By : Setembro 29th, 2020 Historia 0 Comments

Durante o reinado de D. João V, depois  da   assinatura  de  um tratado de paz entre vários países  europeus (1713),   seguiu-se   uma   política  de aproximação entre Portugal e Espanha.

Foi então negociado um duplo casamento entre os príncipes herdeiros dos dois reinos: a princesa portuguesa Maria Bárbara (filha de D. João V) casaria com o herdeiro ao trono espanhol, príncipe Fernando; o futuro rei D. José I casaria com a princesa D. Mariana   Vitória (filha de D. Filipe V, 1.º rei da dinastia de Bourbon, em Espanha).

Era também uma forma de procurar garantir a paz entre os dois reinos.

Os documentos para este contrato foram assinados em Lisboa e Madrid, em 1727, tendo-se  iniciado  os  preparativos   para   a   cerimónia  dos casamentos, que ficou  conhecida   como a “troca das princesas”.

No dia 10 de janeiro de 1723 se assinaram no paço da Ribeira, de Lisboa, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias D. Fernando, filho de Felipe V, de Espanha, o primeiro da dinastia dos Bourbon, e de sua primeira mulher, D. Maria Luísa Gabriela de Sabóia. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram e se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, em Lisboa, por procuração na igreja Patriarcal.

A troca das princesas devia ocorrer num terreno neutro. Por esse motivo, foi construída uma ponte com um palácio em madeira sobre o rio Caia, rio que assinala a   fronteira   entre  Portugal   e   Espanha   na região de  Elvas/Badajoz.     O palácio,   muito  bem   decorado,   acolheria   as   famílias   reais e   os   principais convidados.

O cortejo real saiu de Lisboa a 8 de Janeiro, seguido dos séquitos da rainha D. Maria Ana Josefa e do patriarca, D. Tomás de Almeida.

D. João V chegou a Évora no dia 10, acompanhado por D. José, e logo tratou de ordenar uma “recepção solene e festiva” para a sua esposa, que viajava na companhia da filha, Maria Bárbara de Bragança, e do infante D. Pedro. A recebê-los estavam as autoridades da cidade, incluindo a nobreza e clero, dois batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria, além do povo que acorreu às portas da Lagoa, “da parte de fora dos muros”.

A cerimónia da troca das princesas, casadas com os herdeiros de duas coroas, efectuou-se com a maior pompa, fazendo-se a viagem com toda a magnificência.

O enxoval da princesa D. Maria Bárbara foi grandioso e deslumbrante. D. João V, para dar mais assombroso realce à cerimónia, mandou construir o palácio de Vendas Novas, que ainda hoje existe, com o único fim de dar pousada durante duas noites, uma à ida e outra à volta, à comitiva portuguesa e espanhola. Em 1746 faleceu Filipe V, e o príncipe das Astúrias subiu ao trono com o nome de Fernando VI, cingindo assim a princesa D. Maria Bárbara a coroa de rainha de Espanha.

A comitiva da princesa D. Maria Bárbara era composta por vários coches encomendados de   propósito   para   a cerimónia. Seguiam  ainda  185   carroças  e   6 mil soldados.

Muita gente   acorreu às   margens   do rio   para assistir,   na   medida  do possível, aos acontecimentos públicos das cerimónias.

Os casamentos tiveram lugar a 19 de janeiro de 1729.

Há 291 anos.

By : Setembro 27th, 2020 Tradições 0 Comments

As andorinhas são aves que apesar do seu pequeno porte fazem uma viagem de milhares de quilómetros para nidificar. Todos os anos, obedecendo a um instinto voam do Norte de África até Portugal e ficam até o final do Verão. Este pequeno animal voador é muito querido pelos portugueses porque elas são o prelúdio da primavera e do bom tempo. 

São aves associadas não só ao bom tempo, como ao lar. Devido a sua capacidade de criar a sua prole, os portugueses vêm neste pássaro um exemplo de tudo o que de melhor a natureza pode trazer. 

A paixão é tal que os portugueses penduram replicas de bandos de andorinhas nas paredes das suas casas como sinal de bonança. 

Esta ligação nacional a esta ave de asas negras, deve-se a Rafael Bordalo Pinheiro que, no final do século XIX produziu pequenas andorinhas em cerâmica na sua fábrica das Caldas da Rainha e que ele mesmo tinha desenhado. 

Foi ele que em 1891 pendurou andorinhas de cerâmica nos fios telefónicos que decoram a maravilhosa Tabacaria Mónaco, ainda hoje no Rossio em Lisboa (e alçando o olhar, no tecto, há também um bando delas pintadas a voar). Espalharam-se alegremente pelo país ao longo do século XX. Diz-se que as andorinhas são símbolos de amor e lealdade, mas também de lar e família, sentimentos estes que estão bem enraizados na cultura portuguesa. Após voos de longa distância à procura de climas mais amenos, as andorinhas constroem o seu ninho no mesmo sítio ano após ano. São também criaturas que, ao longo das suas vidas, têm um único parceiro.

