A Basilica de Estrela: historia de uma promessa real.
A historia que conto hoje é a historia de uma das igrejas mais bonitas de Lisboa e talvez uma das menos visitadas. Mas é também a historia de uma rainha e de uma promessa.
A Basílica da Estrela, ou Real Basílica e Convento do Santíssimo Coração de Jesus, é um templo católico e antigo convento de freiras carmelitas. Esta vasta igreja, encimada por uma cúpula, ergue-se no alto de uma colina na zona oeste da cidade, sendo um dos marcos da zona da Lapa.
A Basílica de estrela nasceu da devoção de D Maria I, filha de D José I (rei conhecido por ter reinado na época do terrível terremoto de Lisboa do 1755) ao culto do Sagrado Coração de Jesus. Em 1760 quando D. Maria I, ainda princesa, casou com o tio o infante D Pedro (futuro D Pedro III), fez um voto ao Santíssimo Coração de lhe erguer uma igreja e convento para as religiosas da Regra de Santa Teresa, pedindo o nascimento de um filho varão para ele um dia herdar o trono. D. Pedro contribui para a causa, cedendo os terrenos do Casal da Estrela, na parte Occidental de Lisboa. No entanto, desde logo se depararam uma serie de obstáculos à devota princesa, apenas ultrapassados aquando da sua subida ao trono: dificuldades técnicas e económicas (estava em curso a reconstrução da capital após o terremoto, para a qual o Marques de Pombal havia disponibilizado todos os meios), bem como “religiosas” ja que o culto ao Sagrado Coração alem de polemico não era aceite pela ortodoxia católica, porque “revalorizava a natureza humana de Cristo sobre a divina” o que implicava uma mudança quase radical na mentalidade e modo de encarar os dogmas da Igreja da época. De facto, só o papa Pio VI, no final do século XVIII o aprovará.
O desejo de D Maria foi satisfeito e a construção do templo foi iniciada em 1779. Infelizmente, entretanto, o menino, baptizado como D. José, veio a falecer vítima de varíola, dois anos antes do término da construção, em 1790. D Maria decidiu avançar na mesma com a sua promessa e concluiu a construção da igreja.
O projeto ficou a cargo de arquitectos da Escola de Mafra. O templo apresenta características do estilo barroco final e do neoclássico.
A fachada é ladeada por duas torres gémeas e decorada ao centro com um relevo representando o Sagrado Coração de Jesus com estátuas de santos (Santo Elias, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz e Santa Maria Madalena de Pazzi) e figuras alegóricas (Fé, Devoção, Gratidão e Liberalidade), da autoria de Joaquim Machado de Castro e dos seus pupilos.
O amplo interior, de mármore cinzento, rosa e amarelo, iluminado por aberturas na cúpula, infunde respeitoso temor. Várias pinturas de Pompeo Batoni adornam o seu interior. O túmulo estilo império, de D. Maria I, que faleceu no Brasil, está no transepto direito. Encerrado numa sala ali perto, existe um extraordinário presépio de Machado de Castro, formado por mais de 500 figuras de cortiça e terracota.
Curiosidades
A Basílica da Estrela foi a primeira igreja no mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
A rainha D. Maria I é a única monarca portuguesa da dinastia de Bragança (excepção feita ao rei D. Pedro IV de Portugal, imperador do Brasil, que se encontra sepultado na cidade de São Paulo) que não se encontra no Panteão da Dinastia de Bragança, mas sim na Basílica da Estrela, que ela mesma mandou erguer.