D. Afonso Henriques era filho dos condes D. Henrique – segundo filho de Henrique, duque de Borgonha – e de D. Teresa, filha bastarda do rei de Leão e Castela, Afonso VI. Nasceu em 1109, provavelmente em Viseu, pois é nesta cidade beirã que, por essa altura, se pode determinar historicamente a presença de sua mãe, a infanta D. Teresa, atendendo à reconstituição do seu itinerário com base nas fontes documentais da época. O futuro rei foi educado no Entre Douro e Minho, em terras de seu aio, possivelmente D. Egas Moniz de Ribadouro. Órfão de pai em 1112, portanto com 3 anos, certamente não pôde guardar dele outras recordações que não as memórias relatadas pelos seus educadores. O casamento posterior da mãe com o magnata galego Fernão Peres de Trava, e a tentativa, por parte da nova corte de D. Teresa, de atrair o território português de regresso à órbita galega, são factores que teriam certamente contribuído para afastar o infante do convívio de sua mãe.
D. Afonso Henriques derrotara na batalha de São Mamede, em 1128, perto de Guimarães as forças antipatrióticas encabeçadas pelo amante de sua mãe, Fernão Peres de Trava, inaugurando a primeira de quatro dinastias de reis de Portugal, símbolos da nação até ao princípio do século XX. Curiosamente, sabe-se hoje que a propaganda nacionalista do século XX transformou o marido em amante para diminuir a figura do conde galego.
Foi então que, a 25 de Julho de 1139, obteve contra o Islão a mais emblemática das suas vitórias, na batalha de Ourique, mitificada pela historiografia posterior em elaborada lenda.
Em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para a Península Ibérica. A armada chegou à cidade do Porto a 16 de junho, sendo convencidos pelo bispo do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte nessa operação militar. Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.
O Cerco de Lisboa teve início a 1 de julho de 1147 e durou até 21 de outubro, culminando na conquista desta cidade aos mouros com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Médio Oriente, mais propriamente para a Terra Santa. Foi o único sucesso da Segunda Cruzada.
As forças portuguesas avançaram por terra, as dos cruzados por mar, penetrando na foz do rio Tejo; em junho desse mesmo ano, ambas as forças estavam reunidas, ferindo-se as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa. Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o a Leste, foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil.
Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As semanas se passavam em surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projéteis sobre os defensores, o número de mortos e feridos aumentando de parte a parte.
No início de outubro abriram uma brecha por onde os sitiantes se lançaram. Na iminência de um assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 20 de outubro.
Mas como muitas vezes acontece, nessa parte da historia, uma lenda tomou o lugar da realidade: a lenda conta que D. Afonso Henriques tinha posto cerco à cidade de Lisboa, ajudado pelos muitos cruzados que por ali passaram a caminho da Terra Santa.
Numa das tentativas de assalto a uma das portas da cidade, um cavaleiro do seu exercito, Martim Moniz, enfrentou os mouros e conseguiu manter a porta aberta. O seu corpo ficou atravessado entre os dois batentes e permitiu que os cristãos entrassem na cidade.
Gravemente ferido, Martim Moniz entrou na cidade com os seus companheiros e fez ainda algumas vítimas entre os inimigos, antes de cair morto.
D. Afonso Henriques quis honrar a sua valentia e sacrifício, pelo que ordenou que aquela entrada passasse a ter o nome de Martim Moniz.