Embebidas em tal significado, as andorinhas de cerâmica de Bordalo Pinheiro e outras representações desta ave são commumente trocadas entre pessoas enamoradas, realçando a conotação das mesmas com os sentimentos de amor, lealdade, lar e família.

São, também, significado de harmonia e felicidade nos lares onde estas se encontram penduradas.

By : Setembro 25th, 2020 Historias e lendas, Lugares e Monumentos 0 Comments

Independentemente da fé e das crenças próprias, não podemos falar de Portugal sem falar de Fátima.

Localizada a 130 km de Lisboa, Fátima, a “Cidade da Paz” é o mais importante santuário mariano em Portugal e um dos mais importantes do mundo.

Entre 1916 e 1917, numa época marcada pela guerra e pelos tumultos do início do século XX e pela Primeira Guerra Mundial, três crianças que estavam com o seu rebanho de ovelhas na “Cova da Iria”, testemunharam a aparição da Mãe de Deus e do Anjo. Desde o dia 13 de maio até outubro de 1917, as aparições marianas repetiram-se. Através dos três pastorinhos e da sua fé e dedicação à Virgem Maria, bem como da oração do rosário, foi transmitida ao mundo uma grande mensagem de paz.

Será Lúcia, a mais velha dos três filhos, que contará na suas memórias o que aconteceu naquela época.

Em 13 de maio de 1917, as crianças relataram ter visto uma mulher “mais brilhante que o sol, emitindo raios de luz mais claros e mais fortes do que uma taça de cristal cheia da água mais cintilante e perfurada pelos raios ardentes do sol”. A mulher vestia um branco manto debruado com ouro e segurava um rosário em sua mão. A história continua: “Não tenha medo, eu não quero te magoar”, disse a senhora; Lúcia, espantada, perguntou: “De onde você vem, senhora?”. “Venho do céu”, respondeu Ela, pedindo aos três pastorinhos que fossem àquele mesmo lugar no dia 13 de cada mês, durante seis meses consecutivos até outubro, recomendando também que rezassem o rosário para que terminasse a Primeira Guerra Mundial .

Jacinta contou à família sobre ter visto a mulher bem iluminada. Lúcia havia dito anteriormente que os três deveriam manter essa experiência privada. A incrédula mãe de Jacinta contou aos vizinhos como se for uma mentira e, um dia depois, toda a aldeia soube da visão das crianças.

A segunda aparição ocorreu em 13 de junho. Nesta ocasião a senhora revelou que o Francisco e a Jacinta seriam levados para o Céu brevemente, mas a Lúcia viveria mais para divulgar a sua mensagem e devoção ao Imaculado Coração de Maria.

No dia 13 de julho as crianças voltaram para a Cova d’Irìa: desta vez, cerca de cinco mil pessoas estavam reunidas lá, muitas das quais estavam ansiosas para rir das crianças; foi nesse encontro que a visão do inferno foi mostrada aos três pastorinhos, relatada literalmente nos escritos da Irmã Lúcia:

“Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo, que parecia subterrâneo. Imersos naquele fogo, os demônios e almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou de bronze, com forma humana que flutuava no fogo, carregados pelas chamas que saíam de si junto com nuvens de fumaça, caindo de todas as partes semelhantes ao cair das faíscas nas grandes fogueiras, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que causavam horror e faziam tremer de medo “

No dia 13 de agosto de 1917, o administrador provincial interveio, por acreditar que esses eventos foram politicamente disruptivos no país conservador. Ele levou as crianças sob custódia, prendendo-as antes que pudessem chegar à Cova da Iria. Ele interrogou e ameaçou as crianças para que divulgassem o conteúdo dos segredos. A mãe de Lúcia esperava que os funcionários pudessem persuadir as crianças a encerrar o caso e admitir que mentiram. Naquele mês, em vez da habitual aparição na Cova da Iria em 13 de agosto, as crianças relataram que viram a Virgem Maria em 19 de agosto, um domingo, na vizinha Valinhos.

Na ocasião, Nossa Senhora prometeu-lhes que o mês de outubro faria um milagre para confirmar a autenticidade das suas declarações.

Depois que alguns jornais noticiaram que a Virgem Maria havia prometido um milagre para a última de suas aparições em 13 de outubro, uma grande multidão, possivelmente entre 30.000 e 100.000, incluindo repórteres e fotógrafos, se reuniu na Cova da Iria. O que aconteceu então ficou conhecido como o “Milagre do Sol”.

