutos, desde a colheita e do transporte até à prensagem e armazenamento.
O processo de fabrico do azeite é bastante delicado e solicita agilidade, que requer a atenção máxima dos que nele trabalham. O prazo entre a colheita das olivas e processamento das mesmas, deve ser efectuado o mais rapidamente possível, para que estas não fermentem. Caso isso aconteça, existe grande probabilidade de multiplicação de bactérias, com consequências que podem ser trágicas para o grau de acidez do produto final.
Um prato que passou a ser bastante apreciados a partir da primeira safra de azeite a ser produzida, foi o bacalhau à lagareiro, que nas versões originais, que remontam à muitos séculos atrás, conta que este peixe era dessalgado, empanado com restos de pão moído, frito no azeite retirado directamente dos lagares, acabando por ser saboreado com alho cru ou assado. Esta receita, teve a sua origem nas Beiras, entre o Sul do Rio Douro e o Norte do Rio Tejo onde se situam os mais antigos núcleos urbanos e aldeias constituídas antes mesmo da consolidação oficial da nação portuguesa.
A preparação do bacalhau nos lagares, quando o óleo das olivas correspondia às expectativas dos produtos, extrapolava o que deveria ser um teste simples, adquirindo contornos festivos.
Celebrava-se, assim, os meses de trabalho árduo. Reza a história que assim que as naus portuguesas e espanholas trouxeram as batatas, foi encontrada a junção perfeita e daí nasce a expressão de que em Portugal, um prato com bacalhau, tem batata. Mais tarde, o bacalhau acabou por ser substituído pelo Polvo, chegando a um maior número de consumidores.
Para que esta receita fosse batizada de “lagareiro”, os ingredientes predominantes passavam pelas batatas cozidas, coradas e esmurradas, a cebola, o alho e no final, tudo mergulhado em azeite, o ingrediente principal deste prato.
Receita de Polvo à Lagareiro
Ingredientes
- 1 Kilo e meio de polvo
- 250 ml de azeite
- 2 cabeças de alho
- 1 cebola
- Sal q.b.
- 900 gramas de batatas pequenas
- 2 folhas de louro
- Pimenta branca
- SalsaPreparação
- Pré-aquecer o forno a 160 graus.
- Pôr o polvo numa panela grande com 5 litros de água, 5 ml de azeite, uma cabeça de alho troceada e uma cebola com casca e cozer durante 40 minutos até que fique terno.
- Verificar espetando com um garfo nos tentáculos mais grossos.
- Temperar com sal e deixar arrefecer na própria água.
- Separar a cabeça dos tentáculos e reservar numa travessa ótima para horno.
- Lavar bem as batatas e envolvê-las em sal. Para ficarem macias, levar ao forno a 160 grados durante 35 minutos.
- Sacudir bem o sal das batatas e agregar aos tentáculos. Aumentar a temperatura do forno até 180 graus.
- Regar o polvo e as batatas com 200 mililitros de azeite, distribuir os dentes de alho esmagados e as folhas de louro pela travessa e polvilhar com pimenta branca molida.
- Levar ao forno e quando o polvo estiver bem douradinho, será quando fique pronto.
- Polvilhar a travessa com salsa picada e servir o polvo de imediato.