Durante o reinado de D. João V, depois da assinatura de um tratado de paz entre vários países europeus (1713), seguiu-se uma política de aproximação entre Portugal e Espanha.
Foi então negociado um duplo casamento entre os príncipes herdeiros dos dois reinos: a princesa portuguesa Maria Bárbara (filha de D. João V) casaria com o herdeiro ao trono espanhol, príncipe Fernando; o futuro rei D. José I casaria com a princesa D. Mariana Vitória (filha de D. Filipe V, 1.º rei da dinastia de Bourbon, em Espanha).
Era também uma forma de procurar garantir a paz entre os dois reinos.
Os documentos para este contrato foram assinados em Lisboa e Madrid, em 1727, tendo-se iniciado os preparativos para a cerimónia dos casamentos, que ficou conhecida como a “troca das princesas”.
No dia 10 de janeiro de 1723 se assinaram no paço da Ribeira, de Lisboa, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias D. Fernando, filho de Felipe V, de Espanha, o primeiro da dinastia dos Bourbon, e de sua primeira mulher, D. Maria Luísa Gabriela de Sabóia. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram e se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, em Lisboa, por procuração na igreja Patriarcal.
A troca das princesas devia ocorrer num terreno neutro. Por esse motivo, foi construída uma ponte com um palácio em madeira sobre o rio Caia, rio que assinala a fronteira entre Portugal e Espanha na região de Elvas/Badajoz. O palácio, muito bem decorado, acolheria as famílias reais e os principais convidados.
O cortejo real saiu de Lisboa a 8 de Janeiro, seguido dos séquitos da rainha D. Maria Ana Josefa e do patriarca, D. Tomás de Almeida.
D. João V chegou a Évora no dia 10, acompanhado por D. José, e logo tratou de ordenar uma “recepção solene e festiva” para a sua esposa, que viajava na companhia da filha, Maria Bárbara de Bragança, e do infante D. Pedro. A recebê-los estavam as autoridades da cidade, incluindo a nobreza e clero, dois batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria, além do povo que acorreu às portas da Lagoa, “da parte de fora dos muros”.
A cerimónia da troca das princesas, casadas com os herdeiros de duas coroas, efectuou-se com a maior pompa, fazendo-se a viagem com toda a magnificência.
O enxoval da princesa D. Maria Bárbara foi grandioso e deslumbrante. D. João V, para dar mais assombroso realce à cerimónia, mandou construir o palácio de Vendas Novas, que ainda hoje existe, com o único fim de dar pousada durante duas noites, uma à ida e outra à volta, à comitiva portuguesa e espanhola. Em 1746 faleceu Filipe V, e o príncipe das Astúrias subiu ao trono com o nome de Fernando VI, cingindo assim a princesa D. Maria Bárbara a coroa de rainha de Espanha.
A comitiva da princesa D. Maria Bárbara era composta por vários coches encomendados de propósito para a cerimónia. Seguiam ainda 185 carroças e 6 mil soldados.
Muita gente acorreu às margens do rio para assistir, na medida do possível, aos acontecimentos públicos das cerimónias.
Os casamentos tiveram lugar a 19 de janeiro de 1729.
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