Várias afirmações foram feitas sobre o que realmente aconteceu durante o evento. Segundo relatos, após um período de chuva, as nuvens escuras se dissiparam e o Sol apareceu como um disco opaco giratório no céu. Dizia-se que era significativamente mais opaco do que o normal e lançava luzes multicoloridas na paisagem, nas pessoas e nas nuvens ao redor. O Sol foi então relatado como tendo inclinado em direção à Terra antes de ziguezaguear de volta à sua posição normal. Testemunhas relataram que suas roupas molhadas ficaram “repentinamente e completamente secas, assim como o solo úmido e lamacento que antes estava encharcado por causa da chuva que caía”.

O que torna Fátima tão especial é o segredo e o poder da mensagem. A mensagem foi transmitida a três crianças pobres que estavam simplesmente com os seus rebanhos de ovelhas na Cova da Iria. Uma mensagem sobre paz, fé e consagração. É esta mensagem e este conforto que os peregrinos em Fátima procuram quando visitam o santuário.

Esta mensagem é concretizada no Santuário durante as procissões e manifestações religiosas pelos fiéis. Na Procissão das Luzes, que acontece de maio a outubro todos os meses, na noite de 12 para 13, a imagem de Nossa Senhora passa por milhares de velas e relembra aquelas aparições marianas dos três pastorinhos videntes em 1917.

By : Setembro 23rd, 2020 Historias e lendas 0 Comments

Muitos entre vocês provavelmente ja ouviram falar da musica portuguesa, património da humanidade: o Fado. Desta musica vamos com certeza descobrir mais num próximo artigo, ma hoje o meu post é dedicado a um quadro que acabou para ser a imagem mais representativa do fado, aquela que muitas vezes encontramos nas ruas de Lisboa em azulejos ou poster ou publicidades fora das casas de Fado. Estou a falar de um dos grandes quadros portugueses: O Fado de José Malhoa. 

Nascido a 28 de abril de 1855, José Malhoa foi um dos grandes pintores portugueses. Foi pioneiro do Naturalismo e a sua obra se destacou por estar mais próxima da corrente impressionista em Portugal. O quadro O Fado retrata, de forma brilhante, a alma deste género musical, um símbolo da cultura portuguesa.

São conhecidas duas versões de O Fado de José Malhoa. A primeira é de 1909 e a outra de 1910. Muito provavelmente da ideia até à conceição, José Malhoa passou por alguns momentos antes até chegar à obra que conhecemos. A história do quadro começou quando José Malhoa sentiu a vontade de retratar O Fado que começou a ter algum sucesso entre burgueses, intelectuais e aristocratas, apesar de ter estado, nessa época, muito associada à marginalidade, aos bairros populares e à população mais empobrecida.

O pintor primeiro contratou modelos profissionais para os primeiros esboços, mas não ficou satisfeito. Queria mesmo captar a verdadeira essência do fado e só iria consegui-lo com modelos reais. Vagueou por muito tempo pelos bairros de Alfama, Bairro Alto até encontrar o que queria no bairro da Mouraria onde, hoje em dia, orgulhosamente os seus moradores defendem ser o berço deste género musical. José Malhoa conheceu, desta forma, os dois modelos retratados no quadro. Ele era Amâncio Augusto Esteves, rufia, fadista e tocador de guitarra e ela era Adelaide da Facada, assim chamada, pois tinha uma grande cicatriz no lado esquerdo do rosto. Era, durante o dia, vendedora de cautelas e à noite, prostituta. O pintor deslocou-se à casa de Adelaide que se situava na Rua do Capelão para retratar mais fielmente possível o ambiente que observava, ambiente que depois recriou no seu atelier.

As pessoas do bairro primeiro, desconfiadas habituaram-se depois à presença do ‘’pintor fino’, como era assim chamado. Por diversas vezes, Malhoa teve de explicar à polícia sobre as razões da sua presença no bairro e passou a ir muitas vezes à prisão para ir buscar os seus dois modelos e poder continuar a fazer o seu trabalho. O ‘’pintor fino’’ teve que usar muita da sua paciência e capacidade de argumentação para estar de boas relações com Amâncio. A primeira ideia de Malhoa seria de pintar Adelaide despida, ou quase,  causando alguns ciúmes e ameaças por parte do marialva.

Apesar de todas estas situações caricatas, Malhoa completou a sua obra e mostrou-a não só às elites para saber da sua opinião, como também aos habitantes do bairro. A pintura foi muito mal recebida no início pela crítica, por retratar o lado menor do fado, a marginalidade. A obra, porém, passou a ser reconhecida no estrangeiro. Viajou por Buenos Aires (com o titulo Será verdade), onde ganhou uma medalha de ouro, Paris (chamada Sous le charme), Liverpool (com o nome de The native song) e São Francisco.

