A troca das princesas

By : Setembro 29th, 2020 Historia 0 Comments

Durante o reinado de D. João V, depois  da   assinatura  de  um tratado de paz entre vários países  europeus (1713),   seguiu-se   uma   política  de aproximação entre Portugal e Espanha.

Foi então negociado um duplo casamento entre os príncipes herdeiros dos dois reinos: a princesa portuguesa Maria Bárbara (filha de D. João V) casaria com o herdeiro ao trono espanhol, príncipe Fernando; o futuro rei D. José I casaria com a princesa D. Mariana   Vitória (filha de D. Filipe V, 1.º rei da dinastia de Bourbon, em Espanha).

Era também uma forma de procurar garantir a paz entre os dois reinos.

Os documentos para este contrato foram assinados em Lisboa e Madrid, em 1727, tendo-se  iniciado  os  preparativos   para   a   cerimónia  dos casamentos, que ficou  conhecida   como a “troca das princesas”.

No dia 10 de janeiro de 1723 se assinaram no paço da Ribeira, de Lisboa, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias D. Fernando, filho de Felipe V, de Espanha, o primeiro da dinastia dos Bourbon, e de sua primeira mulher, D. Maria Luísa Gabriela de Sabóia. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram e se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, em Lisboa, por procuração na igreja Patriarcal.

A troca das princesas devia ocorrer num terreno neutro. Por esse motivo, foi construída uma ponte com um palácio em madeira sobre o rio Caia, rio que assinala a   fronteira   entre  Portugal   e   Espanha   na região de  Elvas/Badajoz.     O palácio,   muito  bem   decorado,   acolheria   as   famílias   reais e   os   principais convidados.

O cortejo real saiu de Lisboa a 8 de Janeiro, seguido dos séquitos da rainha D. Maria Ana Josefa e do patriarca, D. Tomás de Almeida.

D. João V chegou a Évora no dia 10, acompanhado por D. José, e logo tratou de ordenar uma “recepção solene e festiva” para a sua esposa, que viajava na companhia da filha, Maria Bárbara de Bragança, e do infante D. Pedro. A recebê-los estavam as autoridades da cidade, incluindo a nobreza e clero, dois batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria, além do povo que acorreu às portas da Lagoa, “da parte de fora dos muros”.

A cerimónia da troca das princesas, casadas com os herdeiros de duas coroas, efectuou-se com a maior pompa, fazendo-se a viagem com toda a magnificência.

O enxoval da princesa D. Maria Bárbara foi grandioso e deslumbrante. D. João V, para dar mais assombroso realce à cerimónia, mandou construir o palácio de Vendas Novas, que ainda hoje existe, com o único fim de dar pousada durante duas noites, uma à ida e outra à volta, à comitiva portuguesa e espanhola. Em 1746 faleceu Filipe V, e o príncipe das Astúrias subiu ao trono com o nome de Fernando VI, cingindo assim a princesa D. Maria Bárbara a coroa de rainha de Espanha.

A comitiva da princesa D. Maria Bárbara era composta por vários coches encomendados de   propósito   para   a cerimónia. Seguiam  ainda  185   carroças  e   6 mil soldados.

Muita gente   acorreu às   margens   do rio   para assistir,   na   medida  do possível, aos acontecimentos públicos das cerimónias.

Os casamentos tiveram lugar a 19 de janeiro de 1729.

Há 291 anos.

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