Revolução dos cravos: fim da ditadura mais longa de Europa

By : Setembro 5th, 2020 Historia 0 Comments

Após o golpe militar de 1926, foi estabelecida uma ditadura no país. Em 1932, Antônio de Oliveira Salazar tornou-se o ministro das finanças e ditador e instaurou um regime inspirado no fascismo italiano. 

Vivia-se num País onde tudo era censurado e proibido: as professoras primárias e enfermeiras não podiam casar; o biquíni era perseguido nas praias; as senhoras na missa não podiam levar os braços descobertos; para usar um isqueiro era preciso uma licença; os jornais, livros, filmes, peças de teatro, canções e músicas tinham de passar pela censura, eram cortados e proibidos.

Não havia liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, de manifestação, à greve, sindical, de partidos políticos e era muito reduzido e controlado o direito de associação. Não existia o direito à Saúde, à protecção social, ao Ensino ou à Habitação e, por isso, um elevado número de portugueses  vivia sem água canalizada, eletricidade ou esgotos.

A polícia  política (PIDE) vigiava, controlava e registava a vida dos cidadãos. Interceptava correio, telefones, vigiava contactos, viagens, participação em actividades de lazer, culturais, desportivas e especialmente sociais e políticas. Desde a chegada dos fascistas ao poder, em 28 de Maio de 1926, os que se opuserem e lutaram pela liberdade e a democracia, sofreram a maior repressão. 

O aparelho de Estado foi adaptado como instrumento repressivo do regime fascista. 

A emigração clandestina foi o escape, nos anos sessenta, para mais de um milhão de portugueses procurarem o emprego e condições de vida que não tinham em Portugal. No ano de 1968 o ditador sofreu um derrame cerebral, que resultou em sua substituição por seu ex-ministro Marcelo Caetano, que deu continuidade à sua política. No entanto, a decadência econômica que o país sofreu, em conjunto com o desgaste de 13 anos de guerra colonial, provocou descontentamento na população e nas forças armadas, o que resultou na aparição de um movimento contra a ditadura.

É nesta conjuntura efervescente que os militares do Movimento das Forças Armadas (MFA), que se vinham organizando e conspirando desde 1973, concretizam em 25 de Abril de 1974, um golpe militar que derruba o regime, que cai sem oferecer resistência significativa e quase sem tiros e vítimas. 

Mas porque esta revolução ficou na historia como revolução dos cravos?

Celeste Caeiro era empregada de mesa no restaurante Franjinhas.

Naquele dia era o aniversário de inauguração do restaurante Franjinhas com um serviço inovador de self-service, o primeiro de Lisboa. Uma festa onde não podiam faltar flores. Quando chegou ao trabalho, Celeste encontrou a porta fechada e foi informada pelo patrão de que não iria abrir porque estava em marcha uma revolução. Mas que não se desperdiçassem as flores.

Levou os cravos consigo até ao Rossio, onde os tanques militares aguardavam novas ordens de Salgueiro Maia. Um soldado pediu um cigarro a Celeste, mas esta não era fumadora e tudo o que tinha para lhe dar era um dos cravos que tinha trazido do restaurante. O soldado aceitou a flor e colocou-a no cano da espingarda, sinal de uma revolução sem armas, e logo os companheiros lhe seguiram os passos, levando Celeste a distribuir todos os cravos que tinha nos braços.

Um gesto insólito, uma imagem que deu a volta ao mundo e instalou-se no imaginário dos sonhadores. Horas mais tarde, várias floristas se esforçavam para que ninguém ficasse sem cravos, contribuindo para os imortalizar como um símbolo de liberdade.

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