Em 1917 a versão de 1910 foi adquirida pela Câmara Municipal de Lisboa pelo valor de quatro mil escudos, tendo sido colocada no salão nobre dos Paços do Concelho onde permaneceu até ser integrado na exposição permanente do Museu da Cidade. Hoje em dia encontramo-la no Museu do Fado, empréstimo do Museu de Lisboa. A versão de 1909 encontra-se numa coleção privada.

A historia deste quadro foi também contada num fado, que aqui podem ouvir cantado pela voz de Amalia Rodrigues

https://youtu.be/MwY8NNMj8hg

By : Setembro 21st, 2020 Gastronomia 0 Comments

Em Portugal tudo envolve um café. Desde uma conversa séria a uma primeira saída a dois, passando por qualquer refeição, todos os encontros têm uma chávena de café no cenário, de tal forma que, muitas vezes, usamos a expressão “beber um café” como sinónimo de encontro. Se nos cruzamos com alguém, vamos beber um café, se não vimos alguém para muito tempo, temos de combinar um café, se combinamos ir sair com os amigos, encontramo-nos no café, e se um amigo está a ter um dia mau, anda, pago-te um café.

 

O Café foi introduzido pela primeira vez como uma mercadoria importante pelo rei João V na antiga colónia portuguesa do Brasil, fazendo do Brasil o maior produtor de café arábica do mundo, na época. Devido às suas relações históricas com o Brasil, Timor, Angola e São Tomé e Príncipe, todos países produtores de café, Portugal tem estado na vanguarda da indústria de café. Os primeiros cafés públicos foram inspirados nas tertúlias francesas e se tornaram locais privilegiados de convívio e partilha para artistas, políticos e escritores. Figuras como Fernando Pessoa, Bocage, José Régio ou Júlio Resende são facilmente associadas a cafés históricos, como, por exemplo, A Brasileira (Lisboa), o Café Nicola (Lisboa) ou o Café Majestic (Porto).

 

Como pedir café?

Para pedir um café expresso usualmente pedimos um café, mas em Lisbona temos que pedir uma bica  ou no Porto um cimbalino (em relação com a máquina do café Cimbali). Conta-se a história que, inicialmente, o sabor amargo do café não agradava aos portugueses e que, no café A Brasileira, depois do dono do café ter tentado tudo para introduzir essa bebida, até chegando a oferecer o café gratuitamente, conseguiu conquistar o paladar dos lisboetas servindo o café com o açúcar. Servida doce, essa bebida começou a ter êxito então teriam afixado um sinal foram do café a dizer  “Beba Isto Com Açúcar”  e seria esta a origem da expressão bica. Não há certeza e também há teoria de que a expressão estaria relacionada com a forma como o café passou a ser feito, remetendo para a máquina de café expresso, onde o café sai pelas bicas. 

Mas a tarefa de pedir café pode ser muito complicado em Portugal. Saber pedir o café certo requer algum conhecimento! Afinal, estamos a falar de uma verdadeira instituição nacional. Então vamos lá ver:

Café: Servido como um expresso italiano e a meia chávena. 

Bica: Sinónimo para café, mas usa-se em Lisboa 

Café numa chávena escaldada: Neste caso, servem-lhe com a chávena bem quente.

Café com gelo: Muito popular no verão. O café é acompanhado por um copo com várias pedras de gelo.

Café curto ou “uma italiana”: O café não chega a metade da chávena. Deste modo, o gosto do café é mais concentrado.

Café duplo: Ao contrário do curto, será servido com a chávena cheia, em dose dupla.

Abatanado: americano

Meia de leite: Servida numa chávena de chá, é café com leite.

Galão: Também um café com leite, mas servido num copo, logo com maior quantidade.

Carioca: É uma café mais fraquinho. Para fazê-lo, tira-se um café que é deitado fora, sendo servido ao cliente a segunda leva.

Garoto: O mais fraquinho, pois consiste em leite com uma pontinha de café. 

Pingado (ou pingo no norte): O oposto, ou seja, café e umas gotinhas de leite 

Café com cheirinho ou mata-bicho: É o café servido com um pouco de bagaço, uma aguardente portuguesa

Então, qual vai ser o teu café hoje?

By : Setembro 19th, 2020 Historias e lendas 0 Comments

Se lisboetas e portuenses são os nomes oficiais dos habitantes de Lisboa e do Porto, é como alfacinhas e tripeiros que eles são conhecidos.

Mas porquê é que os lisboetas são alfacinhas e os portuenses tripeiros?

As alfaces estão na origem de uns e as tripas na origem de outros e se a razão de serem tripeiros é clara, histórica e honrosa, parece que a dos alfacinhas é menos clara, apesar de igualmente histórica.

