Era uma vez três rios que nasceram em Espanha. Chamavam-se Douro, Tejo e Guadiana. Estavam um dia a contemplar as nuvens e perguntaram-lhes donde vinham.
– Do mar – responderam elas. – É o nosso pai e o nosso avô.
– Onde fica o mar? – perguntaram os rios.
– Lá longe, em Portugal – responderam as nuvens.
– É grande?
– É, é muito grande.
– Havemos de ir ver o mar.
E combinaram que no dia seguinte iriam os três ver o mar. Assim fizeram.
O Guadiana acordou primeiro e lá foi calmamente, contemplando os montes e as belezas que o espreitavam, e escolhendo os caminhos por onde passava, ao chegar a Vila Real de Santo António parou maravilhado. O segundo foi o Tejo. Quando acordou já o sol ia alto. Começou a andar depressa, quase não escolhendo caminho, mas, quando entrou em Portugal, pensou lá consigo que já deveria ter muito avanço e lembrou-se de gozar as campinas e os montes, espreguiçando-se nas margens planas, antes de se lançar nos braços do avô. O Douro, quando acordou e se viu só, nem esfregou os olhos. Partiu à pressa por desfiladeiros e precipícios, não escolhendo caminho, nem pensando em gozar a natureza.
Assim foi ele que, muito sujo e enlameado, chegou em primeiro lugar.
Decidi começar o nosso Blog assim, com uma historia que as crianças aprendem para explicar porque os três rios principais de Portugal têm características geográficas tão diferentes. Portugal é um pais com mil rostos diferentes, com muitas almas, onde há sempre uma surpresa a nossa espera. E este é o pais que quero contar, um pais que amo e onde encontrei a minha casa. E talvez um dia, numa viagem juntos, vos explicarei porque Portugal tem um lugar tão especial no meu coração.