Sitios de arte rupestre do Vale do Côa: patrimonio mundial da humanidade

By : Agosto 30th, 2020 Lugares e Monumentos 0 Comments

Nas montanhas do nordeste de Portugal, região de extensos olivais, onde no início da primavera (Fevereiro e Março) florescem amendoeiras e no outono (Setembro e Outubro) as vinhas se cobrem de folhas cor de fogo, corre para o rio Douro um afluente cujo nome se tornou universal. Milénio após milénio, as rochas de xisto que delimitam o leito do Côa foram-se convertendo em painéis de arte, com milhares de gravuras legadas pelo impulso criador dos nossos antepassados.

Remontando ao Paleolítico Superior, estes painéis ao ar livre e os habitat identificados são testemunhos da vitalidade e mestria que trouxeram até nós 25.000 anos de arte. Esta extensa galeria de arte oferece-nos também registos do período Neolítico e da Idade do Ferro, transpondo depois de um só fôlego dois mil anos de História para firmar na Época Moderna representações religiosas, nomes e datas, para além da arte ingénua dos moleiros nos anos quarenta e cinquenta do século passado.

Há muito conhecidas pelas pessoas da região, sobretudo os pastores ou os moleiros que trabalhavam nas margens do rio na zona da Canada do Inferno, as gravuras do Vale do Côa, foram identificadas pela primeira vez em 1991, pelo arqueólogo Nelson Rebanda, que acompanhava a construção da barragem do Côa. Tornada pública em 1994, a descoberta provocou grande discussão pois a construção da barragem provocaria a submersão daquela área.

Tendo em conta a opinião dos especialistas acerca da importância artística e científica das gravuras do Côa, o governo português decide abandonar a construção da barragem em 1996. Foi então criado o Parque Arqueológico do Vale do Côa, a fim de proteger e divulgar a riqueza artística e arqueológica do local.

Em 1998, a UNESCO classificou os núcleos de gravuras rupestres como Património Mundial, dando a conhecer ao Mundo este tesouro da Humanidade, em território português. As gravuras rupestres do Côa vieram mudar o paradigma da mais antiga expressão artística da Humanidade que, até então, se pensava estar circunscrita a grutas subterrâneas. Depois da sua identificação, em meados da última década do século XX, colocou-se a hipótese de a arte rupestre ao ar livre ter sido mais comum. Só que, devido aos diversos agentes erosivos naturais e a própria atividade humana ao longo dos milénios, os seus vestígios terão sido apagados. Daí a preservação dos sítios arqueológicos do Vale do Côa ser tão importante.

Apesar de existirem mais de 80 sítios com arte rupestre, distribuídos numa extensão de cerca de 30 kms na margem do rio Côa e cerca de 15 kms ao longo do rio Douro, estão abertos ao público apenas três núcleos de gravuras: Canada do Inferno (o primeiro local a ser identificado), Penascosa e Ribeira de Priscos.A grande maioria dos motivos rupestres localiza-se em rochas de xisto, mas também podemos encontrar gravuras e pinturas sobre granito. As técnicas utilizadas para a gravação eram comuns na altura, semelhantes a técnicas identificadas em gravuras encontradas em Espanha e França, como a incisão filiforme, picotagem, abrasão e raspagem. Quanto às temáticas representadas, os animais são as figuras mais comuns – cavalos, vacas, cabras e veados -, representados isolados ou em grupo.

https://arte-coa.pt 

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