Uma das explicações diz que os lisboetas são alfacinhas porque, há muitos séculos, as colinas de Lisboa se enchiam desta planta que era usada para a culinária, para a medicina e também para a perfumaria. Terão sido os árabes a cultivá-la, quando ocuparam esta zona da Península Ibérica, no século 8 d.C.

A planta tinha, em árabe, o nome “Al-Hassa” que resultou na palavra “alface”, em português.

Outra teoria diz que foram os habitantes das zonas circundantes de Lisboa – a quem os lisboetas denominaram de “saloios” – que “devolveram” a alcunha aos lisboetas apelidando-os de “alfacinhas”, numa espécie de troca de galhardetes.

E porquê? Porque os lisboetas domingueiros, a partir do século 19, começaram a adotar o hábito de se passearem pela zona saloia, com laços farfalhudos da moda que mais pareciam alfaces ao pescoço.

Há ainda quem diga ainda que a alcunha “alfacinhas” se prende com o facto de os lisboetas não se movimentarem muito para além da sua cidade e se pareçam, por isso, com as alfaces, presas à terra…

A alcunha “tripeiros” tem uma origem não só honrosa como muito patriótica e que demonstra a dedicação da Invicta a causas que envolveram a dignidade e a independência de Portugal.

Na verdade, o epíteto nasceu de um grande espírito de sacrifício e de uma enorme firmeza de caráter do povo do Porto.

No século 15, o rei D. João I e o Infante D. Henrique organizaram em segredo a tomada de Ceuta (1415) e, embora ignorassem qual o destino de todos os preparativos e a razão da construção de tantas embarcações, no estaleiro de Miragaia, os habitantes do Porto uniram-se incondicionalmente para ajudar o Infante D. Henrique, nascido naquela cidade e responsável por todos todos aqueles preparativos.

E de tal forma se empenharam na ajuda a esta empreitada que fizeram um gigante sacrifício!

Forneceram toda a frota com as carnes que conseguiram arranjar, restando para os habitantes apenas as tripas com as quais se deviam alimentar. É motivo de honra e orgulho ter a denominação de “tripeiros”. 

As rivalidades entre os Tripeiros e os Alfacinhas já têm séculos de história..

Diz o ditado que “Santos da casa não fazem milagres” mas o casamenteiro Santo António sempre foi bem recebido nas ruas da capital. Os nortenhos, por sua vez, não dispensam festejar o São João, que pela sua fama de sedutor é conhecido como o menos confiável entre os santos.

Quando se fala em festas fala-se em diversão. E diversão é sinónimo de sair à rua… “Da Ribeira até à Foz” – já diz a canção, quem é do Porto gosta de sentir a noite junto ao Douro. Os “loucos de Lisboa” viram-se mais para o Tejo e cantam “estou bem, na boa, esta manhã em Lisboa”.

As rixas entre o norte e o sul já foram pintadas, cantadas, faladas e escritas… mas a maior de todas elas vive-se em campo. O verdadeiro patriotismo dos dias de hoje vê-se no futebol e nada melhor que assistir a um jogo dos eternos rivais Benfica e Porto, para perceber que as relações não melhoraram com o passar do tempo.

Discussões regionalistas à parte, há um ponto em comum entre lisboetas e portuenses: todas as discussões acabam num qualquer café de esquina a beber uma cerveja, pedindo no Porto um fino ou  em Lisboa uma imperial. E si no Porto, para pedir um café, falamos “cimbalino”, isso em Lisboa, é chinês. Aconselho a que peças uma “bica“. Já agora, o cimbalino também tem a ver com uma marca, Cimbali, de máquinas de café. E bica? Fica para a próxima historia. 

By : Setembro 17th, 2020 Reis e Rainhas 0 Comments

É o Rei conhecido pela epoca de esplendor, do barroco, pela construção do maravilhoso palácio e convento de Mafra, mas também pelas suas relações extraconjugais. E o que há de estranho num rei que tem amantes? Na aparência nada, aparte o facto que D João V tinha uma preferencia pela freiras…

E de todas as amantes, a mais famosa terá sido a madre Paula Silva, uma jovem morena, freira do Convento de Odivelas, para quem D. João V mandou construir aposentos sumptuosos, com tectos em talha dourada, onde era servida por nove criadas. Segundo o livro “Amantes dos Reis de Portugal”, as camas eram de dossel, forradas com lâmina de prata e rodeadas de veludos vermelhos e dourados, e os jarros onde urinava eram de prata.

Ao longo dos 10 anos que durou esta relação, o Rei deu-lhe um rendimento anual de 1708$000 réis, mas apenas podia ir para Odivelas ter relações com a freira quando o médico do paço o autorizava.

Em 1720, quando a madre Paula tinha 19 anos, deu à luz José, que era já o quarto filho bastardo do Monarca. 

O primeiro tinha nascido já após o casamento com D. Maria Ana de Áustria e era filho da sua primeira namorada, D. Filipa de Noronha, irmã do marquês de Cascais, seduzida quando D. João tinha apenas 15 anos e ela 22. Era dama da rainha Maria Sofia de Neuburgo, mãe do fogoso príncipe. Para a conquistar, D. João(zinho) serviu-se de meios loucamente insensatos, incluindo uma promessa de casamento. Galanteios e oferta de jóias fortaleceram o amor da dama, que acalentou a desculpável ilusão de vir a ser rainha de Portugal. Compreende-se a sua frustração ao saber das negociações com vista à união com a princesa Maria Ana de Áustria. 

Seguiram-se os três bastardos que ficaram conhecidos como os Meninos de Palhavã (por terem vivido num palácio nessa zona de Lisboa). Antes da madre Paula, nas suas primeiras visitas ao Convento de Odivelas, o Rei foi íntimo de uma freira francesa, que deu à luz D. António, e de outra religiosa portuguesa, mãe de D. Gaspar, que chegou a ser arcebispo de Braga. O Rei reconheceu estes seus três filhos ilegítimos numa declaração assinada em 1742.

Quando se cansou das visitas a Paula, D. João V passou a frequentar um palacete do século XVII que ainda existe em Lisboa, na esquina das ruas do Poço dos Negros e de São Bento. Morava ali D. Jorge de Menezes, senhor de propriedades no Algarve, mas o rei escolhia para lá ir os dias (ou as noites) em que sabia que ele não estava. Com quem ia avistar-se – furtivamente – era com D. Luísa Clara de Portugal, a mulher de D. Jorge. 

Mas, enquanto visitava Luísa Clara, D. João V galanteava também uma criada dela. E chegou até a nomear diplomata junto da Santa Sé, em Roma, um irmão da rapariga, sapateiro de ofício, o que foi uma grande loucura. 

E o previsível aconteceu: Luísa Clara engravidou durante uma das ausências do marido. Abatido, D. Jorge retirou-se para uma quinta de Sintra, onde viria a morrer. Quanto à rainha, ficou a ferver e tentou impedir – em vão – a entrada da rival nas festas do Paço. O fruto destes amores foi uma menina, mandada para o Convento de Santos.

Livre dos filhos e do marido, Luísa Clara ficou com tempo para tudo, inclusive para ser amante de um meio-irmão do rei, filho bastardo de Pedro II. Furioso, D. João V pensou em mandar castrar o atrevido parente, e só o confessor conseguiu aplacar-lhe a ira, evocando-lhe as penas do inferno.

D. João V envolveu-se ainda com uma cigana, Margarida do Monte, mas enviou-a para um convento, de forma a que deixasse de receber outros amantes.

A última amante de D. João V, quando este dobrara o cabo dos 50, seria a cantora de ópera italiana Petronilla Basilli. Para se manter à altura do desempenho lírico requerido, o rei começou a tomar afrodisíacos. E quando, dois anos depois, virou costas à Basilli, começou a murmurar-se que estava acabado. A verdade é que, na década final da vida, o Magnânimo se dedicou sobretudo aos gestos de beneficente que lhe justificaram o epíteto.

By : Setembro 15th, 2020 Gastronomia 0 Comments

É o rei do menu de qualquer restaurante de comida portuguesa, segundo a tradição existem 365 receitas diferentes mas os portugueses prometem que são mais de 1000. É a estrela dos jantares do Natal  e também do almoço do dia de Natal, onde os restos de bacalhau e legumes são misturados com ovos e fritos na frigideira, um interessante “reciclagem” do jantar anterior na tradicional “roupa velha”. 

Um verdadeiro prato nacional! Mas poucos sabem que na verdade o bacalhau pesca-se a milhares de quilómetros das águas de Portugal!

Mundialmente apreciado, a história do bacalhau é milenar. Existem registros de existirem fábricas para processamento do Bacalhau na Islândia e na Noruega no Século IX.  Os Vikings são considerados os pioneiros na descoberta do cod gadus morhua, espécie que era farta nos mares que navegavam. Como não tinham sal, apenas secavam o peixe ao ar livre, até que perdesse quase a quinta parte de seu peso e endurecesse como uma tábua de madeira, para ser consumido aos pedaços nas longas viagens que faziam pelos oceanos.

Mas deve-se aos bascos, povo  que habitava as duas vertentes dos Pirineus Ocidentais, do lado da Espanha e da França, o comércio do bacalhau. Os bascos conheciam o sal e existem registros de que já no ano 1000, realizavam o comércio do bacalhau curado, salgado e seco. O bacalhau foi uma revolução na alimentação, porque na época os alimentos estragavam pela precária conservação e tinham sua comercialização limitada ( a geladeira surgiu no século XX).  O método de salgar e secar o alimento, além de garantir a sua perfeita conservação, mantinha todos os nutrientes e apurava o paladar. A carne do bacalhau ainda facilitava a sua conservação salgada e seca, devido ao baixíssimo teor de gordura e à alta concentração de proteínas.

Um produto de tamanho valor sempre despertou o interesse comercial dos países com frotas pesqueiras. Em 1532, o controle da pesca do bacalhau na Islândia deflagrou um conflito entre ingleses e alemães conhecido como as “Guerras do Bacalhau”

Os portugueses descobriram o bacalhau no século XV, na época das grandes navegações. Precisavam de produtos que não fossem perecíveis, que suportassem as longas viagens, que levavam às vezes mais de 3 meses de travessia pelo Atlântico.

Fizeram tentativas com vários peixes da costa portuguesa, mas foram encontrar o peixe ideal perto do Pólo Norte. Foram de facto os portugueses os primeiros a ir pescar o bacalhau na Terra Nova ( Canadá ), que foi descoberta em 1497. Existem registros de que em 1508 o bacalhau correspondia a 10% do pescado comercializado em Portugal.

Já em 1596, no reinado de D. Manuel, se mandava cobrar o dízimo da pescaria da Terra Nova nos portos de Entre Douro e Minho. Também pescavam o bacalhau na costa da África.

O bacalhau foi imediatamente incorporado aos hábitos alimentares e é até hoje uma de suas principais tradições.

A Igreja Católica, na época da Idade Média, mantinha um rigoroso calendário onde os cristãos deveriam obedecer os dias de jejum, excluindo de sua dieta alimentar as carnes consideradas “quentes”. O bacalhau era uma comida “fria”  e seu consumo era incentivado pelos comerciantes nos dias de jejum. Com isso,  passou a ter forte identificação com a religiosidade e a cultura do povo português.

O bacalhau não escapou à máquina de propaganda do Estado Novo, que transformou as duras lides da pesca numa epopeia romanceada, nessa contradição de projetar o povo português enquanto povo valente.

O bacalhau é chamado de fiel amigo, pois está presente na vida de muitos portugueses em momentos importantes. Tal acontece, pois é um ingrediente fantástico que está na origem de diversas receitas, reivindicando para si o maior protagonismo.

Mas como preparar o bacalhau?

Depois de dessalgar a posta de bacalhau em água fria para três dias e  trocando a agua cada 5-8 horas, pode enfim ser cozido, grelhado, refogado, frito, assado no forno…Bacalhau a Brás (com batatas fritas e ovos na frigideira), Bacalhau a Gomez da Sá (cozido com ovo cozido e batatas cozidas e passado no forno), Bacalhau a Nata, (no forno misturado a batatas fritas e nata), Bacalhau a Minhota, (frito com cebolas)… e todas as receitas que a vossa imaginação sugere!

By : Setembro 13th, 2020 Lugares e Monumentos 0 Comments

A Rota do Românico é um percurso turístico e cultural que nos leva no norte de Portugal a descoberta dum património inesquecível. 

Composta por mais de 27 programas, com durações que podem ir de 1 a 5 dias, a rota leva-nos a percorrer lugares e monumentos com história e traz-nos memórias do estilo românico. Três regiões, três percursos para descobrir cerca de 60 monumentos e construções românicas em Portugal.

À DESCOBERTA DO DOURO ROMÂNICO: 14 monumentos, entre elos se destaca a Igreja de São Martinho de Mouros, em Resende,

PELO VALE DO TÂMEGA: um percurso por paisagens inesquecíveis e por mais de 25 monumentos. Esta rota inicia-se na Igreja de São Pedro de Abragão e termina na Igreja Salvador de Fervença, passando por Amarante, Celorico de Basto, Marco de Canaveses e por Penafiel.

OS ENCANTOS DO VALE DO SOUSA: neste percurso, composto por 16 monumentos espalhados por Felgueiras, Lousada, Penafiel, Paredes e Paços de Ferreira, destaca-se o Mosteiro do Salvador Paço de Sousa. É uma das construções mais simbólicas e carismáticas do estilo românico no Norte do país. Foi cabeça de um couto doado pelo Conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, e tornou-se num dos mosteiros beneditinos mais célebres.

O estilo Românico chega a Portugal no final do século XI, durante o reinado de D. Afonso Henriques, como consequência da europeização da cultura. O termo “românico” deriva, desta forma, das influências do Império Romano, que dominou a Europa Ocidental durante séculos.

Com o aparecimento da cultura românica, foram várias as obras que tiveram início nos mais diversos locais do país, nomeadamente o Mosteiro de Santa Cruz e as Sés de Coimbra, Lisboa e Porto. Sendo este estilo predominantemente religioso, grande parte destas obras foram solicitadas por bispos e abades dos principais mosteiros e dioceses nacionais – Braga, Coimbra, Porto, Lamego, Viseu, Lisboa e Évora.

Alguns dos elementos mais característicos do estilo românico, e que grande parte das construções acabaram por incorporar, foram os aspetos mais teatrais, os espaços mais amplos e sem barreiras visuais – tirando as zonas de culto -, as plantas longitudinais – em formato de cruz -, as abóbadas de berço, as poucas janelas, arcos de arquivolta, esculturas, vitrais, tapeçarias e pinturas inspiradas na religião católica – onde era utilizada a técnica do afresco, com cores vivas e fortes. Estes últimos elementos eram muito importantes porque, na Idade Média, poucos sabiam ler e escrever e, assim, estas pinturas serviam de “alfabetização religiosa”.

A escultura românica era utilizada, sobretudo, para adornar os locais sagrados. Por isso, o principal foco era a religião. As esculturas apresentavam formas pouco naturalistas e normalmente representadas por figuras entalhadas nas paredes das igrejas.

Podemos encontrar as marcas desta cultura um pouco por todo o país, seja ao nível da arquitetura como da pintura e escultura, principalmente nas zonas norte e centro.

Uma maneira diferente de visitar Portugal, uma viagem no tempo que está esperando por si

By : Setembro 11th, 2020 Tradições 0 Comments

Hoje vamos falar de um instrumento tipicamente português que teve grande difusão em muitos países como as Hawai e o Brasil: o cavaquinho.
Parecido a uma guitarra mas de pequenas dimensões, com quatro cordas, este instrumento é muito usado na musica popular e ligada ao folklore.

 Existem atualmente em Portugal continental dois tipos de cavaquinhos, que correspondem a outras tantas áreas: o tipo minhoto e o tipo de Lisboa.

É sem dúvida fundamentalmente no Minho que o cavaquinho aparece hoje como uma espécie tipicamente popular, ligada às formas essenciais da música característica desta província.

O cavaquinho é um dos instrumentos favoritos e mais populares das rusgas minhotas partilhando com elas, e com o género musical que lhe é próprio, um carácter lúdico e festivo do qual se excluem outros usos cerimoniais ou austeros. Usando-se sozinho, com função harmónica e para acompanhamento do canto, o cavaquinho aparece frequentemente acompanhado pela viola ou outros instrumentos – para além de alguns instrumentos a percussão  como o tambor.

As dimensões do instrumento diferem pouco de caso para caso, não excedendo os 52 cm de comprimento total num exemplar comum. A altura da caixa é o elemento menos constante – com 5 cm na generalidade dos casos -, embora apareçam com frequência cavaquinhos muito baixos, que têm um som mais gritante. 

O cavaquinho existe também nas ilhas portuguesas e em outros países que tiveram contacto com Portugal em momentos diferentes da sua historia.

Relativamente à sua expansão geo cultural, o cavaquinho parece constituir uma espécie fixada entre nós primordialmente no Minho, de onde irradiou para outras regiões – Coimbra, Lisboa, Algarve, Madeira, Açores, Cabo Verde e Brasil.

Desse modo, o cavaquinho ter-se-á difundido na Madeira por mão do emigrante minhoto. Longe do seu foco de origem e da sua tradição mais castiça, ele modifica a sua forma por influência e associação a outras espécies ali existentes, conservando o seu carácter popular mas adquirindo um novo status mais elevado na cidade do Funchal.

Será assim que ele regressa ao Continente, Algarve e Lisboa, em mãos de gentes dessas áreas que o conhecem ali apenas sob esse aspecto. O mesmo poderá ter acontecido com o Brasil; embora aí seja também de admitir o estabelecimento de relações diretas entre a Madeira e esse país.

O cavaquinho no Brasil, figura em todos os conjuntos regionais de choros, emboladas, bailes pastoris, sambas, ranchos, chulas, etc., com carácter popular mas urbano.

O cavaquinho existe também em Cabo Verde, num formato maior do que o do seu congenere português ligado às formas tradicionais da música local.

Nas ilhas do Hawai existe um instrumento igual ao cavaquinho – o «ukulele» – que parece ter sido para ali levado pelos emigrantes portugueses em 1879. Tal como o nosso cavaquinho, o «ukulele» havaiano tem quatro cordas e a mesma forma geral.  

A navegação portuguesa também levou o cavaquinho para a Indonésia. A sua adaptação local ganhou o nome de kroncong, nome também dado a um estilo musical com influências do fado e criado no século XVI. 

E agora que conhecem mais da historia deste instrumento, está na hora de aproveitar da sua musica!

https://youtu.be/cpwqJFhy-uk